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Os sintomas da hepatite em crianças e os cuidados para evitar a doença

Os sintomas da hepatite em crianças e os cuidados para evitar a doença

Ministério da Saúde investiga sete casos no Brasil. Especialistas afirmam que sinais são diversos e prevenção tem recomendações semelhante ao da Covid

Publicado em 6 de maio de 2022 às 08:02

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Maria Fernanda Conti
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Detectada em mais de 20 países, principalmente na Europa, uma nova hepatite virou motivo de preocupação da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Ministério da Saúde investiga sete casos suspeitos no Brasil. A doença desconhecida acende um alerta quanto à necessidade de pais e especialistas ficarem atentos aos sintomas da doença, que é mais rara em crianças.

A origem dessa inflamação, que atinge sobretudo o fígado, permanece uma incógnita. Os principais afetados são as crianças de 1 mês aos adolescentes de 16 anos e, à princípio, ela apresenta os mesmos sintomas de uma hepatite comum (A, B, C, D e E).  

Essa variante "misteriosa" se mostrou diferente apenas no quesito gravidade, já que tem levado um número maior de infectados à necessidade de transplante do órgão. A forma repentina com que o quadro dos pequenos evolui também chamou atenção. De acordo com a OMS, pelo menos uma morte foi confirmada.

A hepatite é um tipo de inflamação do fígado que pode ter diferentes causas, desde vírus até transmissão vertical (da gestante para o bebê). Quando ela acomete o órgão de forma grave, algumas funções vitais do corpo ficam prejudicadas, como o processo de digestão e a eliminação de toxinas no sangue.

Criança doente - medindo temperatura - termômetro - doença - gripe
Febre é um dos sinais da doença. (Shutterstock)

PRINCIPAIS SINAIS

QUAIS OS PRINCIPAIS SINAIS DA HEPATITE INFANTIL?

  • Os sintomas da hepatite são diversos e podem se sobressair a doenças comuns. Uma criança infectada costuma apresentar febre, vômito, diarreia, perda de apetite, náusea, dor de cabeça e incômodos musculares.

Mas o principal indício de que algo está errado é a icterícia (pele e olhos amarelados, que podem se manifestar ao mesmo tempo) – embora seja possível ter inflamação significativa do fígado e não mostrar sinais de icterícia. 

Outros sinais característicos são as fortes dores abdominais, cuja identificação é pelo toque, além de problemas de coagulação que podem causar sangramentos, conforme explica a pediatra Natalle Faria. Algumas crianças podem ter urina mais escura ou fezes pálidas ou cor de barro.

"Na fase aguda, os sintomas são semelhantes a doenças infecciosas comuns. Posteriormente que evoluem para icterícia e hepatomegalia dolorosa. Nesse caso, ele (fígado) distende a cápsula que o reveste, e isso causa muita dor", afirma.

PREVENÇÃO E TRATAMENTO

Para evitar a contaminação pela doença, seja a "misteriosa" ou de A a E, especialistas orientam que os pais devem ficar atentos à carteirinha vacinal dos pequenos, que precisa estar atualizada; lavem bem os alimentos, chupetas, mamadeiras, entre outros; e façam um acompanhamento médico periodicamente. 

De acordo com a pediatra Taís Frigini, é importante ainda instruir os pequenos quanto ao cuidado de higienizar as mãos e evitar tocar o rosto e a boca na medida do possível – muitas das medidas propagadas desde o início da pandemia da Covid-19.

"O vírus pode ser transmitindo pelo ar, por gotículas respiratórias, mas principalmente através do tato. O ideal seria evitar o contato com pessoas que apresentam sintomas gripais ou de gastroenterite. Se a criança estiver com algum mal-estar, por exemplo, não pode ir à escola, pois pode contaminar outros coleguinhas", aponta.

Já no caso da nova hepatite, conforme ela orienta, as crianças devem evitar o contato com pessoas que tenham viajado para os países com registros do surto, uma vez que os riscos ainda são desconhecidos. 

SEM PÂNICO

Segundo o Ministério da Saúde, os casos suspeitos se concentram neste momento quatro no Rio de Janeiro e três no Paraná. No entanto, mesmo que o novo surto da doença esteja se espalhando rapidamente, ainda não há motivo para pânico. 

Os pais devem sempre lembrar que o risco de uma criança saudável desenvolver repentinamente hepatite grave permanece muito baixo e que, neste momento, os alertas estão sendo feitos para que especialistas consigam identificar esses quadros clínicos.

"Claro que nem toda náusea, por exemplo, significa que a criança está infectada. Muito pelo contrário. Os pais não precisam ficar ansiosos, apavorados, pois não detectamos essa doença no País ainda. O que precisamos fazer é um acompanhamento rotineiro com o médico, para que a criança sempre seja examinada de perto, assim como acontece em outras doenças. Caso apareça qualquer sinal de hepatite, o pediatra já estará acompanhando ela", orienta a pediatra Natalle Faria.

PRINCIPAIS TIPOS DE HEPATITES EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

HEPATITE A

  • Sintomas: Os principais sintomas na fase inicial da contaminação são fadiga, mal-estar, febre e dores musculares. Geralmente, eles podem ser seguidos de sintomas gastrointestinais, como enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. Os sintomas costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção e duram menos de dois meses. 
  • Tratamento: Não há nenhum tratamento específico para hepatite A.
  • Prevenção: Lavar as mãos (principalmente após o uso do sanitário, a troca de fraldas e antes do preparo de alimentos); lavar com água tratada, clorada ou fervida os alimentos que são consumidos crus, deixando-os de molho por 30 minutos; cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes; lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras; entre outros.
  • Vacinação: Atualmente, a vacina faz parte do calendário infantil, no esquema de 1 dose aos 15 meses de idade (podendo ser utilizada a partir dos 12 meses até 5 anos incompletos, ou seja, 4 anos, 11 meses e 29 dias).

HEPATITE B

  • Sintomas: Normalmente, se manifestam apenas em fases mais avançadas da doença, através de cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre e dor abdominal. Também há a presença da icterícia, mas em menor quantidade. 
  • Tratamento: Costuma ser realizado com antivirais específicos. 
  • Prevenção: Segundo o Ministério da Saúde, a vacinação é a principal medida de prevenção contra a hepatite B. A testagem das mulheres grávidas também é fundamental para prevenir a transmissão da mãe para o bebê.

HEPATITE C

  • Sintomas: Cerca de 80% dos infectados não manifestam qualquer sintoma da doença. Por isso, a testagem espontânea da população prioritária é muito importante.
  • Tratamento: É feito com os chamados antivirais de ação direta (DAA), que apresentam taxas de cura de mais 95% e são realizados, geralmente, por 8 ou 12 semanas.
  • Prevenção: Não existe vacina contra a hepatite C.

HEPATITE D

  • Sintomas: Quem tem hepatite D pode não apresentar sinais ou sintomas da doença. Quando presentes, os mais comuns são: cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
  • Tratamento: Há um tratamento medicamentoso, mas ele não ocasiona a cura da hepatite D. O objetivo principal é o controle do dano hepático.
  • Prevenção: A vacinação contra a hepatite B também protege de uma infecção com a hepatite D.

HEPATITE E 

  • Sintomas: Embora a infecção ocorra também em crianças, elas geralmente não apresentam sintomas ou apenas uma doença leve sem icterícia que não é diagnosticada. Os sinais e sintomas, quando presentes, incluem inicialmente fadiga, mal-estar, febre, dores musculares.
  • Tratamento: Não tem um tratamento específico.
  • Prevenção: A melhor forma de evitar a doença é melhorando as condições de saneamento básico e de higiene, assim como acontece na hepatite A.

HEPATITE "MISTERIOSA"

  • Sintomas: São parecidos com os sintomas das outras hepatites, mas acabam levando a quadros mais graves da doença – e de forma mais rápida. Em muitos casos, há o risco de transplante de fígado.
  • Tratamento: Ainda não há um tratamento específico para essa nova forma da doença.
  • Prevenção: A melhor forma de evitar a doença é melhorando as condições de saneamento básico e de higiene, assim como acontece na hepatite A e E. Também é importante manter distância de outras pessoas doentes ou que tenham viajado para países com registros desse novo surto. 

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