Um peixe pescado nas águas do rio Itapemirim, no Litoral Sul do Espírito Santo, acendeu um alerta entre os especialistas. O peixe é uma variedade de tucunaré, que embora possa ser encontrado nas águas do Estado, é originário de outras regiões do país, como a amazônia. O problema, explicam os biólogos, é que, por se tratar de uma espécie carnívora, predadora de outros peixes, pode causar desequilíbrios ecológicos.
O animal foi pescado no dia 23 de dezembro por um morador conhecido como Renato. O ponto onde o tucunaré foi retirado da água fica próximo à localidade de Barra Seca.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Itapemirim, Wagner Mendonça, que é consultor industrial em pesca e segurança alimentar, o tucunaré é um peixe originário da bacia amazônica (também encontrado no Pantanal) e, naturalmente, não habita nos rios do Sudeste do Brasil. Ele suspeita que o exemplar pescado pelo morador tenha fugido de algum cativeiro.
“Isso acende um sinal de alerta, já que este é um peixe carnívoro e pode causar um desequilíbrio ambiental, pois consome outros peixes, e as espécies naturais da nossa região não conhecem o tucunaré e não o identificam como predador”, explicou o Mendonça.
O secretário de Desenvolvimento Econômico disse ainda que somente receberam este registro até o momento na região Sul capixaba. Caso mais pessoas encontrem esse tipo de peixe, ele destaca que é importante que informem aos órgãos ambientais antes que o animal se alastre na região.
Por outro lado, o biólogo e ictiólogo – isto é, especialista em peixes – João Luiz Rosetti Gasparini, explicou que, no Estado, há a presença de ao menos duas espécies de tucunarés, conhecidas desde a década de 70. "Principalmente nos rios do Norte do ES", destacou.
Segundo ele, nunca é muito seguro identificar espécies apenas por fotos, pois há espécies muito parecidas entre si. "Mas parece ser a espécie Cichla kelberi. Uma espécie do Brasil central, encontrada no Pantanal", apontou dizendo qual poderia ser a espécie da imagem acima.
O biólogo também disse que é preciso planejar e executar um estudo, bem como um monitoramento de longo prazo das espécies de peixes invasoras (exóticas) nos cursos d´água no Estado.
"Não há muito controle e as pessoas conseguem comprar alevinos e trazer de diversos locais do mundo. O Brasil tem fronteiras imensas e há traficantes de animais se prestam a esse papel ilegal. Trazem bagres da África, da Ásia – algumas espécies que ficam imensas e com potencial destrutivo de outras espécies de peixes nativos assustador", completou.
Em dezembro de 2017, um outro tucunaré foi pescado nas águas do rio Itapemirim, porém, em Cachoeiro de Itapemirim. Na época, a ambientalista Dalva Ringuier também alertou sobre o risco do crescimento da espécie no afluente.
“Tem boa carne, pouca espinha, porém, sua criação é proibida no Brasil. É um peixe predador e que cresce rápido, diferente das espécies comuns do rio, que têm uma reprodução um pouco mais lenta. Ela pode acabar com as espécies que aqui existem. Então, é uma preocupação muito grande porque o rio já tem 15 espécies invasoras”, comentou a ambientalista Dalva Ringuier.
A reportagem consultou um especialista em peixes, que detalhou sobre a espécie pescada em Itapemirim. O texto e o título foram atualizados
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