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Estudo mostra queda na velocidade de transmissão do coronavírus no ES

Estudo mostra queda na velocidade de transmissão do coronavírus no ES

Pesquisa usou número de óbitos e internações em quatro municípios da Grande Vitória para fazer o cálculo. Especialistas apontam medidas de isolamento social como principal motivo para a redução

Publicado em 9 de maio de 2020 às 17:06

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Clientes com máscara na fila do banco no bairro Glória, em Vila Velha. O Governo do Estado determinou o usar máscara de proteção contra o coronavírus
Clientes com máscara na fila do banco no bairro Glória, em Vila Velha. O Governo do Estado determinou o usar máscara de proteção contra o coronavírus. (Carlos Alberto Silva)

Um estudo realizado por professores do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) mostra que a velocidade de transmissão do novo coronavírus tem caído na Grande Vitória. A taxa de transmissibilidade saiu de 2,1, no início da pandemia, para 1,6. Pesquisadores apontam que a queda se deu, sobretudo, devido às medidas de isolamento adotadas pelo Estado.

Essa redução, contudo, não significa que a pandemia esteja recuando no Estado. Enquanto a taxa for maior que 1, a doença continuará a se expandir.

A pesquisa é liderada pelo professor Etereldes Gonçalves e analisa a velocidade de transmissão do vírus em quatro cidades da Grande Vitória: Serra, Cariacica, Vila Velha e Vitória.  Os resultados são semanais e mostram como a taxa de transmissibilidade do novo coronavírus se comportou durante um período de 7 semanas.

Estudo aponta queda da velocidade de transmissão do vírus na Grande Vitória
Estudo aponta queda da velocidade de transmissão do vírus na Grande Vitória. (Reprodução/Ufes)

Essa taxa é chamada de Rt e o valor dela indica quantas pessoas um pacientes com Covid-19 pode infectar em média. Na primeira semana da pesquisa, realizada no dia 21 de março, esse número era de 2,19, ou seja, cada 10 pessoas infectadas transmitiam o vírus para outras 21. Esse valor chegou a variar durante um mês, atingindo na última semana o menor patamar até então, 1,64. Ou seja, 10 pessoas transmitindo para 16.

"A velocidade de crescimento da curva de transmissão diminuiu durante este período, provavelmente por causa das medidas de isolamento que foram adotadas. É uma queda expressiva, até porque essa taxa acima de 2, que foi registrada no início da pandemia aqui no Estado, é altamente perigosa. Se ela tivesse se mantido, teríamos uma situação dramática", comentou o professor Etereldes Gonçalves. 

No Brasil, atualmente, segundo estudo publicado pelo Imperial College, essa taxa é de 2,8, um número considerado alto e preocupante pelas organizações de saúde. 

O CÁLCULO

O estudo realizado pelos pesquisadores da Ufes usou dados disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde. A metodologia é similar a dos estudos divulgados pelo Imperial College London, uma instituição britânica de pesquisa que tem analisado dados sobre o novo coronavírus em todo o mundo. 

Contudo, diferente da Europa, onde os dados utilizados para calcular a taxa de transmissibilidade são referentes ao número de infectados, no Brasil o cálculo é feito em cima dos óbitos e das pessoas hospitalizadas. 

“No Brasil estamos testando pouco. Utilizar o número de pessoas infectadas para realizar este cálculo não seria confiável. Por isso, desenvolvemos a metodologia aqui usando o número de hospitalizados e mortos, que fica mais fiel a nossa realidade”, explica Etereldes.

TAXA PODE INFLUENCIAR EM DECISÕES

Na Europa, as taxas de transmissibilidade têm sido utilizadas para guiar países na reabertura de comércios e outras atividades. “Esta variável se tornou uma das principais para processos de tomada de decisão na Europa. Quando o índice fica abaixo de 1.0, existe uma sinalização positiva para medidas de abertura de comércios, por exemplo”, explica Etereldes.

O professor alerta, contudo, que as taxas podem voltar a subir após medidas de flexibilização. Por isso, é importante acompanhar a evolução da curva e analisar outras variáveis no processo de tomada de decisão.

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Isso aconteceu na Alemanha. Eles atingiram uma taxa de 0.98 e resolveram abrir o comércio. A taxa subiu e ficou acima de 1 novamente. É preciso entender que medidas de isolamento são importantes e devem ser mantidas mesmo com flexibilização de atividades, caso contrário, a interação pode provocar um aumento da taxa

Etereldes Gonçalves
Professor do Departamento de Matemática e líder do estudo
Aspas de citação

O estudo da Ufes analisa dados semanalmente, mas já planeja obter resultados diários. As informações desta pesquisa foram encaminhadas para o governo estadual. Segundo a assessoria, todos os estudos recebidos pelo governador Renato Casagrande são levados em conta para tomar decisões referente ao retorno de atividades no Estado. 

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