Há um ano, sintomas de gripe como tosse, coriza e febre assustam os capixabas. As máscaras e o álcool em gel 70% passaram a integrar a rotina de quem vive no Espírito Santo. Isso porque no dia 5 de março de 2020, o Ministério da Saúde confirmava o primeiro caso de infecção por novo coronavírus no Estado.
À medida que os novos casos iam sendo confirmados, o enfrentamento à doença, que surgiu na China em dezembro de 2019, impactava os sistemas de saúde e resultava em números negativos na economia de estados e países. No Estado, para reduzir as chances de contágio, o comércio e escolas foram fechados e medidas de restrição de circulação de pessoas nas ruas foram adotadas.
A doença foi batizada de Covid-19 (Coronavirus Disease 2019). Segundo a OMS, o nome foi escolhido para evitar imprecisões e estigmas e não se referia a uma localização geográfica, um animal, um indivíduo ou grupo de pessoas.
No dia 11 de março, o coronavírus foi considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como pandemia —classificação usada para descrever o crescimento inesperado de uma doença em âmbito global.
REGISTROS ANTIGOS
Embora o anúncio da chegada do vírus no Estado tenha sido em março, a população já estava assustada com a análise de diversos casos suspeitos de contaminação ainda em fevereiro.
A informação inicial era de que a primeira infectada era uma mulher de 37 anos que viajou da Itália, a passeio, com destino a Vila Velha, onde morava. A paciente havia chegado ao Estado no dia 20 de fevereiro e, dois dias depois, começou a ter os primeiros sintomas da doença. No dia 24 fevereiro, procurou atendimento médico, ficou nove dias internada e recebeu alta no dia 4 de março.
No entanto, em maio do ano passado, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que apesar do governo federal ter anunciado dia 5 de março como o ponto de chegada da Covid-19 no Espírito Santo, oficialmente, o governo do Estado considerava o dia 26 de fevereiro como a data do primeiro registro. A paciente era a mesma mulher de 37 anos que havia viajado para a Europa.
Em janeiro deste ano, as informações sobre o comportamento da pandemia foram atualizadas. Um estudo apresentado pela Sesa no dia 12 de janeiro apontou que o novo coronavírus já infectava pessoas no Espírito Santo, pelo menos, desde dezembro de 2019. A conclusão foi feita a partir de análises em amostras de sangue de pacientes que tiveram dengue e chikungunya no período.
Os técnicos da Sesa investigaram a presença de anticorpos IgG específicos para SARS-COV-2 (coronavírus) em 7.320 amostras de infecção por dengue e chikungunya ocorridas no Estado desde dezembro de 2019. Desse total, em 210 foi identificada a presença de anticorpos próprios da Covid-19.
No cenário nacional, o Ministério da Saúde anunciou o primeiro caso de coronavírus no Brasil em no dia 26 de fevereiro de 2020: um homem de 61 anos, que chegou à cidade de São Paulo, também após uma viagem à Itália, no qual frequentou a Região da Lombardia, local onde o contágio foi mais crítico.
ATENDIMENTO AOS PACIENTES
Diferente de outros estados brasileiros, o governo do Espírito Santo não instalou hospitais de campanha para receber os pacientes infectados. A Sesa optou pela estratégia de expansão de leitos - enfermaria e UTI - nos hospitais estaduais e contratou espaços nas unidades filantrópicas e particulares.
Dessa forma, parte da estrutura pode ser integrada ao Sistema Único de Saúde (SUS) quando a pandemia for declarada superada. Aliado a isso, há também o fato da ampliação das equipes formada por profissionais de saúde e dos equipamentos disponíveis para atender os pacientes diagnosticados com a doença. Todos os serviços poderão ser destinados para outros fins médicos.
PRIMEIRA MORTE NO ES
A primeira notícia de morte por Covid-19 no Estado foi no dia 2 de abril. O paciente, que estava internado no Hospital Jayme Santos Neves e tinha 57 anos, morreu no dia anterior. No entanto, no final do mês, após novos exames, foi descoberto que a primeira morte pela doença registrada no Estado aconteceu no dia 20 de março.
Com o crescimento da doença, além do programa de expansão da capacidade hospitalar na rede pública, o governo estadual entrou na disputa pela compra de respiradores para garantir a expansão de ofertas de leitos de UTI.
Já no final de abril, foi lançado o Mapa de Risco das cidades capixabas, definido a partir de alguns critérios, como: a taxa de letalidade do novo coronavírus, o índice de isolamento dos moradores, a quantidade de idosos em cada município, além da a taxa de ocupação dos leitos de UTI e o coeficiente de incidência (proporção de contaminados em relação à população). Juntos definem se uma cidade está em risco baixo, moderado, alto ou extremo de transmissão do novo coronavírus.
Segundo dados do Painel Covid-19, até a manhã desta sexta-feira (05) o Espírito Santo contabiliza 331.328 casos confirmados e 6.499 mortes provocadas pela doença. Desde o primeiro registro, 312.825 pessoas foram curadas e mais de 991 mil testes para identificar a presença do vírus foram realizados.
VACINAÇÃO
Mesmo com as medidas de restrição e a implantação do Mapa de Risco, o único medicamento capaz de reduzir as chances de propagação do coronavírus é a vacina contra a Covid-19. No estado, a campanha de imunização foi iniciada no dia 18 de janeiro após a chegada das doses da Coronavac.
No Painel de Vacinação, consta que o Espírito Santo recebeu 316.620 doses dos compostos da Coronavac e da Oxford até a tarde desta quinta-feira (04). Desse total, 136.627 pessoas receberam a primeira dose, enquanto 33.452 receberam a segunda aplicação.
VARIANTES ASSUSTAM
Em meio à discussão da importância de manutenção dos cuidados, como o uso de máscara, após um ano, surge o debate acerca dos estudos das novas variantes do coronavírus. Pesquisas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que no Espírito Santo já foram registradas cinco variantes diferentes de coronavírus.
Chamada de variante brasileira, a linhagem P1, descoberta pela primeira vez em Manaus, no Amazonas, também foi encontrada no Espírito Santo. Conforme nota técnica da Fiocruz Amazônia, a P1 pode ter potencial de facilitar a transmissão do vírus. Também há casos de reinfecção por conta dessa mutação.
A pós-doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, destaca que é preciso pensar em novas estratégias para evitar o contato com as novas variantes já identificadas pelos cientistas.
"Muitas dessas variantes têm mutações que deixaram elas mais transmissíveis. Precisamos pensar em novas estratégias, como por exemplo, uso de máscaras mais filtrantes. Deveríamos estar fazendo o lockdown para salvar vidas em março, começo de abril, até que consigamos avançar na vacinação, que está lenta", aponta.
Cenas marcantes da pandemia do coronavírus no Espírito Santo
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