Motoboy Daniel Diogo Lellis
Motoboy Daniel Diogo Lellis. Crédito: Geraldo Neto | Arte A Gazeta

Jackie Chan do ES: entregador "luta" para ajudar o capixaba a ficar em casa

Demitido durante a pandemia, Daniel Diogo Lellis, conhecido como Jackie Chan, abriu o próprio negócio e tem a alegria de todos os dias levar marmitas para um casal de idosos, que faz parte do grupo de risco

Publicado em 28/07/2020 às 08h09
Atualizado em 28/07/2020 às 13h13

A rotina do motoboy Daniel Diogo Lellis, de 33 anos, começa cedo, às 7h30, e só vai parar depois da meia-noite. Tanto trabalho assim para ajudar você a ficar em casa, reduzindo assim os riscos de contágio do coronavírus.

Como entregador de comida e dono de um delivery de marmitas, Daniel, que tem traços orientais e o apelido de Jackie Chan - um dos principais nomes do cinema mundial em artes marciais -, viu a demanda aumentar consideravelmente durante a pandemia já que bares, restaurantes e lanchonetes tiveram o seu funcionamento limitado.

Daniel integra uma seleta lista de profissionais importantes para a manutenção das atividades essenciais nesta, que é uma das maiores crises sanitárias da história. A Gazeta conta um pouco da história desses trabalhadores na série "ProfissõES na pandemia".

Daniel Diogo Lellis

Motoboy

"Tenho orgulho em poder ajudar o capixaba a ficar em casa. Entrego, por exemplo, marmita para um casal de idosos, ou seja, que são do grupo de risco para a Covid-19, todos os dias"

RECOMEÇO NA PANDEMIA

Morador de Vitória, Daniel trabalhava em um restaurante de comida japonesa, mas foi demitido durante a pandemia. Com o dinheiro da rescisão, decidiu montar um próprio delivery: a esposa prepara as marmitas em casa e ele mesmo fica responsável pelas entregas. Em média, o casal vende de 30 a 35 marmitas por dia.

À noite, para complementar a renda, ele ainda trabalha como entregador para uma lanchonete da Capital. "O motoboy ganhou mais relevância agora, mas sempre foi muito importante. Não é fácil andar de moto na chuva, com a pista molhada, correndo risco de ser assaltado à noite", ressalta.

CUIDADOS

Uma profissão que já é de risco ganhou ainda mais risco durante a pandemia. Daniel não tem o privilégio de poder ficar em casa e de proteger a família da contaminação do coronavírus. O jeito é minimizar a ameaça da Covid-19, mantendo todos os cuidados possíveis.

"Sempre uso máscaras e também ando com um spray de álcool em gel. Para diminuir os riscos, não subo mais nos apartamentos e faço a entrega na entrada do prédio mesmo. Dentro da minha casa, tenho um espaço reservado para fazer a higienização das mãos quando chego. Tive medo no início, mas preciso trabalhar, não tem jeito", conta Daniel.

DICAS DE SEGURANÇA

Para o Daniel e tantos outros profissionais da área, a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) divulgou, em abril, uma cartilha para orientar motoboys, motofretistas e ciclistas que prestam serviços de entrega sobre as medidas de prevenção mais eficazes para evitar a contaminação pelo novo coronavírus.

A necessidade de limpeza frequente do capacete, guidão, manetes e demais partes da moto que tenham contato com as mãos é um dos itens mais destacados pela publicação. Segundo o guia, a higienização pode ser feita com água e sabão, álcool 70% (líquido ou gel) ou água sanitária. Outras recomendações pontuadas são: manter distância mínima dos outros usuários da via na fila formada quando o trânsito parar e também não dar caronas.

O documento também ressalta que, durante as entregas, os motoboys devem dar preferências para a utilização de compartimentos de transporte com material liso e lavável, de fácil limpeza. Os utensílios para fixar e proteger as mercadorias devem ser higienizados e isolados de fontes de contaminação, assim como os alimentos, que devem ser entregues com embalagens, dentro de sacolas.

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