Você já imaginou ter à disposição centenas de atividades que estimulem a criatividade, o pensamento inovador e a percepção de mundo de forma mais integrada? Pois isso estará ao alcance dos capixabas, entre os dias 19 e 21 de abril, durante a programação do festival global WCD - sigla em inglês para Dia Mundial da Criatividade. As cidades de Vitória, Vila Velha e Serra serão as sedes das oficinas, palestras e workshops, com apoio da Rede Gazeta e do Fonte Hub.
Uma das mentes por trás deste movimento, que acontece no Brasil desde 2014, é Luiz Eduardo Serafim - ou, simplesmente, Du Serafim, como é mais conhecido. No ano passado, ele se desligou de uma posição sênior na multinacional 3M e assumiu a direção-executiva do WCD no Brasil.
Agora, frisa Du, é hora de um trabalho incansável para que visão, inovação e criatividade andem de mãos dadas e para que o mundo corporativo compreenda que não será possível avançar e se transformar sem investir em inovação: "Não há organização inovadora sem pessoas criativas", crava. Confira na entrevista a seguir:
Como podemos definir o "Dia Mundial da Criatividade", para aquelas pessoas que nunca ouviram falar desta data e, particularmente, da programação que acontece em todo o país?
"World Creativity Day" é o maior festival colaborativo de criatividade do mundo com milhares de atividades gratuitas ligadas ao empreendedorismo, inovação, sustentabilidade, tecnologia e artes, democratizando conhecimento, entretenimento e experiências simultâneas em mais de 50 cidades do país nos dias 19, 20 e 21 de abril. É um movimento que nasceu no Brasil em 2014 e ganhou impulso a partir de 2017, quando a ONU estabeleceu 21 de abril como Dia Mundial da Criatividade e Inovação. Para conhecer a programação inspiradora de todo o Brasil e do Espírito Santo, basta olhar o site worldcreativityday.com e procurar sua cidade.
Como se pode definir o que é criatividade?
A criatividade é dos mais fascinantes potenciais humanos, que todos aplicamos diariamente em nossas vidas, combinada com outras inteligências e talentos para produzir novas ideias que solucionam problemas, provocam emoções, sensibilizam, atraem atenção, engajam, divertem e ainda por cima, geram auto-estima, crescimento e tremendo bem-estar em nossa vida.
Por quase 30 anos você trabalhou em uma das multinacionais mais reconhecidas do mundo como espaço de inovação, e no ano passado abraçou a direção executiva do WCD no Brasil. Como este tema chegou à sua vida?
Sinto a criatividade pulsar desde garoto, quando inventava jogos, escrevia histórias, aprendia a tocar piano. Sempre tive interesses ecléticos, querendo saber e fazer um pouco de tudo, gerando conexões múltiplas que tanto contribuem para a criatividade. Se a gente encontra ambientes favoráveis e outras pessoas inspiradas, como vi em casa, na escola e na universidade, tudo vira motivo para criar, seja um trabalho de classe, passeio de fim de semana, uma celebração de aniversário. Não à toa, fiquei 30 anos na 3M que cultivava genuína cultura de inovação. Agora, lidero a comunidade do Dia Mundial da Criatividade e empreendo com educação e inovação para incentivar pessoas e organizações a colocarem mais criatividade em suas jornadas.
Na sua visão, inovação e criatividade andam juntas? Ser criativo é, também, ser inovador?
Elas devem andar sempre de mãos dadas. Criatividade é o começo deste processo de criação de valor para as pessoas e para o mundo. Na largada, precisamos ter curiosidade para aprender sobre tudo e questionar paradigmas. A partir desses conhecimentos e reflexões, podemos gerar ideias originais. Mas se pararmos aí, não chegaremos a inovadores. Só quando desenvolvemos a nova ideia, ajustamos diversas variáveis e implantamos o projeto, gerando valor percebido, resultados e impactos, é que estamos produzindo inovação. Assim, são dois conceitos distintos, mas que vivem juntos e misturados.
Há uma percepção de que, de uma maneira generalista - e talvez até mais depois da pandemia de Covid-19 - as empresas se abriram mais à discussão sobre criatividade e inovação. Esses dois pilares são capazes de tornar o ambiente de negócios mais rico ou mais competitivo?
No mundo das organizações, com as transformações da sociedade em velocidade acelerada, a inovação passou a ser incentivada desde a virada para o século XXI. Ficou claro que as empresas precisam atualizar sua cultura, investir em transformação digital, inovar em seus produtos e processos, na experiência de marca, na forma como distribuem soluções e capturam valor para se adaptarem e manterem relevância no futuro. Faz duas décadas que sou ativo professor, palestrante e autor desse tema. Já a criatividade sempre ficou marginalizada do cotidiano das organizações, como se fosse tema para o universo das artes e brincadeiras, sem espaço no "mundo sério dos negócios". A pandemia, o isolamento social, o trabalho remoto, as questões de saúde mental e o debate sobre a IA acionaram um alarme e despertaram maior interesse corporativo sobre criatividade. Como sempre digo, não existe empresa forte sem inovação e não há organização inovadora sem pessoas criativas, um ambiente e uma cultura adequados.
Saindo um pouco desse ambiente corporativo, como as famílias podem contribuir para a formação de novas gerações mais criativas e entusiasmadas com o novo? Quais fatores você apontaria como importantes nesse contexto?
As famílias são importantes para potencializar a criatividade das crianças, estimulando sua curiosidade pelo mundo, incentivando as atividades manuais, a exploração da natureza, o olhar questionador, a quebra pontual de rotinas, algumas viagens e passeios, jogos com imaginação, a exposição a conteúdos diversos. Também podem contribuir para fortalecer a autoconfiança dos pequenos, envolvê-los em atividades colaborativas, seja na celebração de momentos familiares de maneira original, seja na solução coletiva de problemas. Lembro ainda que promover a criatividade não significa abrir mão completamente de disciplina e nem exige investimentos dispendiosos, pois há muito estímulo em hábitos simples e acessíveis e nas restrições de recursos.
A partir de que momento a criatividade se expressa na vida de alguém? E como dar mais vazão a ela?
Na tenra infância, a criatividade não vê limites, se expande e transborda, alimentada pela imaginação, sem temer restrições e afunilamentos gerados durante nosso processo de amadurecimento e sociabilização. Por isso, é tão importante estimular o brincar, o despertar da curiosidade, a contação de histórias. Nas escolas, a criatividade não pode se restringir a uma aula específica ou às artes, pois deve ser aplicada em qualquer desafio e disciplina, de maneira integrada. Trabalhos escolares e atividades em nossos lares podem estimular a curiosidade, o pensamento crítico, a atitude de aprendizagem e experimentação, as múltiplas possibilidades, o repertório diverso, o aspecto lúdico, aumentando as possibilidades das gerações ingressarem na vida adulta com autoconfiança, imaginação e menor tendência a se conformar às normas vigentes.
Este ano, o WCD vai acontecer em 55 cidades brasileiras. Três delas são no Espírito Santo (Vitória, Vila Velha e Serra). Há uma meta de aumento de abrangência desse festival? Como outras cidades podem se preparar para edições futuras?
Estamos felizes de consolidar nosso modelo que desenvolve lideranças criativas por meio da formação "Creative Leadership Professional", onde o trabalho de conclusão de curso é a realização do festival nas cidades, cujo sucesso depende da colaboração do ecossistema local. Abriremos inscrições para candidatos que desejam liderar o World Creativity Day em sua cidade, em 2025, a partir de julho. Em agosto, selecionamos as lideranças enquanto o curso de formação ocorre de janeiro a abril. As pessoas podem fazer sua pré-inscrição em nosso site sobre.worldcreativityday.com para serem líderes nas cidades, mas também podem participar como inspiradores, voluntários, patrocinadores e anfitriões, compondo uma das maiores comunidades criativas do Brasil. Em 2025, queremos chegar a 100 cidades e, no longo prazo, alcançar 500 localidades, ao redor de 10% dos municípios brasileiros, além de contagiar cidades pelo mundo com a criatividade e empreendedorismo brasileiros.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta