O que três pessoas de realidades e origens diferentes podem ter em comum? Nem todos são capixabas, mas todos moram no Espírito Santo e promovem, de alguma maneira, o bem do outro. Seguindo a máxima de gentileza gera gentileza, esses três personagens dão uma aula de voluntarismo. Durante todo o ano, eles espalham bondade.
O bem afeta pessoas em situação de rua, animais vítimas de maus-tratos e crianças de famílias sem condição financeira, por exemplo, para comprar um brinquedo no aniversário. É como se eles fossem Papais Noéis da vida real.
Não vestem a roupa vermelha, também não colocam os presentes em sacos, tampouco andam de trenó. Eles gastam a sola de sapato e se colocam à disposição dos grupos que mais precisam.
A Gazeta conversou com três Papais Noéis da vida real. Em vídeo, eles contam mais sobre a atuação e o que sentem quando ajudam o próximo. Todos reforçam o trabalho coletivo e a importância da gentileza.
Adolescente se envolve em trabalho voluntário e ajuda crianças
Com apenas 16 anos, a estudante Marina Cunico lidera grupos de voluntários e tem uma década de histórias para contar. A adolescente faz da casa da mãe, em Vitória, um lugar de arrecadação de roupas e brinquedos. Anualmente, ela organiza a "Lojinha da Marina", evento beneficente em que crianças fazem atividades esportivas e educacionais e têm oportunidade de ganhar roupas e brinquedos novos.
Marina começou a atuar em projetos sociais aos 6 anos de idade, quando trocou uma festa de aniversário por um evento beneficente pago pela família.
Marina Cunico
Estudante de 16 anos
"Quando a gente doa uma roupa ou um brinquedo, a criança vai ficar muito feliz. Para quem não tem nada, um pouquinho já é muito. Para elas, é uma outra realidade, muito diferente"
Marina fala com alegria nos olhos sobre os projetos nos quais atua. Desde a arrecadação de brinquedos até o recolhimento de lixo nas praias, a pouca idade não impede que ela esteja na linha de frente do trabalho voluntário.
“É muita confiança que as pessoas têm de transformar a gente em ponte. Eu sou uma ponte de pessoas. Reúno os materiais e doo para quem não tem. Eu acho que a gente parece uma oficina do Papai Noel, mas o ano inteiro. Todo ano a gente ajuda com alguma coisa. E durante o ano são várias ações diferentes”, afirma.
Bióloga cuida de cães e gatos resgatados nas ruas
Por ser bióloga, a área de atuação naturalmente levou Marina Mello, de 30 anos, ao grupo do Patinhas Carentes. O envolvimento com o projeto, no entanto, é recheado de emoção e maior do que ela imaginava no começo da trajetória, há 8 anos. Ela começou com uma ajuda semanal e hoje é uma das líderes do grupo.
Nas redes sociais, espaço onde o Patinhas Carentes acumula mais de 45 mil seguidores, a organização não governamental dá o recado: "Buscamos fazer do abrigo um recomeço para animais resgatados". Essa é a tarefa de Marina Mello, que recebeu A Gazeta no abrigo do Patinhas.
Marina Mello
Bióloga integrante do Patinhas Carentes
"Cada processo do animal é único, cada animal tem a sua história. Cada resgate é muito difícil, porque precisamos ter o custo para despesa em caixa, mas precisamos também ter o espaço para abrigar o animal. Às vezes, o animal está muito debilitado, é assim que a gente resgata. Seja por doença, machucado ou desnutrição"
Os voluntários são organizados em grupos de mensagens, onde as pessoas se manifestam sobre itens disponíveis para doação, interesse em adotar pets, além das tradicionais feirinhas, que são promovidas pelo Patinhas e oferecem produtos da marca, como camisas.
Médico veterinário se doa para o bem de pessoas em situação de rua
A sexta-feira à noite é de compromisso para um médico veterinário que nasceu em Minas Gerais, mas está há 20 anos no Espírito Santo. Fabiano Fiuza, de 47 anos, veio a trabalho, mas tem promovido o bem para pessoas em situação de rua com alimentos, água, café, cobertores, mas, sobretudo, atenção para quem não tem condições mínimas.
Às 20h, o grupo se reúne na sede do Kombi Fraterna, no Bairro República, em Vitória. A organização nasceu dentro de um Centro Espírita, mas se espalhou e mobiliza pessoas de várias religiões. O grupo é formado por dezenas de voluntários que se revezam semanalmente.
Fabiano Fiuza
Médico veterinário e integrante do Kombi Fraterna
"Estar aqui é um propósito de levar amor e trazer amor, é enxergar um ser humano que muitas vezes vive no limite da existência. A impressão de quem chega aqui é de ajudar, mas no fim você mesmo é ajudado"
Desde que Fabiano chegou ao grupo, há quase seis anos, o grupo não se encontrou apenas em uma oportunidade: em uma sexta-feira em meio à greve da Polícia Militar no Estado, em 2017.
“Às vezes, a troca de um olhar pode significar muito para aquela pessoa em situação de rua. O convite é para que as pessoas ouçam as ruas. Converse, pergunte a necessidade. Acho que a nossa sociedade precisa valorizar as trocas. É com as trocas que a gente se transforma para melhor”, comenta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.