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Estudo no ES revela que meia dose da Astrazeneca produz anticorpos

Estudo no ES revela que meia dose da Astrazeneca produz anticorpos

Resultado dos primeiros testes aponta que as duas meias doses aplicadas em voluntários no projeto Viana Vacina estimulam a proteção contra a Covid-19 de modo similar à dose padrão

Publicado em 4 de outubro de 2021 às 21:13

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Valéria Valim, entre integrantes da Opas, durante ação do projeto Viana Vacinada
Valéria Valim, entre integrantes da Opas, durante ação do projeto Viana Vacinada. (Acervo pessoal)

O estudo nacional que está sendo desenvolvido no Espírito Santo, denominado Viana Vacinada, apresentou um resultado preliminar bastante animador para os pesquisadores: as duas meias doses da Astrazeneca aplicadas nos voluntários produziram anticorpos contra a Covid-19 de modo semelhante à dose padrão. Outras análises estão sendo feitas para avaliar também a efetividade da dose reduzida (ajustada) no controle de casos da doença. 

A pesquisa envolve 20 mil voluntários de 18 a 49 anos que receberam as meias doses num intervalo de oito semanas, em junho e em agosto, no município de Viana. Logo após a primeira meia dose, o governo do Estado, que contribui com o financiamento do estudo, apontou que 88,3% dos vacinados tinham desenvolvido anticorpos. Agora, o resultado apresentado refere-se às duas aplicações que, conforme as análises, foram capazes de desenvolver a proteção em 99,8% dos participantes.

Após um esquema de imunização completo com duas doses, espera-se que a pessoa esteja protegida 14 dias depois da D2. Apesar do curto tempo de quatro semanas,  a incidência de casos novos de Covid-19 foi semelhante no grupo que recebeu meia dose e dose padrão, segundo apontou Valéria Valim, coordenadora do estudo. 

Estudo no ES revela que meia dose da Astrazeneca produz anticorpos

Médica e pesquisadora, ela disse que novas etapas ainda serão cumpridas na pesquisa, porém os resultados preliminares já são um importante indicativo para as estratégias de enfrentamento à Covid-19. A conclusão será apresentada em dezembro e Valéria Valim observou que, se confirmados os dados, os gestores públicos poderão adotar a meia dose, por exemplo, para  alcançar a imunização da população de maneira mais rápida. 

Valéria Valim contou que a pesquisa já chamou a atenção de cientistas pelo mundo. Recentemente, o estudo foi apresentado em um encontro na Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, que discutiu o uso de doses fracionadas de diversas vacinas, e o projeto Viana Vacinada se destacou pelo fato de já estar bastante avançado, com resultados preliminares positivos e expressivo número de participantes. 

Aspas de citação

Se os resultados produzirem uma evidência científica, poderão embasar a tomada de decisão pelos governos e pela OMS para um esquema de vacinação em massa com duas meias doses. Em situações de epidemia e escassez de vacina, estudos como esse são de grande relevância

Valéria Valim
Médica e coordenadora da pesquisa
Aspas de citação

Os resultados preliminares foram apresentados ao Ministério da Saúde na última sexta-feira (1), demonstrando que a meia dose da Astrazeneca consegue induzir anticorpos neutralizantes (protetores) contra a proteína spike - associada à capacidade de entrada do Sars-Cov-2  (coronavírus) nas células humanas.  

EFEITOS COLATERAIS

Segundo Valéria Valim, os efeitos colaterais observados foram leves, e a frequência geral foi semelhante com meia dose ou dose padrão. No entanto, a duração dos eventos adversos foi menor no grupo que recebeu a dose ajustada. 

Ainda estão em andamento outros testes imunológicos, como a pesquisa de anticorpos neutralizantes por reação em placa (PRNT),  de imunidade celular, biomarcadores, análise exploratória dos subgrupos por extratos de idade e níveis de anticorpos antes da vacina e incidência de casos novos. Estes poderão comprovar a efetividade da meia dose, se for demonstrado o controle das infecções pelo coronavírus. 

O estudo também revelou que, entre as pessoas que já haviam sido infectadas pelo coronavírus, uma dose da vacina se mostrou suficiente para a produção de anticorpos. Valéria Valim reforçou, no entanto, que o resultado é preliminar e que, no momento, toda a população apta a se vacinar deve seguir a recomendação de tomar duas doses para completar o esquema de imunização. 

Em dezembro, o resultado da pesquisa será apresentado em um congresso de infectologia. Os dados também serão submetidos a uma revista científica para avaliação por pares - cientistas da mesma área que revisam as informações e fazem eventuais críticas - antes que possam servir de referência para a adoção de políticas públicas. 

A pesquisa é coordenada pelo Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam/Ufes) em parceria com a Fiocruz, patrocinado pelo Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi) da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), com o apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e do Ministério da Saúde.

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