Na noite de Natal, Papai Noel se esforça muito para entregar presentes para as crianças em todo o mundo. Mas vamos combinar, é preciso muita magia para que o bom velhinho consiga cumprir sua meta saindo lá do Polo Norte, com aquela roupa super quente, e enfrentar as altas temperaturas do Hemisfério Sul, ainda mais nesta época do ano.
Que o digam os moradores do Espírito Santo, onde o índice ultravioleta, que mede a intensidade da radiação, chega a 11, o nível extremo. Sem contar a temperatura, que pode ultrapassar os 40 graus. Haja calor! Então para e pensa: mas se o Papai Noel fosse capixaba, que roupa usaria? Ele andaria de trenó ou de carro? E como deveria ser a árvore de Natal típica do Espírito Santo, onde ele depositaria os presentes?
Para responder a essas perguntas, pedimos ajuda a dois especialistas: Josué Vasconcelos, professor de Design de Moda, e Joilma Ruberth, professora de Design de Interiores, que dão aulas na Faesa. Na animação abaixo você vai conhecer um pouco das nossas descobertas sobre os mistérios de Noel em solo capixaba. Mas antes vamos te antecipar uma novidade: o bom velhinho não resistiu às nossas tradições culturais e passou por uma verdadeira repaginada. Confira:
A FORÇA DAS TRADIÇÕES
Os professores Josué Vasconcelos, de Design de Moda, e Joilma Ruberth, de Design de Interiores, lançaram mão das tradições culturais do interior do Espírito Santo para ajudar Noel a se livrar da roupa vermelha, quentinha, adequada ao Polo Norte, mas que não combina em nada com o calor dos trópicos.
O professor Josué recorreu ao Ticumbi, um rito folclórico típico do Norte do Estado. “As imagens do duelo de dois reis pela possibilidade de realizarem uma festa para São Benedito marcou a minha infância. Impressiona as imagens daquele povo, de maioria negra do Norte do Estado, com roupas brancas, chapéus floridos, numa roda, fazendo danças ritmadas, algo alegre e colorido. Quando penso em Noel, eles tipificam bem a imagem”, relata.
E no contexto da pandemia, avalia o professor, a união destas duas tradições - Ticumbi e Noel - trariam não só a alegria da comemoração do nascimento, mas ainda a comemoração pela possibilidade de estarmos vivos e podermos curtir mais um Natal. “Esta alegria se faz presente e é fundamental, o presente mais desejado por todos nós, como compensação por tanta tristeza, por não estarmos vivendo como gostaríamos. Mas também é sinal de que precisamos refletir sobre a possibilidade de nos reciclarmos”, pondera.
Assim como os reis do Ticumbi, o Noel capixaba optaria por uma roupa branca, que lhe traria mais frescor, mais adequada ao clima. “Usaria uma calça de linho branco, uma camisa de cambraia de linho branca, chapéu que pode ser um panamá branco com as flores capixabas, como orquídeas e hortênsias. Poderia ter ainda um colibri, como se pudesse trazer sonoridade para a alegria, além de fitas, que poderiam simbolizar as cores da bandeira capixaba, fazendo espectro do branco off white, passando pelo rosas até o azul, abarcando o lilás das hortênsias das nossas montanhas”, elabora.
Nos pés, uma sandália bem leve de tiras de couro, representando nosso artesanato. Para carregar os presentes, uma sacola de palha. “Ou um puça, típico dos pescadores, mas que, por ser mais elástico, serviria para carregar os presentes. E com uma barba grisalha mais curta, sobre a pele negra”, imagina Josué.
E como deixamos a tradicional roupa vermelha lá no Polo Norte, nada de Noel usar cinto. “Sem gorro e arrocho na cintura. Ele estaria bem liberado, leve e solto, como é o espirito do nosso povo, e como gostaríamos de ter esta liberdade novamente”, diz.
Josué observa que o Papai Noel capixaba nos traz uma visão mais equilibrada, positiva, intervencionista no sentido de batalhar para, com consciência, enfrentarmos esta pandemia. “Que ele nos traga um presente universal, a vacina contra a Covid-19, para suplantarmos este momento tão difícil”, assinala.
FOLIA DE REIS E PASTORINHAS
Como no Espírito Santo não temos neve ou chaminé, a decoração natalina também teria que passar por mudanças para termos um Natal tipicamente capixaba, começando pela própria árvore de Natal. Uma sugestão da professora Joilma seria um pé de café, típico de nossa terra, no lugar do tradicional pinheiro de plástico. “Pode-se lançar mão das frutas do café, que passa do verde ao amarelo e o vermelho, quando maduras. Ele pode ser colocado em um vaso em casa”, destaca.
Outra alternativa, também em um vaso, seria um pé de jasmim-manga, que possui flores perfumadas que variam nas cores branca, vermelha, amarela e rosa.
E a decoração? É quando entram outras tradições culturais do Espírito Santo. “É uma decoração que me remete às danças da Folia dos Reis e das pastorinhas. Traria os tambores, a rebeca - uma espécie de violino rústico -, a viola caipira, flautas, além dos cestos de flores das pastorinhas. Nesta árvore também iria o beija-flor, lembrança de Santa Teresa, além de estrelas do mar, cavalos-marinhos e peixes como o dourado e o vermelho”, destaca Joilma.
No pé desta árvore capixaba, redes de peixe e cestos de palha com presentes e flores como hortênsias e orquídeas. E ainda panelas de barro, enfeitadas com com o quase vermelho das sementes de urucum. “Uma das lições da pandemia é de que este é o momento de valorizar o que tem na nossa terra, de lembrar das nossas raízes. É hora de acolher quem está ao seu lado, aproveitar o momento e se voltar para o nosso Estado”, pondera Joilma.
APÓS TANTO TRABALHO, É HORA DE FÉRIAS, NOEL
Quando finda a noite de Natal e, após tanto trabalho, é hora do bom velhinho descansar. E já que Noel está no Espírito Santo nada melhor do que aproveitar as belezas naturais que o Estado oferece.
O professor Josué sugere uma esticada até Conceição da Barra e Itaúnas. “Mas, se preferir, pode optar pelas praias de Guarapari, como Meaípe, que adoro, ou até circular pela Região Serrana para se refrescar e recompensar as energias gastas com o nosso calor”, sugere.
O Estado conta com mais de 410 quilômetros de litoral. Pode ainda andar de trem, fazer uma bela trilha pelos nossos parques ou optar por cachoeiras da Região do Caparaó. “Vale visitar os nossos centros de artesania, como as paneleiras, e aproveita para saborear as delícias da nossa gastronomia, como a moqueca capixaba, feita na panela de barro”, lembra Joilma.
Bom, Noel, como a pandemia do novo coronavírus ainda é um dos nossos grandes problemas, não esqueça das dicas do secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes: use máscara, higienize as mãos e, mesmo sendo famoso, evite aglomerações, tá?
Boas férias. E até o próximo ano.
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