Acusados pela morte de Milena Gottardi
Acusados pela morte de Milena Gottardi. Crédito: Divulgação/Sesp

Infográfico: o papel de cada réu no assassinato de Milena Gottardi

Os seis réus, dentre eles o ex-marido da vítima, Hilário Frasson, enfrentam a Justiça a partir da próxima segunda-feira (23), no Fórum Criminal de Vitória. Eles foram acusados de homicídio qualificado e feminicídio

Vitória / Rede Gazeta
Publicado em 17/08/2021 às 10h47

Há quase quatro anos, a médica Milena Gottardi Tonini foi assassinada no estacionamento do Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam). Seis pessoas foram denunciadas e vão se sentar no banco dos réus pelos crimes de homicídio qualificado e feminicídio. Entre os acusados está o ex-marido da vítima, Hilário Frasson.

Em novembro de 2017, ao aceitar a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES), o juiz da 1ª Vara Criminal de Vitória, Marcos Pereira Sanches assinalou: "A forma de execução do crime demonstra que os acusados ostentam periculosidade e contam com personalidade desprovida de sensibilidade moral, sem um mínimo de compaixão humana, não valorizando, destarte, o semelhante de forma a ser possível a convivência social".

Lembrou ainda, em sua decisão, das filhas pequenas de Milena e das crianças com câncer que passavam pelos cuidados da médica.

Marcos Pereira Sanches

Juiz da 1ª Vara Criminal de Vitória

"Cometido dentro do estacionamento do próprio local de trabalho da vítima - a qual deixou duas pequenas filhas, além de um sem-número de crianças acometidas de câncer, as quais cuidava no exercício da profissão de médica especializada em oncologia pediátrica e voluntariamente por meio da Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil"

Os acusados serão julgados no Fórum Criminal José Mathias de Almeida Netto, no Centro de Vitória, às 9 horas, a partir desta segunda-feira (23). O tribunal do júri será presidido pelo juiz Sanches.

A DEFESA DA VÍTIMA

O advogado Renan Sales, que atua como assistente de acusação, representando a família da vítima, assinala não existirem incertezas sobre a participação de todos os acusados no crime. “Pelas provas produzidas durante toda a persecução penal, não há dúvidas de que os seis réus são, de fato, os responsáveis pelo feminicídio que vitimou a médica Milena Gottardi”.

Observa ainda que a condenação trará um pouco de alento para família de Milena. “Servirá como medida pedagógica para desestimular outros crimes contra mulher, além de fazer Justiça no caso concreto”.

Em relação ao julgamento, diz estar confiante na atuação dos jurados. “O Tribunal Popular do Júri de Vitória, por seus sete jurados, condenará todos, mesmo com todas as tentativas dos réus em levar esse julgamento para outra comarca”, diz, lembrando que a defesa dos réus tentou transferir o julgamento para outras comarcas do Estado.

MPES: “PROVA ROBUSTA E COERENTE PARA CONDENAÇÃO”

A expectativa do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) é de que será feita Justiça no júri popular dos seis acusados pelo assassinato da médica. “A sociedade de Vitória foi muito afetada com a morte de uma pessoa tão boa. Neste julgamento vai ser  demonstrado a concretização do mal que foi praticado”, assinala o promotor Leonardo Augusto de Andrade Cezar dos Santos, um dos três que acompanham o caso.

Ele recorda que Milena era pediatra oncologista e que, com ela, morreu a esperança de várias famílias de crianças com câncer por ela tratadas. “É um impacto para além da família da vítima. A maldade que consta nos autos é de desacreditar qualquer pessoa, pelo menosprezo com a vida humana. A prova contra os réus está robusta e coerente para uma condenação e o MPES está confiante”, assinala.

A DEFESA DOS RÉUS

O advogado Leonardo Gagno, que realiza a defesa de Hilário Frasson, informa que apesar das graves acusações, da complexidade do processo, está confiante que a Justiça será realizada. “Durante o júri, a defesa terá a oportunidade de apresentar provas importantes, aclarar os fatos e demonstrar que a imagem do Hilário foi distorcida pela acusação.”

Leonardo da Rocha de Souza, que faz as defesas de Dionathas e Bruno, informou que fará uma última visita aos réus na próxima sexta-feira (20). “Será para uma conversa e orientação aos dois”, explicou.

Rocha relata que, em relação a Bruno, a expectativa será a sua absolvição. “Será o nosso grande desafio. Ele está muito angustiado e espero provar a sua inocência e que a Justiça seja feita em relação a ele”, destacou.

Já Dionathas, réu confesso, quer prestar os esclarecimentos. “Espero que ele tenha tranquilidade para esclarecer todos os fatos”, pontuou Rocha.

Alexandre Lyra Trancoso, que realiza a defesa de Valcir, assinala que ele não participou do crime. “Queremos reverter a situação. Entendemos que ele não atuou como intermediário do crime”, assinalou.

Os advogados Davi Pascoal Miranda e David Marlon Oliveira Passos, que fazem as defesas de Esperidião e Hermenegildo, respectivamente, não foram localizados. Assim que a reportagem conseguir o contato, esta matéria será atualizada com as informações deles.

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