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No ES, 14 mil idosos moram com pessoas que têm sintomas de Covid

No ES, 14 mil idosos moram com pessoas que têm sintomas de Covid

Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela perfil da população em contato com a doença

Publicado em 27 de julho de 2020 às 15:24

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Idosos estão no grupo de risco para o contágio da Covid-19
Idosos estão no grupo de risco para o contágio da Covid-19. (Pixabay)
No ES, 14 mil idosos moram com pessoas que têm sintomas de Covid

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Covid-19, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que, em junho, pelo menos 14 mil idosos no Espírito Santo moravam em residências onde havia pessoas com sintomas de infecção pelo coronavírus. A população acima de 60 anos é considerada grupo de risco por faixa etária, e é nela que se concentra a maioria dos óbitos no Estado provocados pela doença. 

Do total de 1,364 milhão de domicílios no Estado, em 47 mil (3,4%) havia no mínimo uma pessoa com sinais da Covid-19. Destes, em 14 mil (29,6%) moravam idosos. Nesse cenário, em que muitas vezes é difícil manter o distanciamento necessário dos mais velhos, é fundamental que os protocolos de saúde dentro de casa sejam reforçados, sobretudo por aqueles que estão com sintomas. O uso de máscara deve ser contínuo no ambiente domiciliar enquanto houver risco de transmissão da doença.

Das 2.341 mortes por Covid-19 confirmadas até esta quinta-feira (23) no Estado, 75,34% atingiram as pessoas com 60 anos ou mais. Muitas dessas vítimas conviviam com familiares infectados, outras ficaram doentes em asilos e evoluíram com gravidade até a morte. No levantamento mais recente do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES)mais de 600 idosos foram contaminados e 59 morreram em instituições de longa permanência

PREDISPOSIÇÃO A INFECÇÕES

Juliana Mitre da Silva, mestre em Enfermagem e professora da disciplina de Saúde do Idoso na Faesa, explica que o processo natural de envelhecimento torna as pessoas mais velhas com propensão maior a infecções, bacterianas ou virais, como a Covid-19, e, quando são acometidos pela doença, têm mais dificuldade para enfrentá-la.

"Com o avançar da idade, o organismo do individuo vai amadurecendo e tendo várias perdas, como a do sistema imunológico, que sofre um declínio e deixa o idoso mais predisposto a qualquer infecção", aponta.

A professora diz, ainda, que o pulmão é um órgão que também tem sua capacidade funcional reduzida com o envelhecimento e esse é outro fator que, nas doenças respiratórias como a Covid-19, contribui para o agravamento dos quadros de infecção.

COMORBIDADES

Essas condições colocam o idoso como o principal grupo de risco para a Covid, afirma Juliana, e a situação pode se tornar mais crítica se o processo de envelhecimento é acompanhado de senilidade, ou seja, também apresenta comorbidades ou sequelas de outras doenças.

Com este perfil, Juliana observa que é natural que o idoso precise  dos cuidados de terceiros, muitas vezes até para atividades básicas do dia a dia, como alimentação e higiene. No contexto da pandemia, a professora ressalta que a atenção com os mais velhos deve ser redobrada, havendo ou não pessoas com sintomas de infecção por coronavírus em convivência diária.

Um aspecto que Juliana faz questão de ressaltar é que, para os idosos, o distanciamento não pode ser sinônimo de isolamento porque eles precisam de suporte até para sua saúde emocional. O ideal, no momento, é que um grupo menor de pessoas fique responsável pelo cuidado com os idosos e, neste caso, quem for designado para a tarefa deve evitar outras atividades, como idas ao supermercado. As visitas também devem ser evitadas, mas podem ser compensadas com ligações telefônicas ou chamadas pela internet. 

"O distanciamento é social, não emocional. Seguindo as regras, é possível garantir a atenção que vai repercutir diretamente no bem-estar e na qualidade de vida da pessoa idosa", frisa.

SINTOMAS

Mas, se na residência onde vive um idoso tem pessoa com sintomas da Covid, quem está doente deve permanecer o tempo inteiro de máscara, e evitar ficar no mesmo ambiente. Na medida do possível, o infectado pelo coronavírus deve ainda manter-se isolado em um cômodo, separado de toda a família. Na casa, também precisam ser reforçadas as ações de higiene e limpeza, assim como criar condições para ter mais ventilação em todos os locais. 

"E é preciso ficar atento para eventuais sintomas no idoso e, a qualquer sinal, prontamente buscar assistência médica", recomenda Juliana, acrescentando que esse atendimento não precisa, obrigatoriamente, ser a condução do idoso para uma emergência, mas inicialmente tentar orientações por telefones disponibilizados por prefeituras ou planos de saúde para evitar exposição desnecessária.

Pablo Lira, presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), acrescenta que, mesmo neste período em que a Covid-19 começa a se estabilizar no Espírito Santo, é fundamental que a população mais vulnerável, e nesse grupo estão os idosos, mantenha o controle para o distanciamento social e todos os protocolos de saúde. 

"É importante não descuidar até que seja desenvolvida uma vacina eficaz e com ampla distribuição para a população. Quando houver um número adequado de pessoas vacinadas, somente então poderemos reduzir os cuidados", finaliza. 

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