> >
Fim da pandemia? Especialistas dizem que Covid pode passar a ser tratada como gripe

Fim da pandemia? Especialistas dizem que Covid pode passar a ser tratada como gripe

Segundo infectologistas, a vacina é o melhor caminho para diminuir o risco de morte e quadros graves; fim do período pandêmico, porém, ainda incerto

Publicado em 29 de janeiro de 2022 às 18:49

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Infecção por Covid-19 e Influenza
A variante Ômicron é a que mais faz vítimas no Brasil e segue com elevados registros de novos casos. (Pixabay)

A expansão da variante Ômicron provocou um aumento no número de casos da Covid-19. Mesmo com uma parcela considerável da população brasileira vacinada contra a doença, o risco de contraí-la não desapareceu. Especialistas consultados por A Gazeta apontam que a vacinação é a principal responsável pela menor letalidade da nova variante - considerada de alta transmissão.

Eles afirmam ainda que, eventualmente, a circulação da Covid será considerada como a da gripe, uma vez que não haverá extinção do vírus. Nesse contexto, o imunizante contra a doença pode ser inserido no Calendário Nacional de Vacinação, para que seja aplicado com determinada frequência. Há pelo menos uma certeza: o coronavírus não irá desaparecer de repente da rotina das pessoas.

quarta onda da pandemia no Espírito Santo é provocada pela variante Ômicron, tratada com predominante em todo o país. Com uma característica diferente, sendo mais transmissível e com menor letalidade, a proliferação do vírus tem provocado mais pressão no sistema ambulatorial. A busca por testes de Covid cresceu, assim como a procura por atestados médicos. A taxa RT, que mede o grau de transmissão do vírus, está perto de 4, segundo o governo do Estado. Ou seja, uma pessoa está infectando outras quatro, acelerando a curva de casos.

Mas como acabar com a pandemia de um vírus tão facilmente transmitido?

O médico infectologista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo Crispim Cerutti Júnior explica que o surgimento de novas variantes pode fazer com que o vírus circule entre as pessoas por mais tempo. Isso deve exigir que a vacinação seja frequente e que o uso de máscara se mantenha.

Aspas de citação

As características de mutação do coronavírus podem dar um poder de maior duração para a pandemia. A circulação do vírus pode continuar provocando ondas por um tempo. O limite disso é o vírus perder o risco de morbidade. Pensando no que aconteceu em outros cenários de pandemia, podemos nos manter com variantes e ondas ao longo do tempo

Crispim Cerutti Júnior
Infectologista e professor da Ufes
Aspas de citação

O risco de morbidade, como explica o professor, está baseado na presença de doenças e como elas oferecem perigo aos humanos. A gripe, por exemplo, possui vacina própria para combate e não registra mortes em quantidade semelhante aos registros de Covid. Por outro lado, apesar de a vacina contra a Covid estar disponível para o público geral, o risco de morrer em decorrência da doença ainda é considerado alto. As mudanças na percepção acontecem ao longo dos anos e da evolução dos imunizantes e dos vírus.

Atualmente, o mundo está sendo afetado pela quinta variante de preocupação classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). São incontáveis as mutações do vírus, mas entram na classificação da OMS aquelas que possuem uma característica predominante. No caso da Ômicron, sua transmissão é destacada.

Não é possível dizer, portanto, que o coronavírus é menos perigoso, muito menos que está parando de oferecer perigo. Mas há uma possibilidade de ser tratado no futuro não como uma pandemia, mas sim como uma endemia.

VACINAÇÃO COM MAIS FREQUÊNCIA?

Para ter um comportamento semelhante ao da gripe, o combate à Covid pode exigir uma vacinação periódica. Assim como a imunização contra a Influenza, todos buscariam os postos de vacinação com regularidade para evitar mortes e quadros graves da Covid.

Ana Claudia Souza, enfermeira servidora na Unidade de Saúde de Araças. tomou a vacina contra Covid-19 de Oxford Astrazeneca
Vacinação contra a Covid-19 no Espírito Santo. (Fernando Madeira)

Na avaliação do infectologista e professor da Emescam Lauro Ferreira Pinto, ainda é cedo pra dizer o que poderá acontecer depois da pandemia. Mas a impressão, segundo o médico, é que o comportamento parecido com o da gripe deverá, sim, exigir uma vacinação rotineira.

O professor Crispim Cerutti Júnior segue a mesma linha: a vacinação deve encontrar alguma periodicidade. O infectologista afirma que as análises do comportamento da pandemia estão baseadas em doenças infecciosas anteriores.

Aspas de citação

No meu entendimento, as políticas públicas devem ser fomentadas em vacinação periódica. Acho que as doses adicionais devem ser constantes. Partindo sempre daqueles grupos que devem ser considerados prioritários, como idosos. Quanto mais gente imunizada, melhor

Crispim Cerutti Júnior
Infectologista e professor da Ufes
Aspas de citação

Em entrevista à Rádio CBN Vitória, o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, ressaltou que o aumento na cobertura vacinal pode reduzir ainda mais o número de mortes e casos graves da doença. Ele lembrou que a inclusão das crianças na campanha de imunização é um avanço.

MÁSCARAS ATÉ QUANDO?

Mascara protetora contra Covid-19
Mascara protetora contra Covid-19. (Ricardo Medeiros)

A circulação do vírus deve exigir a vacinação frequente, como apontam infectologistas. Mas isso quer dizer que as máscaras devem continuar nos rostos por muito tempo?

A resposta é sim. De acordo com Crispim Cerutti Júnior, a máscara deve ser mantida enquanto o "risco de morte for evidente". Ele explica que não há motivos para dispensar o uso da proteção neste momento. Além da máscara e da imunização, ainda são recomendadas as seguintes medidas: higiene das mãos, distanciamento social e isolamento caso tenha testado positivo.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais