Detectada em mais de 20 países, principalmente na Europa, uma nova hepatite virou motivo de preocupação da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Ministério da Saúde investiga sete casos suspeitos no Brasil. A doença desconhecida acende um alerta quanto à necessidade de pais e especialistas ficarem atentos aos sintomas da doença, que é mais rara em crianças.
A origem dessa inflamação, que atinge sobretudo o fígado, permanece uma incógnita. Os principais afetados são as crianças de 1 mês aos adolescentes de 16 anos e, à princípio, ela apresenta os mesmos sintomas de uma hepatite comum (A, B, C, D e E).
Essa variante "misteriosa" se mostrou diferente apenas no quesito gravidade, já que tem levado um número maior de infectados à necessidade de transplante do órgão. A forma repentina com que o quadro dos pequenos evolui também chamou atenção. De acordo com a OMS, pelo menos uma morte foi confirmada.
A hepatite é um tipo de inflamação do fígado que pode ter diferentes causas, desde vírus até transmissão vertical (da gestante para o bebê). Quando ela acomete o órgão de forma grave, algumas funções vitais do corpo ficam prejudicadas, como o processo de digestão e a eliminação de toxinas no sangue.
Os sintomas da hepatite são diversos e podem se sobressair a doenças comuns. Uma criança infectada costuma apresentar febre, vômito, diarreia, perda de apetite, náusea, dor de cabeça e incômodos musculares.
Mas o principal indício de que algo está errado é a icterícia (pele e olhos amarelados, que podem se manifestar ao mesmo tempo) – embora seja possível ter inflamação significativa do fígado e não mostrar sinais de icterícia.
Outros sinais característicos são as fortes dores abdominais, cuja identificação é pelo toque, além de problemas de coagulação que podem causar sangramentos, conforme explica a pediatra Natalle Faria. Algumas crianças podem ter urina mais escura ou fezes pálidas ou cor de barro.
"Na fase aguda, os sintomas são semelhantes a doenças infecciosas comuns. Posteriormente que evoluem para icterícia e hepatomegalia dolorosa. Nesse caso, ele (fígado) distende a cápsula que o reveste, e isso causa muita dor", afirma.
Para evitar a contaminação pela doença, seja a "misteriosa" ou de A a E, especialistas orientam que os pais devem ficar atentos à carteirinha vacinal dos pequenos, que precisa estar atualizada; lavem bem os alimentos, chupetas, mamadeiras, entre outros; e façam um acompanhamento médico periodicamente.
De acordo com a pediatra Taís Frigini, é importante ainda instruir os pequenos quanto ao cuidado de higienizar as mãos e evitar tocar o rosto e a boca na medida do possível – muitas das medidas propagadas desde o início da pandemia da Covid-19.
"O vírus pode ser transmitindo pelo ar, por gotículas respiratórias, mas principalmente através do tato. O ideal seria evitar o contato com pessoas que apresentam sintomas gripais ou de gastroenterite. Se a criança estiver com algum mal-estar, por exemplo, não pode ir à escola, pois pode contaminar outros coleguinhas", aponta.
Já no caso da nova hepatite, conforme ela orienta, as crianças devem evitar o contato com pessoas que tenham viajado para os países com registros do surto, uma vez que os riscos ainda são desconhecidos.
Segundo o Ministério da Saúde, os casos suspeitos se concentram neste momento quatro no Rio de Janeiro e três no Paraná. No entanto, mesmo que o novo surto da doença esteja se espalhando rapidamente, ainda não há motivo para pânico.
Os pais devem sempre lembrar que o risco de uma criança saudável desenvolver repentinamente hepatite grave permanece muito baixo e que, neste momento, os alertas estão sendo feitos para que especialistas consigam identificar esses quadros clínicos.
"Claro que nem toda náusea, por exemplo, significa que a criança está infectada. Muito pelo contrário. Os pais não precisam ficar ansiosos, apavorados, pois não detectamos essa doença no País ainda. O que precisamos fazer é um acompanhamento rotineiro com o médico, para que a criança sempre seja examinada de perto, assim como acontece em outras doenças. Caso apareça qualquer sinal de hepatite, o pediatra já estará acompanhando ela", orienta a pediatra Natalle Faria.
HEPATITE A
HEPATITE B
HEPATITE C
HEPATITE D
HEPATITE E
HEPATITE "MISTERIOSA"
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta