Após dois anos vivendo o temor da pandemia do coronavírus, o surgimento de uma doença detectada fora das regiões endêmicas causou um alerta à população. Os casos da monkeypox, conhecida como varíola dos macacos, começaram a ser descobertos em países da América e Europa em maio.
Desde então, mais de 11 mil casos foram confirmados, e a doença já se disseminou por 63 países, incluindo o Brasil.
O país tem mais de 300 casos confirmados até a última quinta-feira (14), de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco e Espírito Santo já tiveram confirmações da doença.
No Estado, os dois primeiros casos foram confirmados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), na quinta-feira (14). Apesar disso, o órgão informou que os pacientes, de 30 e 49 anos, já estão curados.
A varíola dos macacos é transmitida pelo vírus Monkeypox, que pertence ao gênero orthopoxvirus. É considerada uma zoonose viral (o vírus é transmitido aos seres humanos a partir de animais), com sintomas muito semelhantes aos observados em pacientes com varíola, embora seja menos grave.
De acordo com o Instituto Butantan, esse tipo de varíola é causada por um vírus que infecta macacos, mas que, incidentalmente, pode contaminar humanos.
São duas as variantes principais da doença. A mais grave delas, conhecida como "cepa do Congo", pode chegar a 10% de mortalidade. Já a outra, denominada de "cepa da África Ocidental", tem uma taxa de letalidade bem menor, próxima de 1%".
O período de incubação varia de seis a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias. Inicialmente, os sintomas incluem febre súbita, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, adenomegalia, calafrios e exaustão, segundo o Ministério da Saúde.
O nome monkeypox se origina da descoberta inicial do vírus em macacos em um laboratório dinamarquês em 1958. O primeiro caso humano foi identificado em uma criança na República Democrática do Congo em 1970.
Em maio deste ano, países da Europa e América do Norte começaram a confirmar casos da doença em pacientes que não estiveram nos países considerados endêmicos. O primeiro caso foi identificado na Inglaterra, segundo o Instituto Butantan. Um homem desenvolveu lesões na pele no dia 5 de maio. Ele foi internado em um hospital de Londres, depois transferido para um centro especializado em doenças infecciosas até a varíola dos macacos ser confirmada em 12 de maio. Outra pessoa havia desenvolvido as mesmas lesões na pele em 30 de abril, e a doença foi confirmada em 13 de maio
Mais quatro casos foram confirmados pelo governo britânico no dia 15 de maio e, no dia 18, mais dois foram informados. Nenhum deles envolvia alguém que tivesse viajado ou tido contato com pessoas que viajaram, o que indicava possível transmissão comunitária da doença.
Desde então, os casos positivos do vírus, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), totalizam 11.068 em todo o mundo até a última quarta-feira (13).
No dia 6 de junho, o Brasil confirmou o primeiro caso de varíola dos macacos na cidade de São Paulo. O paciente, um homem de 41 anos, viajou para a Espanha e Portugal. Ele ficou em isolamento no Hospital Emílio Ribas.
O Brasil tem 310 casos confirmados da varíola dos macacos até a última quinta-feira, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Os casos foram registrados nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco e no Espírito Santo.
Foram dois homens, de 25 e 30 anos, que não viajaram para o exterior e nem tiveram contato com viajantes.
O ministério afirmou, em nota, que mantém articulação direta com os Estados para monitoramento dos casos e rastreamento dos contatos dos pacientes.
Na última quinta-feira, o Espírito Santo confirmou os dois primeiros casos da varíola dos macacos. A informação foi divulgada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que recebeu diagnóstico positivo. Os dois pacientes são homens com idades entre 30 e 49 anos, que moram na Grande Vitória. Ambos têm histórico de viagem recente a São Paulo - o Estado que concentra a grande maioria das confirmações da doença no Brasil.
Segundo a Sesa, os pacientes já estão curados. "O período de isolamento desses pacientes já encerrou e ambos estão curados, não trazendo riscos à população", disse por nota.
Os casos foram confirmados quase um mês após a primeira apuração da doença no Estado. Foram cinco suspeitas investigadas até o momento, sendo três descartadas.
No dia 15 de junho, a Sesa divulgou que tomou conhecimento de um tripulante estrangeiro que apresentava sintomas da doença. Era o primeiro caso suspeito no Estado, que acabou sendo descartado.
Desde então, outros duas suspeitas foram investigadas, sendo dois homens com histórico de viagem internacional, mas os testes feitos descartaram a Monkeypox.
A Sesa informou que, no momento, não há um novo caso em investigação para contaminação pela Monkeypox no Estado. A notificação feita na noite de quinta-feira (14) não se enquadrava nos critérios de caso suspeito, por isso, foi descartada na tarde desta sexta-feira (15).
A Sesa esclareceu que os cinco casos notificados são de homens com idades entre 20 e 49 anos e que em todos os pacientes o sintoma de erupções cutâneas estava presente. Além disso, os três casos descartados possuíam histórico de viagem internacional, e os dois casos positivos com histórico de viagem recente ao estado de São Paulo.
De acordo com o Instituto Butantan, os sintomas iniciais da varíola do macaco incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão. Lesões na pele se desenvolvem primeiramente no rosto e depois se espalham para outras partes do corpo, incluindo os genitais. As lesões na pele parecem as da catapora ou da sífilis até formarem uma crosta, que depois cai.
A varíola dos macacos não é uma doença sexualmente transmissível e se espalha através do contato pele a pele. Os sintomas podem ser leves ou graves, e as lesões na pele podem ser pruriginosas ou dolorosas.
Casos mais leves de varíola podem passar despercebidos e representar um risco de transmissão de pessoa para pessoa, que ocorre por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama.
O contato próximo com pessoas infectadas ou materiais contaminados deve ser evitado. Luvas e outras roupas e equipamentos de proteção individual devem ser usados ao cuidar dos doentes, seja em uma unidade de saúde ou em casa.
O diagnóstico da varíola dos macacos é feito por meio da avaliação do histórico de saúde e sintomas apresentados. Para confirmar a doença, é realizada a coleta da secreção da ferida, que é analisada em laboratório, por meio do teste de PCR, com o objetivo de identificar o vírus responsável pela doença.
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), não há tratamentos específicos para a infecção pelo vírus da Monkeypox. Os sintomas costumam desaparecer espontaneamente, sem necessidade de tratamento.
É importante cuidar da erupção deixando-a secar, se possível, ou cobrindo-a com um curativo úmido para proteger a área, se necessário. Evite tocar em feridas na boca ou nos olhos. Enxaguantes bucais e colírios podem ser usados desde que os produtos que contenham cortisona sejam evitados.
Não existem vacinas contra a varíola dos macacos, mas a OMS ressalta que o imunizante para a varíola tradicional, que foi erradicada com a campanha de imunização que durou até a década de 1970, é até 85% eficaz para prevenir casos da versão que se espalha hoje.
Quem nasceu na década de 1980 em diante não recebeu doses da vacina, porque a doença foi considerada erradicada no Brasil em 1973.
O Ministério da Saúde não tem estoques do imunizante contra a varíola, mas o ministro da pasta, Marcelo Queiroga, disse que está trabalhando com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para monitorar a situação.
Caso haja necessidade, o país poderia importar doses via organismos internacionais para vacinar grupos mais vulneráveis, como profissionais de saúde, por exemplo. A vacina não seria exatamente a mesma usada décadas atrás, mas uma versão mais atualizada.
O Instituto Butantan criou um comitê para estudar a produção de vacinas contra a varíola dos macacos. Segundo o órgão, a decisão ocorre por haver "iminência de um possível surto da doença".
O comitê, formado por nove especialistas, tem como atribuições assessorar a entidade para uma eventual produção da vacina. Eles vão conduzir estudos e propostas sobre a viabilidade da produção.
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