Febre e dor são alguns dos sinais típicos que o corpo envia quando não está saudável. No entanto, o que muitas pessoas não sabem é que existem doenças que não apresentam sintomas nas fases iniciais. E isso pode atrasar o tratamento ou dificultar as chances de cura.
Algumas delas são até conhecidas pela comunidade médica, como diabetes, hipertensão, depressão e hepatites. Apesar de mais populares, todas são silenciosas e têm sintomas que podem ser confundidos com outras enfermidades, além de passarem despercebidos.
Outras doenças, no entanto, são menos conhecidas, mas tão graves quanto. Uma delas é o Linfoma de Hodking, caracterizada por câncer no sistema linfático. Segundo o médico cirurgião de cabeça e pescoço Marco Homero, a enfermidade dá poucos sinais e os sintomas na fase inicial, como caroços em algumas regiões do corpo, no pescoço e nas axilas, podem passar despercebidos.
“Há o grande risco de que o diagnóstico precoce não seja feito. E, muitas vezes, quando o paciente descobre a doença, a progressão já está acelerada, tornando-se um câncer avançado”, alerta Homero.
As doenças intestinais inflamatórias também podem ser silenciosas e causar problemas sérios quando não diagnosticadas correta e precocemente. De acordo com informações do Ministério da Saúde, cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com alguma das enfermidades do intestino e os números estão em ascensão.
Para o cirurgião do aparelho digestivo Gibran Sassine, é preciso que as pessoas fiquem atentas aos sinais do corpo. “A síndrome do intestino irritado (ou SII) é uma doença silenciosa e que não tem uma causa orgânica específica. Ela pode ser causada por fatores como estresse e ansiedade. O paciente sente dor abdominal e intestinal, diarreia e alterações nas fezes”, diz.
O especialista explica que as doenças intestinais podem impactar na diminuição significativa da qualidade de vida dos doentes, sobretudo se não estiver controlada.
Outra doença que merece atenção é a endometriose, realidade de cerca de 10% da população feminina do Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com a ginecologista Thaissa Tinoco, os sintomas mais comuns são cólicas menstruais intensas e desconforto na relação sexual. “Mas muitas vezes, quando os sintomas são mais brandos, as mulheres julgam serem normais. Nesses casos, o diagnóstico precoce se torna mais difícil”, lamenta.
O câncer de ovário, mesmo quando já está avançado, tem sintomas que podem ser confundidos com manifestações comuns de outras enfermidades, como a sensação de indigestão, explica a oncologista Virgínia Altoé Sessa. “O tumor é o terceiro câncer ginecológico mais comum entre as mulheres. Ele geralmente se manifesta no período posterior à menopausa, mas pode acometer jovens em idade reprodutiva”.
A médica alerta que não existe um exame de rastreio para o câncer de ovário, como a mamografia, para o de mama; e o Papanicolau, específico para detectar o câncer de colo de útero. Por isso, a recomendação é que as mulheres não faltem às visitas anuais ao ginecologista, além de ficarem de olho no seu histórico de saúde familiar. “O tumor de ovário é o mais letal dos tumores ginecológicos. Então, quanto antes for detectado, maiores serão as opções de tratamento”.
A boca também pode abrigar situações graves, como a periodontite e o câncer de boca. Quando os sintomas não são observados no início, desencadeiam problemas sérios, podendo levar à morte. De acordo com a cirurgiã-dentista especializada em odontologia oncológica, Beatriz Coutens, essas duas doenças raramente causam dor.
“No caso da periodontite, o paciente pode conviver por anos com esta condição, antes de chegar a um diagnóstico da doença. O câncer de boca, por sua vez, não apresenta praticamente nenhum sintoma no estágio inicial. É muito importante um acompanhamento periódico com um dentista não apenas para tratar problemas nos dentes, como cáries. Esse profissional é especialista na cavidade oral e avalia a boca como um todo”, pontua Coutens.
A periodicidade ideal, segundo a cirurgiã-dentista é de seis em seis meses. Quando os pacientes apresentam alguma doença mais grave, esse intervalo pode ser menor, seja trimestral ou quadrimestral.
Para prevenir doenças silenciosas, o médico cirurgião Marco Homero salienta que é fundamental que a pessoa conheça o próprio corpo para conseguir identificar alterações visíveis a olho nu ou com o tato.
“Na hora de escovar os dentes, examinar a boca; ficar atento às manchas e pintas que aparecem na pele ou que mudam de coloração. No caso das mulheres, a prática constante do autoexame. Esse é o básico para prevenir doenças que não têm sintomas iniciais. Mas, além disso, qualquer desconforto que a pessoa sentir por mais de duas semana, deve procurar um médico para uma investigação mais apurada”, pontua.
O médico salienta ainda que a adoção de hábitos saudáveis é fundamental para evitar não apenas o câncer, mas outras doenças, como as cardiovasculares.
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