O julgamento dos seis réus apontados como responsáveis pelo assassinato da médica Milena Gottardi, dentre eles o ex-marido, Hilário Frasson, não será aberto ao público. De acordo com o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), só poderão ter acesso ao salão do Tribunal do Júri Popular as pessoas ligadas diretamente ao processo.
A medida foi tomada por causa da pandemia do coronavírus e da necessidade de se manter o distanciamento social. Com isto, só será liberada a entrada de dois familiares da vítima e de cada réu, além dos seus advogados de defesa. A imprensa também poderá acompanhar as audiências.
O julgamento acontecerá na próxima segunda-feira (23), no Fórum Criminal José Mathias de Almeida Netto, no Centro de Vitória, a partir das 9 horas.
O TJES estima que a duração seja de cerca de uma semana. O Tribunal do Júri será presidido pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Vitória, Marcos Pereira Sanches.
REPRESENTANTE DA FAMÍLIA DA VÍTIMA
O advogado Renan Sales, que atua como assistente de acusação, representando a família da vítima, destaca que está seguro da condenação dos acusados pelo crime. “Pelas provas produzidas durante todo o procedimento penal, não há dúvidas de que os seis réus são, de fato, os responsáveis pelo feminicídio que vitimou a médica Milena Gottardi”.
Ele relata que em todo o período que precedeu o julgamento houve várias tentativas dos réus em tumultuar o processo. “Tentou-se afastar o juiz, deslocar o processo para outra comarca diante de uma alegação, completamente infundada, de parcialidade dos jurados de Vitória, dentre outras medidas meramente protelatórias. Felizmente, tudo negado pelo Poder Judiciário capixaba que, diga-se de passagem, deu exemplo”, disse acrescentando que sua expectativa é de um julgamento tranquilo.
Renan Sales
Advogado e assistente de acusação
"Esperamos um julgamento sereno e tranquilo, sendo, ao final, todos os acusados devidamente condenados. Não esperamos nada menos do que 30 anos de reclusão. A condenação trará um pouco de alento para família e fará justiça no caso concreto. Além disto, servirá como medida pedagógica para desestimular outros crimes contra mulher. Necessário que fique claro que atos covardes não compensam"
MPES: “PROVA ROBUSTA E COERENTE PARA CONDENAÇÃO”
A expectativa do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) é de que será feita Justiça no júri popular dos seis acusados pelo assassinato da médica. “A sociedade de Vitória foi muito afetada com a morte de uma pessoa tão boa. Neste julgamento vai ser demonstrado a concretização do mal que foi praticado”, assinala o promotor Leonardo Augusto de Andrade Cezar dos Santos, um dos três que acompanham o caso.
Ele recorda que Milena era pediatra oncologista e que, com ela, morreu a esperança de várias famílias de crianças com câncer por ela tratadas. “É um impacto para além da família da vítima. A maldade que consta nos autos é de desacreditar qualquer pessoa, pelo menosprezo com a vida humana. A prova contra os réus está robusta e coerente para uma condenação e o MPES está confiante”, assinala.
A DEFESA DOS RÉUS
O advogado Leonardo Gagno, que realiza a defesa de Hilário Frasson, informa que apesar das graves acusações e da complexidade do processo está confiante que a Justiça será realizada. “Durante o júri, a defesa terá a oportunidade de apresentar provas importantes, aclarar os fatos e demonstrar que a imagem do Hilário foi distorcida pela acusação.”
Leonardo da Rocha de Souza, que faz as defesas de Dionathas e Bruno, informou que fará uma última visita aos réus na próxima sexta-feira (20). “Será para uma conversa e orientação aos dois”, explicou.
Rocha relata que, em relação a Bruno, a expectativa será a sua absolvição. “Será o nosso grande desafio. Ele está muito angustiado e espero provar a sua inocência e que a Justiça seja feita em relação a ele”, destacou.
Já Dionathas, réu confesso, quer prestar os esclarecimentos. “Espero que ele tenha tranquilidade para esclarecer todos os fatos”, pontuou Rocha.
Alexandre Lyra Trancoso, que realiza a defesa de Valcir, assinala que ele não participou do crime. “Queremos reverter a situação. Entendemos que ele não atuou como intermediário do crime”, assinalou.
Os advogados Davi Pascoal Miranda e David Marlon Oliveira Passos, que fazem as defesas de Esperidião e Hermenegildo, respectivamente, não foram localizados. Assim que a reportagem conseguir o contato, esta matéria será atualizada com as informações deles.
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