O Espírito Santo alcançou a nota 4,5 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do ensino médio, ficando em 3º lugar no Brasil, considerando escolas públicas e particulares. Os dados atuais foram divulgados na manhã desta sexta-feira (16) pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e apurados em 2021.
Na divulgação do Ideb em 2020, com dados apurados em 2019, o Espírito Santo conquistou o primeiro lugar no país, com uma nota de 4,8. Ocorre que a última avaliação foi realizada durante o período pandêmico (2021), o que compromete a comparação com anos anteriores da avaliação.
"A comparação entre os resultados deve ser evitada", afirma Maria Helena Guimarães de Castro, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE).
Nas séries finais do ensino fundamental, que vão do 6º ao 9º ano, o Espírito Santo alcançou a nota 5, ficando na 12ª colocação entre os demais estados brasileiros.
O Espírito Santo conquistou a 7ª colocação entre os Estados com a nota do Ideb das séries iniciais, que vão do 1º ao 5º ano, com nota 6.
A professora doutora em Educação, Cleonara Schwartz, destaca que a falta de acesso à ferramentas tecnológicas afetou, sobretudo, a parcela da população que não tinha acesso a ferramentas tecnológicas dentro de casa ou que esse acesso demorou mais tempo para ser feito.
“Os adolescentes e jovens tiveram que lidar sozinhos com o ensino, mudando a rotina de estudo de uma hora para a outra. Nem todas as famílias estavam preparadas para essa mudança e nem mesmo tinham a oportunidade de ter um ambiente de estudo adequado em casa”, disse a Cleonara.
A professora explica ainda que, em dois anos de pandemia, as fragilidades dos estudantes foram passadas de um ano sem alcançarem o rendimento escolar necessário.
“Essa aprovação sem o aluno ter adquirido o conhecimento necessário, contribuiu para aumentar as fragilidades da educação. Além disso, tivemos muitas baixas, estudantes que estudaram, que saíram da escola”, salienta.
Apesar da queda no ranking, a especialista avalia que o Espírito Santo ainda conseguiu se manter em destaque nacional com a terceira colocação.
“Agora, sabemos que os problemas ocasionados pela pandemia não serão superados em um ano. Vão demorar. Para se resolverem, a Secretaria Estadual de Educação (Sedu), vai precisar lançar programas de apoio e suporte pedagógico, inclusive em parceria com as famílias. Os estudantes vão precisar ter uma jornada de estudo com um super diferencial para reparar essa perda educacional”, comentou.
O Inep aplicou o Saeb 2021 entre 8 de novembro e 10 de dezembro. Participaram as escolas públicas (com mais de 10 alunos) de 5º e 9º ano do ensino fundamental e de 3ª e 4ª série do ensino médio. Elas foram avaliadas em língua portuguesa e matemática. Essas mesmas etapas tiveram avaliação em formato amostral nas escolas privadas.
Também foram aplicadas provas de língua portuguesa e matemática para o 2º ano do ensino fundamental em uma amostra de escolas públicas e particulares. O Saeb avaliou, ainda, de forma amostral, as áreas de ciências humanas e ciências da natureza no 9º ano do ensino fundamental, em escolas públicas e particulares.
Nesta edição, a avaliação da educação infantil, que ocorreu em caráter piloto em 2019, foi amostral, por meio de questionários aplicados aos secretários municipais de Educação, diretores e professores dessa etapa.
De acordo com o Inep, embora o cálculo do indicador de 2021 siga a mesma metodologia proposta em 2007, os efeitos da pandemia precisam ser levados em conta nas interpretações dos dados, já que tiveram impacto nas atividades escolares em 2020 e 2021.
Um exemplo foi o crescimento das taxas de aprovação da rede pública entre 2020 e 2021, quando comparadas com o período pré-pandemia (2019). No ensino fundamental o percentual de aprovados no público, que passou de 91,7%, em 2019, aumentou para 98,4%, no primeiro ano da pandemia (2020). Em 2021, a taxa caiu para 96,3% (ainda 4,6 pontos percentuais acima do registrado em 2019).
Já no ensino médio público, a aprovação passou de 84,7%, em 2019, para 94,4% em 2020. O percentual foi reduzido para 89,8% em 2021.
Segundo o Inep, o aumento das taxas de aprovação está, provavelmente, relacionado a ajustes nos critérios de aprovação e à adoção do continuum curricular, já que essas estratégias foram recomendadas e adotadas por parte das escolas. Parte das redes de ensino, por exemplo, adotou a aprovação automática na pandemia, o que poderá refletir em Ideb com notas mais altas.
Outro ponto é que a porcentagem de alunos que fizeram a avaliação (Saeb) foi mais baixa em alguns estados, fornecendo dados pouco confiáveis.
Em uma escala de 1 a 10, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) cruza duas informações:
>> Taxa de aprovação/fluxo escolar (a porcentagem de alunos que não repetiram de ano em uma escola ou rede de ensino);
>> Notas do Saeb, uma prova de português e de matemática feita por alunos do 2º, 5º e 9º ano do ensino fundamental e por estudantes do 3º do ensino médio. No caso do 9º ano, para uma amostra específica, houve também questões de ciências da natureza e ciências humanas.
Só que, neste ano, esses dois “ingredientes” foram comprometidos, porque:
>> Parte das redes de ensino adotou a aprovação automática na pandemia (e terá, portanto, um Ideb artificialmente mais alto).
>> Pela primeira vez, também por causa da Covid-19, a porcentagem de alunos que fizeram a avaliação (Saeb) foi muito mais baixa em alguns estados, fornecendo dados estatisticamente pouco confiáveis. Comparações e rankings não serão fiéis à realidade.
O Espírito Santo conquistou a 7ª colocação entre os Estados com a nota do Ideb das séries iniciais, que vão do 1º ao 5º ano — e não a sexta posição, como foi publicado inicialmente. O texto foi corrigido.
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