Hortaliças são cultivadas na Horta do Amanhã em Vitória
Hortaliças são cultivadas na Horta do Amanhã em Vitória. Crédito: Vitor Jubini

Projeto planta orgulho em comunidade de Vitória

Projeto Circuito Verde revitaliza áreas degradadas no Morro do Jaburu, na Capital. Locais de ponto de lixo viraram hortas comunitárias

Tempo de leitura: 3min
Publicado em 10/10/2024 às 19h24

A formação da comunidade do Jaburu, em Vitória, tem origem naqueles que deixaram a roça para tentar a vida na capital do Espírito Santo. Uma prova deste vínculo com a terra pode ser percebido nas diversas plantas e árvores espalhadas pelas escadarias do bairro. No entanto, esta habilidade no trato com a terra não foi suficiente, e muitos outros espaços que poderiam ser aproveitados para o plantio, viraram depósitos de lixo, um dos maiores problemas do bairro.

Cosme Santos, Dilse Rodrigues e Renan Grisoni (com óculos). Horta do Amanhã no Morro do Jaburu, em Vitória
Cosme Santos, Dilse Rodrigues e Renan Grisoni na Horta do Amanhã no Morro do Jaburu, em Vitória. Crédito: Vitor Jubini

Revitalização e sustentabilidade transformam o Morro do Jaburu

Na tentativa de transformar essa realidade, a comunidade, com auxílio do Instituto Unimed, criou o Projeto Circuito Verde, destinado a revitalizar áreas, elaborar espaços culturais e hortas pelo morro, contribuindo para revitalização de áreas degradadas e possibilitando o início de um circuito turístico comunitário.

A gestora do instituto, Milene Mello, explica que um dos princípios do cooperativismo “é desenvolver e apoiar projetos sociais em suas regiões de atuação, principalmente aqueles que ajudem o desenvolvimento comunitário e que cooperem com o crescimento de comunidades integradas, capazes de promover seus ativos e sua sustentabilidade”.

Cosme Santos, 55 anos, agente de desenvolvimento local , conta que a revitalização do local era um desejo antigo da comunidade. “Aqui era um ponto de lixo, era um local que incomodava muito os moradores em volta. Aí surgiu a ideia de fazer uma horta, para produzir alimentos e acabar com a sujeira”.

Horta do Amanhã no Morro do Jaburu, em Vitória
Tomate plantado na horta comunitária em Vitória. Crédito: Vitor Jubini

Parceria especializada para superar os desafios

Para implementar um projeto tão significativo foi necessário apoio de várias frentes. Para superar o desafio de construir um espaço para o plantio em uma área de topografia íngreme, a comunidade recorreu a uma ONG composta por arquitetos dispostos a projetar espaços que valorizassem a comunidade de forma sustentável.

Renan Grisoni, 41 anos, membro da Onze 8, recorreu à técnica de terraços, ela amortece o volume intenso de água que escorre no morro durante as chuvas e, ao mesmo tempo, fornece espaço para assentar a terra fértil que gera folhas e frutos. “Foi um desafio enorme por conta da declividade do terreno e das chuvas, um lugar complexo. A ideia foi facilitar o plantio, construindo um recurso utilizado pelos incas, os platôs, que possibilitam o cultivo e drenam a água. Também trabalhamos a ideia de sustentabilidade na construção quando reaproveitamos muitos materiais descartados por aqui”, diz.

Cosme Santos, Dilse Rodrigues e Renan Grisoni (com óculos). Horta do Amanhã no Morro do Jaburu, em Vitória
Comunidade participa na revitalização dos espaços. Crédito: Vitor Jubini

Tradição com a terra enriquece a plantação

Nascida na roça, a dona de casa Dilse Joana Rodrigues, 72 anos, levou sua horta para além de seu limite domiciliar. A filha de lavradores criada no interior assumiu a missão de semear, adubar, regar e colher os frutos da Horta do Amanhã.

Dilse Joana Rodrigues

Dona de casa

"Eu sempre tive minha hortinha em casa e conheci este espaço. Aqui eu planto alface, cebolinha, coentro, salsinha, mostarda, couve, jiló, almeirão, tomate e chuchu. Tudo que der para plantar, a gente planta. Dá para fazer uma feira”, conta Dilse esbanjando bom humor e disposição "

Orgulho

Horta do Amanhã no Morro do Jaburu, em Vitória
A pimenta dedo-de-moça plantada na horta no Jaburu. Crédito: Vitor Jubini

Mais que gerar alimentos para a população da comunidade, o Projeto Circuito Verde, se torna uma experiência multiplicadora e mexe com o sentimento de uma comunidade marcada pelos desafios de áreas periféricas dos centros urbanos, como relata Cosme Santos.

”Depois que a gente fez estas intervenções e construímos as hortas, vimos que outros moradores passaram a fazer canteiros nos becos, nas ruas, em frente à casa e nos quintais. Os moradores ficam mais orgulhosos porque em um passado recente nossa comunidade era taxada como um local que tinha acúmulo de lixo, e com o Circuito Verde, tem mudado, as pessoas estão plantando e limpando, cuidando mais do nosso bairro".

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.