Mais de 13 mil alunos ficaram sem aulas devido a um protesto de professores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) nesta segunda-feira (15). A manifestação, que foi nesta manhã, afetou o campus de Goiabeiras, em Vitória, e cancelou também as atividades previstas para a tarde e noite na unidade, e também as aulas em Maruípe, onde 2.129 alunos estão matriculados.
A iniciativa faz parte de uma série de ações grevistas dos docentes, que começaram a paralisação nesta segunda em busca de melhorias salariais. Em Goiabeiras, as entradas da universidade foram bloqueadas, impedindo as atividades no local, que tem 11.167 estudantes.
Com os portões fechados, a Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Experimental de Vitória, que fica dentro do campus de Goiabeiras, não funcionou. O colégio é administrado pela prefeitura da Capital e conta com 445 alunos.
"Para garantir a continuidade do processo educacional, os profissionais da escola realizarão planejamento remoto. O dia letivo será recuperado no dia 21 de junho", segundo a Secretaria de Educação da cidade.
Segundo a Associação dos Docentes da Ufes (Adufes), ao contrário da Capital, os outros campi da Ufes têm atividades mesmo com a greve. "Em Alegre não houve fechamento de portões. Os professores estão se organizando e haverá uma campanha sobre os motivos da greve, com montagem de tenda, produção de material sobre a greve e rodas de conversa nos próximos dias convocando para a adesão ao movimento. Em São Mateus, as ações ainda estão sendo definidas", informou o órgão.
A greve foi anunciada na última terça-feira (9) em Assembleia dos Docentes da Ufes (Adufes). A reivindicação é para 22,71% de reajuste, dividido em três parcelas iguais em 2024, 2025 e 2026. Já o governo federal propõe reajuste zero para este ano, e dois reajustes de 4,5% em 2025 e 2026. Os professores também cobram a equiparação dos benefícios e auxílios com os dos servidores do Legislativo e do Judiciário.
Além da atual greve dos docentes, servidores das áreas técnicas e administrativas da Ufes estão em greve desde março, também em busca de melhorias nas condições de trabalho e valorização salarial.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Ufes (Sintufes), a principal reivindicação é a reestruturação do Plano de Carreira dos Cargos Técnicos (PCCTAE) e o reajuste salarial de 34,32%, também defendido por outros servidores federais.
Desde a última terça-feira, com as mesmas reivindicações, o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) está em greve. Segundo o instituto, de suas 23 unidades, duas estão com as aulas suspensas: campi de Viana e de Centro-Serrano, que fica em Santa Maria de Jetibá. Segundo o instituto, que conta com mais de 30 mil estudantes no Espírito Santo, ainda não é possível estimar quantos alunos foram prejudicados por conta da paralisação, já que ainda não há dados sobre a adesão dos professores. A organização também está com greve dos servidores que atuam na área administrativa.
Ainda de acordo com o Instituto Federal, os demais campi estão em funcionamento e quaisquer prejuízos às atividades letivas e administrativas deverão ser compensados posteriormente nos locais adeptos à paralisação.
Em nota enviada à reportagem de A Gazeta, a Adufes informou que solicitou à Reitoria da Ufes que “o calendário acadêmico seja suspenso para que não haja prejuízo às/aos estudantes, assim como a permanência do funcionamento do restaurante universitário (RU) e manutenção de auxílios e bolsas das/dos discentes”.
Na manhã desta segunda, os restaurantes universitários de Goiabeiras e Maruípe não funcionaram. A Ufes diz que devido ao fechamento dos portões, os caminhões com os alimentos não conseguiram entrar nos campi. Mas a Adufes contesta a informação, dizendo que não houve proibição da entrada dos veículos com comida.
“A Administração Central da Ufes informa que as atividades do turno vespertino do campus de Maruípe serão suspensas nesta segunda-feira, 15. A suspensão é necessária porque, devido ao bloqueio dos portões de acesso ao campus de Goiabeiras, não foi possível viabilizar o funcionamento do Restaurante Universitário (RU), o que comprometeu o fornecimento de refeições para os restaurantes dos campi de Goiabeiras e Maruípe. A suspensão das atividades no turno vespertino visa a minimizar os prejuízos aos estudantes que dependem dos RUs”, informou a Ufes, por meio de suas redes sociais.
A Adufes disse que adquiriu 600 marmitas para estudantes que recebem assistência estudantil, e que a responsabilidade do fechamento do RU seria da Ufes. Confira abaixo:
Diante das reivindicações grevistas ao redor do Brasil, o Ministério da Educação (MEC) informou que está buscando alternativas de valorização dos servidores da educação.
“No ano passado, o governo federal promoveu reajuste de 9% para todos os servidores. Equipes da pasta vêm participando da mesa nacional de negociação e das mesas específicas de técnicos e docentes instituídas pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), e da mesa setorial que trata de condições de trabalho”, divulgou o MEC, por meio de nota.
Como a greve é de tempo indeterminado, a Ufes anunciou que dará informes diários sobre o que estará ou não em funcionamento em seus campi. Por sua vez, o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) não esclareceu quais são os serviços que serão mantidos no período de greve. Diante da demanda da reportagem, o órgão se limitou a divulgar que "a regularidade da prestação de serviços deve ser mantida, sob pena de que se configure o abuso de direito, atentando-se especialmente para atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade".
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