Sob um dos bairros mais populosos de Vitória, uma riqueza natural escondida. A lenta vertente que deságua no mar é uma das poucas partes ainda visíveis do Rio Camburi.
Com a expansão imobiliária local, ele foi quase todo canalizado e passou a correr abaixo de edifícios e ruas. A reportagem de A Gazeta percorreu trilhas entre mato e mata, e mostra em vídeo a história desse misterioso curso d'água.
O Rio Camburi tem sua formação ligada a outra fonte hídrica: o Córrego Carapina, que nasce na Serra — município vizinho — e deságua na Lagoa da Vale, no Parque Botânico em Vitória.
A Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) destaca que é difícil saber onde o Rio Camburi nasce precisamente, mas tudo indica que as nascentes dele estão na Floresta da Vale, na região, e faz parte da bacia do Rio Santa Maria de Vitória.
Trata-se de um curso hídrico curto, com três quilômetros de extensão e vazão baixa, de 33 litros por segundo. Pequeno, escondido e pouco conhecido, o Rio Camburi carrega uma história de intervenções do homem e de poluição.
O rio terá parte da sua margem reconstruída pela Vale. A ação, no entanto, não contempla a despoluição do canal. A limpeza está sob a responsabilidade das prefeituras de Vitória e da Serra, além da Cesan.
O secretário municipal de Meio Ambiente de Vitória, Tarcísio Föeger, explica que o fato do Rio Camburi ter sido canalizado ao longo de décadas dificulta a fiscalização, mas as equipes fazem periodicamente o monitoramento dos imóveis na bacia de drenagem do rio, fiscalizando ligações irregulares de esgoto.
"A gente tem contido o despejo irregular de esgoto, nosso monitoramento de balneabilidade tem alcançado médias histórias de bandeira verde no local. O fato do rio correr por debaixo do bairro afeta consideravelmente a nossa ação de fiscalização e monitoramento, mas a gente tem intensificado consideravelmente a fiscalização de ligações irregulares de esgoto", afirma.
Sobre os objetos encontrados na foz do rio, o secretário afirma que o material vem carregado pelo movimento hídrico. "As pessoas não jogam lixo na foz. O material vem pela correnteza dentro de Vitória e também da Serra", conta Tarcísio Föeger.
Além disso, o secretário diz que a Prefeitura de Vitória realiza diariamente a limpeza de toda orla de Camburi. A Secretaria Central de Serviços está elaborando um estudo técnico para avaliar as necessidade de limpeza da foz do Rio Camburi.
Rio Camburi deságua na praia de mesmo nome, próximo ao Porto de Tubarão, em Vitória
A Prefeitura da Serra informou que não existe nenhuma ação prevista para limpeza do Córrego Carapina.
A Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) informou que Vitória tem 91% de cobertura e já atende ao novo marco legal de saneamento. Segundo o gestor da Divisão de Operação e Manutenção Vitória, Cesar Juliano Xavier Santos, 6.390 imóveis na Capital não estão conectados à rede de esgoto da Cesan.
"É importante fazer a fiscalização para que esse esgoto não seja lançado no rio e no mar. É importante que os imóveis estejam ligados à rede coletora da Cesan, é através dessa ligação que o esgoto é coletado em uma caixinha separada e bombeado para a estação de tratamento, onde vai passar pelo processo de tratamento até sair limpo", explica o gestor.
Ele afirma que a Cesan mantém diálogo constante com a comunidade e atua em parceria com as prefeituras para ações de limpeza dos mananciais.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.