Servidores das áreas técnicas e administrativas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) entraram em greve nesta quarta-feira (13). Em todo o país, ao menos 32 universidades e institutos federais já aderiram à paralisação, que busca melhorias nas condições de trabalho e valorização salarial.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Ufes (Sintufes), a principal reivindicação é a reestruturação do Plano de Carreira dos Cargos Técnicos (PCCTAE) e o reajuste salarial de 34,32%, também defendido por outros servidores federais. As aulas não devem ser afetadas, segundo a administração da Ufes.
Daniel Pompermayer, coordenador de imprensa do Sintufes, afirma que a categoria acumula perdas salariais que já ultrapassam os 53%. Além disso, grevistas também pedem que o orçamento da instituição seja reestabelecido, no mínimo, ao patamar de 2015.
"O que nos leva a essa greve é uma disputa pela educação pública de qualidade. Nós estamos vivendo uma verdadeira evasão dos trabalhadores do serviço público dentro das universidades. Estamos vendo muita gente sendo requisitada para trabalhar nos ministérios. Vamos acabar ficando sem mão de obra", disse Pompermayer.
No comunicado publicado pelo Sintufes, há a orientação de que os trabalhadores registrem o ponto, porém, não realizem o serviço. Mesmo para aqueles que fazem teletrabalho — também chamado de home office — lancem as horas trabalhadas, mas não entreguem as tarefas.
Em nota à reportagem de A Gazeta, o Ministério da Gestão, Inovação e Serviços Públicos informou que em 2023, após negociação com as entidades representativas dos servidores federais, concedeu reajuste de 9% para todos os servidores, além do aumento de 43,6% no auxílio alimentação. Acrescentou que esse foi o primeiro acordo para reajustes fechado entre o governo e servidores em oito anos.
O debate sobre reajuste para o ano de 2024 teve início no segundo semestre do ano passado. De acordo com a pasta, "a recomposição da força de trabalho na Administração Pública Federal, para recuperar a capacidade de atuação do governo para a execução de políticas públicas, é pauta prioritária do Ministério da Gestão, que vem atuando dentro do possível e dos limites orçamentários para atender às demandas dos órgãos e entidades do Executivo Federal." O ministério pontou, por fim, que segue aberta ao diálogo com os servidores técnico-administrativos e de todas as outras áreas.
Por nota, a Administração Central da Ufes informou que recebeu, na manhã desta quarta (13), em reunião realizada no gabinete da Reitoria, a comunicação de que a assembleia do Sintufes, ocorrida no dia 12 de março, aprovou o indicativo de greve. A paralisação nacional já havia sido acordada em plenária da Federação dos Sindicatos dos Técnicos Federais da Educação e da Cultura (Fasubra), no último sábado (9).
Ainda de acordo com a Ufes, na reunião foi definido que uma comissão será instituída pela Reitoria, com representação do Sintufes e da Administração Central da universidade, para definir encaminhamentos, em especial os relacionados à preservação dos serviços essenciais no período de paralisação. Uma nova reunião será agendada nos próximos dias, incluindo integrantes da gestão eleita, que assumirá a Ufes no fim deste mês.
"A Administração Central da Ufes respeita o direito dos trabalhadores à greve como forma de luta pela valorização da categoria e melhoria da educação superior, e também considera que é preciso manter as condições básicas para que não seja afetado o direito dos estudantes de terem acesso às aulas e outras atividades acadêmicas, uma vez que a greve não compreende outros setores da Universidade", finaliza a nota.
A Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes) publicou uma convocação, na sexta-feira (8), no site da associação, para uma assembleia geral da categoria com a pauta "a previsão orçamentária de 2024 e a construção da greve da educação".
No comunicado, além de reivindicações ligadas à recomposições salariais, o movimento também é contra o chamado Arcabouço Fiscal e pede revogação de medidas do governo de Jair Bolsonaro (PL) que, segundo o texto, "atacam servidores e servidoras públicas".
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