Desde o dia 16 de março, Theo Cypreste Almeida está vivendo com os avós maternos, porque a mãe é médica e trabalha no pronto-socorro de um hospital particular de Vitória, lidando frequentemente com pacientes infectados pelo novo coronavírus. A mudança de rotina foi necessária para preservar a saúde da família.
Nessa quarta-feira (27), ele completou 11 anos de idade. Longe da mãe há mais de dois meses, ele só queria uma coisa neste aniversário: poder abraçá-la. Do outro lado dessa história, cheia de saudades, ela achou um jeito de atender ao único pedido do filho, em uma surpresa realizada no início da noite, na Praia do Canto.
Em frente à residência dos pais, Fernanda Cypreste foi paramentada à missão, usando óculos, máscara e macacão plástico. Eu também deixei uma caixinha com todos os equipamentos de proteção para ele no prédio e pedi para que estivesse de banho tomado. Ele não sabia o que ia acontecer, contou.
A surpresa durou aproximadamente 30 minutos e contou com sete convidados: a tia e o tio do menino, três pessoas muito próximas à família e uma amiguinha do Theo, acompanhada da mãe. Todos estavam com máscara e ficamos lá só o tempo de organizar tudo para chamá-lo, foi bem rápido, garantiu Fernanda.
Os avós não participaram por integrar o grupo de risco da Covid-19, mas assistiram à festa pela janela do apartamento e puderam aproveitar os quitutes encomendados: um bolo, docinhos, salgadinhos e uma torta salgada. São decisões que precisam ser tomadas, não podemos levar a doença para dentro de casa, defendeu a médica.
Vendo de perto o cenário crítico da pandemia, que jamais imaginou viver, ela fez um apelo. Vemos muita gente adoecendo, porque deixou de fazer uma festa ou de ir em um bar, mas continua visitando as pessoas. É necessário evitar, mesmo com quem mais amamos, porque, nesse momento, a distância é amor.
O período continua sendo de isolamento social e a recomendação segue a mesma: só deve sair de casa quem realmente precisar. No entanto, o infectologista Carlos Urbano garantiu que todo o aparato usado pela Fernanda e pelo Theo, no momento do abraço, minimiza fortemente o risco de contágio.
É diferente do ambiente de um hospital, onde o grau de contaminação é maior, porque se está em contato com pessoas doentes. O risco está ao tirar os equipamentos, que, neste caso, o menino não tem experiência. Ainda assim, a chance é muito pequena. Não é 100% seguro, mas o risco é mínimo, explicou.
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