> >
Português e Matemática: maioria dos alunos sai do ensino médio sem saber o básico no ES

Português e Matemática: maioria dos alunos sai do ensino médio sem saber o básico no ES

Resultados das provas do Paebes em 2021 mostram que boa parte dos alunos da rede pública tem ingressado em universidades ou no mercado do trabalho com deficiências em conhecimentos básicos

Publicado em 18 de fevereiro de 2022 às 17:50- Atualizado há 3 anos

Ícone - Tempo de Leitura 3min de leitura

Porta de entrada para universidades, cursos técnicos ou até mesmo o mercado de trabalho, o terceiro ano do ensino médio encerra o ciclo da educação básica, iniciado ainda no ensino fundamental. E mesmo com tantos anos de estudo, a maioria dos estudantes do Espírito Santo chega ao final desta fase sem ter aprendido o necessário de Português e Matemática.

Resultados da prova do Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo (Paebes) 2021, divulgados nesta sexta-feira (18) pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu), apontam que, no ano passado, os alunos do terceiro ano médio atingiram média de 286 nas duas disciplinas avaliadas, sendo que para alcançar o nível de proficiência, que indica que o resultado esperado foi alcançado, o patamar exigido fica entre 325 e 375.

Fotos de sala de aula vazia - banco de imagens
Sala de aula: resultados do ensino médio capixaba em baixa. (Freepik)

Em Língua Portuguesa, 40% dos estudantes alcançam o nível básico, e 20% ficam abaixo do básico. Ou seja, 6 em cada 10 alunos não conseguiu alcançar a proficiência.

Já na Matemática, os resultados são ainda mais preocupantes, sendo que 43% dos alunos estão abaixo do nível básico, e 35% tem apenas um desempenho básico nos estudos da área. Isto é, em média, 78% dos veteranos sabe menos que o indicado.

O Paebes, geralmente, é aplicado anualmente, mas, devido à pandemia, a rede estadual unificou os currículos, juntando 2020 e 2021. O mesmo ocorreu com a avaliação do ensino fundamental, que avalia o desempenho de alunos de 1º, 2º, 3º, 5º e 9º ano .

Embora sejam referentes aos dois últimos anos, segundo o secretário de Estado da Educação, Vitor de Angelo, os resultados não podem ser explicados como fruto, unicamente, dos impactos da crise sanitária na educação. Os resultados ficaram praticamente estagnados em relação ao período pré-pandemia.

“A pandemia por si só teve um impacto menor nesses dados. Embora muito preocupantes, já eram preocupantes anteriormente. É preciso reconhecer que já havia uma 'pandemia' antes da Covid-19, então, não devemos usar a pandemia como uma justificativa única para essa queda.”

Ainda que não seja uma justificativa única, na avaliação da professora e consultora educacional Maria José Cerutti, o impacto da pandemia nesses resultados, e, mais do que isso, na vida desses estudantes, não pode ser desconsiderado.

“Nós temos que considerar que ensino médio é consequência do ensino fundamental, é uma cadeia. Eles já vinham com certas dificuldades. Mas, com a chegada da pandemia, os alunos se acomodaram. Anteriormente, havia uma expectativa, uma pressão maior, uma preparação em relação ao Enem. Já durante o período de estudo remoto, muitos nem mesmo assistiam as aulas”, observa.

Ela considera que é o momento de rever estratégias para 2022 e, também, para os anos seguintes. “Agora estamos retomando as atividades como de costume. Houve estabilidade? Não houve ainda. Agora é que realmente começa a atividade puramente presencial. No ano passado ainda houve um ensino híbrido, um rodízio. E não é culpa de ninguém, é culpa das circunstâncias. Ninguém estava realmente preparado para lidar com as mudanças forçadas pela pandemia.”

A doutora em Educação e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Cleonara Maria Schwartz pondera que as perdas do ensino remoto tiveram sim um peso no desempenho final desses alunos.

“Não é a mesma coisa. Na escola, o estudante consegue solucionar a dúvida em tempo real, tem uma outra dinâmica, os estudantes perguntam todos ao mesmo tempo, o professor vai respondendo, cria-se um debate. No ensino remoto, isso não é possível. Às vezes o aluno deixou mesmo de interagir porque foi desistindo, foi ficando desestimulado. E com certeza esse aluno vai sair do ensino médio com fragilidades.”

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais