Os representantes comerciais Jacqueline Lira de Miranda, de 41 anos, e Anderson Oliveira Estevão, 54 anos, eram casados há 17 anos e queriam realizar neste ano o sonho antigo de terem um filho. Para conseguir engravidar, ela começaria a fazer um tratamento, os pedidos de exames já estavam em sua mão esperando somente que a quarentena tivesse um fim para fazê-los.
O plano, entretanto, teve um fim após o marido morrer vítima da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, no domingo (26). Iria começar o tratamento para engravidar, já estava com todos os pedidos de exames, agora nem irei olhar para eles mais. Quando eu iria marcar começou a loucura toda de coronavírus e adiei para o fim da quarentena, explicou Jacqueline.
A moradora de Vila Velha nunca imaginou que o marido poderia ser vítima do novo coronavírus. Para ela, essa era uma realidade distante do casal, além do mais a preocupação era menor porque os dois não faziam parte do grupo de risco. Eu sabia que existia o vírus, mas não estava acreditando. Aquela sensação de que nunca pega na gente, acrescentou.
A esposa de Anderson contou que foram nove dias desde o primeiro sintoma dele até a morte. O primeiro atendimento ocorreu no Pronto Atendimento da Praia do Suá, em Vitória, no dia 17 de abril, ele estava ofegante, tossindo e cansado. Dessa forma, ficou internado no local até ser transferido para Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra, durante a madrugada.
No hospital, foi onde ele começou a apresentar piora no quadro. Internado na enfermaria por dois dias, precisou ser transferido para a UTI. Nós estávamos conversando por videochamada, paramos na quarta-feira (22) quando ele foi para a UTI e entrou em coma induzido. No sábado (24) eu fui ao hospital para ter acesso ao boletim, o médico me entregou a aliança e disse que ele era o quadro mais grave de coronavírus que havia no hospital, voltei para casa desesperada, no dia seguinte veio a notícia da morte, finalizou.
O corpo foi enterrado no Cemitério Municipal Santa Inês, em Vila Velha, na segunda-feira (27), no mesmo túmulo que fica a mãe de Jacqueline. A decisão de colocar no mesmo local foi pela admiração e carinho que tinham um com o outro. Na ocasião, amigos e familiares se despediram dele com o caixão lacrado.
Para a representante comercial, que ainda não sabe se está com coronavírus por não ter feito o teste, essa foi a segunda maior grande perda de sua vida. Ela afirmou que sempre vai se lembrar dele como um homem alegre, que gostava da vida e era querido por onde passava. Era o melhor homem do mundo, não xingava, não batia, só me elogiava e me amava de verdade, finalizou. Anderson deixou um filho de 33 anos de outro relacionamento.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta