Potencialmente fatal, a dengue hemorrágica é a forma mais grave da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e que requer maior atenção dos pacientes aos sintomas.
A infectologista Polyana Gitirana Guerra Rameh, do Vitória Apart Hospital, explica que, de modo geral, qualquer pessoa, independentemente da idade, corre o risco de desenvolver quadros graves de dengue, mas idosos e portadores de comorbidades — como diabetes ou hipertensão — enfrentam mais riscos nesse sentido.
“Existem algumas situações que predispõem (o desenvolvimento da forma grave), mas a principal é você já ter tido dengue antes, de um tipo diferente do que você tem agora.”
Isto é, além dos pacientes com pior capacidade de resposta à agressão da infecção, os reinfectados — que já tiveram dengue anteriormente — são mais suscetíveis a desenvolver a forma grave da doença. Atualmente, há quatro variantes em circulação: o DENV-1 (vírus dengue-1), o DENV-2, o DENV-3 e o DENV-4, que apresentam materiais genéticos (genótipos) e linhagens diferentes.
Foi identificado pela primeira vez em 1981, em casos isolados em Roraima, e começou a circular por outras regiões do país a partir de 1986. É considerado o mais transmissível, sendo o que mais afeta os brasileiros.
O vírus da dengue tipo 2 foi identificado em 1990 e tem predominado atualmente, junto ao DENV-1.
Voltou a ser identificado no país em 2023, após mais de 15 anos sem epidemias da doença provocadas por essa cepa. Por estar fora de circulação há tanto tempo, a população fica mais suscetível e pode se disseminar rapidamente, causando ainda formas mais graves da doença.
O vírus da dengue tipo 4 foi identificado em casos isolados e restritos na Região Norte na década de 1980 e, depois de 2010, passou a ser identificado em outras partes do Brasil. Em dezembro de 2023, foi encontrado no Rio de Janeiro, pela primeira vez desde 2018.
Além disso, Polyana explica que pessoas coronariopatas, como as que já colocaram stents ou têm pontes de safena e foram orientadas a tomar ácido acetil-salicílico (AS) de forma constante, também têm mais riscos de lidar com os sangramentos, uma vez que o medicamento interfere na coagulação do sangue.
“A primeira manifestação, além da hemorragia em si, é uma distribuição inadequada dos líquidos no corpo. Por isso que a gente fala tanto em hidratação (durante a recuperação). Seus vasos (sanguíneos) são prejudicados. É como se você tivesse um encanamento com múltiplos furos, e o líquido não vai para o lugar correto. Isso favorece alterações cardíacas, hipotensões, o coração fica sobrecarregado.”
Infectologista da Rede Meridional, Lorenzo Nicco Gavazza reforça que a infecção gera diminuição da quantidade de plaquetas do sangue, aumentando muito a chance de sangramentos de pele, de órgãos internos e até hemorragias cerebrais.
Além disso, pode gerar alteração de vasos sanguíneos e levar à queda muito importante da pressão arterial e a danos graves a órgãos internos, fazendo o paciente correr risco de vida.
Os sintomas mais tradicionais da dengue são dor no corpo, dor nas articulações, febre (geralmente alta), dor de cabeça (principalmente atrás dos olhos), náuseas e manchas avermelhadas no corpo.
“Os sinais de alerta que devem fazer a pessoa que está com quadro febril buscar imediatamente atendimento médico são: sinais de sangramento na pele, nas fezes ou em mucosas, fraqueza extrema com desmaios, vômitos muito frequentes que não permitem a pessoa se alimentar ou beber água, dor abdominal de forte intensidade e olhos amarelados. Caso tenha algum desses sintomas, não perca tempo!”
Gavazza frisa que a prevenção continua a ser um método importante de combate à dengue. Nesse sentido, é recomendado o uso frequente de repelentes, vestimentas cobrindo maior superfície do corpo e uso de telas em casa e no trabalho.
“Também é importante a ação nos focos de reprodução de mosquito como locais de água parada. E, além disso, já está disponível no nosso país a nova vacina contra a dengue, Qdenga, com ótimos resultados nos estudos realizados em pacientes até 60 anos.”
A vacina está disponível na rede particular há alguns anos e começa a ser disponibilizada, via Sistema Único de Saúde (SUS), para crianças e adolescentes na faixa de 10 a 14 anos. No Espírito Santo, 20 municípios receberão as doses.
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