A vacina contra a Covid-19 chegou ao Espírito Santo no início da noite da última segunda-feira (18). As doses do primeiro lote do imunizante da Coronavac, fabricado pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, já começaram a ser aplicadas na Grande Vitória.
No Estado, a vacinação será feita em três fases. Ao todo, devem ser imunizados cerca de 1,1 milhão de capixabas.
Na primeira fase do plano de imunização, 271.788 capixabas vão ser vacinados. Até o momento, o Estado recebeu doses suficientes para imunizar, aproximadamente, 50,6 mil pessoas. Por causa disso, essa fase foi subdividida em grupos, priorizando quem tem mais risco. Ainda não se sabe quando os próximos grupos vão poder receber o imunizante.
Fazem parte do grupo prioritário os profissionais da área da saúde, indígenas, idosos que moram em casas de repouso e pessoas com deficiência que vivem em instituições.
Muitos questionamentos têm sido feitos pela população sobre a vacina contra a Covid-19 e o processo de imunização no Estado. A Gazeta reuniu as principais dúvidas e procurou especialistas e autoridades na área de Saúde para respondê-las. Confira:
Devido ao número restrito de doses que chegaram ao Espírito Santo até o momento – cerca de 100 mil –, as pessoas que seriam vacinadas na primeira fase foram divididas em dois grupos, sendo priorizada a vacinação para aqueles com mais risco de morrer pela Covid-19 ou que estão mais expostos à doença. Com o primeiro lote de vacinas estão sendo vacinados profissionais de saúde que atuam em UTIs Covid e têm um contato intenso, permanente, de exposição ao vírus, além de idosos que moram em casas de repouso, indígenas que vivem em aldeias e pessoas com deficiência que moram em instituições. Ao todo, são cerca de 48 mil pessoas. Esse é o grupo prioritário definido no plano nacional de vacinação, elaborado pelo Ministério da Saúde.
Sim, todos os profissionais e trabalhadores de saúde, a exemplo de recepcionistas, auxiliares de serviços gerais que trabalham em hospitais, vão ser vacinados. Isso, contudo, vai acontecer quando houver uma maior disponibilização de doses.
Ainda não é possível dizer. Assim como os demais profissionais de saúde, os idosos com 75 anos ou mais fazem parte do segundo grupo, da primeira fase, a ser vacinado contra o novo coronavírus. A expectativa é que a próxima remessa, que também deve priorizar profissionais da saúde, chegue ao Espírito Santo nas próximas duas ou três semanas. A próxima etapa de vacinação contra a Covid-19 deve contemplar 155.760 idosos.
No Estado, a aplicação da vacina será feita em três fases, seguindo as orientações de prioridade do Ministério da Saúde e as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao todo, devem ser imunizados cerca de 1,1 milhão de capixabas durante a campanha. Mesmo aqueles que já foram infectados pelo novo coronavírus serão vacinados.
Na primeira etapa vão ser vacinados trabalhadores da saúde da linha de frente no combate à Covid-19; pessoas idosas que moram em casas de repouso; pessoas a partir de 18 anos de idade com deficiência que vivem em instituições; população indígena vivendo em terras indígenas; demais profissionais da saúde que não estão na linha de frente da Covid-19; idosos com 75 anos ou mais; professores; e profissionais da área de Segurança Pública. A segunda fase contempla as pessoas que tenham entre 60 anos e 74 anos de idade. Já a terceira etapa vai ter como público alvo pessoas com comorbidades.
As pessoas idosas que moram em asilos ou abrigos e pessoas a partir de 18 anos de idade com deficiência residentes em instituições receberão as vacinas no local em que vivem, não precisam se deslocar. As demais seguirão as orientações de cada prefeitura. Contudo, não adianta correr agora às unidades de saúde, porque a vacinação nesses locais ainda não começou e somente vai ser feita quando o Estado receber mais doses.
As prefeituras da Grande Vitória devem disponibilizar um agendamento on-line assim que receberem mais doses para imunizar pessoas que pertencem ao segundo grupo da primeira fase, que inclui os idosos, profissionais de segurança e educação. Contudo, ainda não há uma data para que isso aconteça e nem cadastro a ser preenchido. A população vai ser comunicada por meio de avisos nos portais de cada prefeitura.
Os 78 municípios do Espírito Santo já receberam 31.736 doses da vacina contra a Covid-19, alguns em maior outros em menor quantidade. A mesma quantidade permanece armazenada na Secretaria Estadual de Saúde para a segunda dose. Ao todo, 101.320 mil doses da vacina CoronaVac foram enviadas pelo Ministério da Saúde ao Estado.
As pessoas com menos de 60 anos e sem comorbidades ficaram de fora do planejamento de vacinação elaborado pelo Ministério da Saúde. Dessa forma, não há previsão para quando elas serão imunizadas. De acordo com o secretário de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, não há um calendário claro, uma agenda de imunização e logística capaz de garantir imunização para toda a população neste ano.
Em dezembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a vacinação pode ser obrigatória, mas não forçada, e que sanções podem ser estabelecidas contra quem não se imunizar. Contudo, cabe à União, aos Estados e aos municípios estabelecer medidas legais para a obrigatoriedade, como a aprovação e sanção de uma lei. Isso ainda não ocorreu.
Especialistas ouvidos pela reportagem de A Gazeta afirmam que sim, e que uma pessoa pode até ser demitida por justa causa caso se negue a tomar a vacina. Atualmente, algumas faculdades podem rejeitar a matrícula de um aluno que não está em dia com vacinas, por exemplo. Ou seja, é possível que sanções sejam aplicadas.
Não. A vacina será disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde, sem custos.
Sim. A indicação é para quem já teve a doença se vacine. Estudos comprovam que a imunidade conferida pela Covid-19 pode ser de curta duração, além de haver o risco de reinfecção por variante diferente.
Pessoas que estão contaminadas não devem ser vacinadas. A orientação é que elas esperem passar os primeiros sintomas da doença para que não haja uma confusão entre a dose da vacina e da própria doença, para que os efeitos da vacina não fiquem mascarados ou sejam mal interpretados.
Não, as duas vacinas aprovadas pela Anvisa no Brasil são feitas sem utilizar o novo coronavírus completo. A vacina Astrazeneca, a da Fiocruz, usa um outro vírus, que é inofensivo, para levar apenas informações genéticas do coronavírus. E a Coronavac, a do Butantan, usa o coronavírus, mas inativado, sem a capacidade de se replicar no organismo.
Não. Ninguém vai poder escolher a vacina. A vacina que será aplicada aos grupos de prioridade são aquelas que vão estar disponíveis na rede de unidades de vacinação. No momento, apenas a Coronavac está disponível no Brasil.
Sim, você deve tomar a vacina mesmo que a eficácia dela não seja de 100%, até porque nenhuma vacina, contra nenhuma doença, tem eficácia de 100%. As duas vacinas que foram aprovadas pela Anvisa contra a Covid-19 no Brasil são seguras e esse é um fator essencial. O sistema imunológico vai ser ativado por qualquer uma delas. No caso da Coronavac, a eficácia é de 50,38%. Isso significa que uma pessoa vacinada e exposta ao vírus tem metade das chances de se infectar com o coronavírus do que alguém que não está vacinado. Especialistas apontam que é melhor se proteger uma vacina menos eficaz do que esperar mais tempo por uma com mais eficácia e ficar exposto ao vírus. Além da eficácia global de 50,38%, a Coronavac também apresentou resultado positivo em 78% dos casos para evitar hospitalizações.
A maioria dos países autorizou a vacinação apenas em pessoas acima de 18 anos. Além da ausência de dados mais completos sobre a segurança e a eficácia em crianças, os mais jovens têm menos chances de adoecimento pela Covid-19, embora também possam desenvolver quadros graves. Também não foram feitos ensaios suficientes com grávidas, logo, elas estão fora do grupo a ser vacinado.
Todo mundo vai receber um cartãozinho com o número do lote da vacina que foi aplicada, como é praxe no Plano Nacional de Imunizações.
Sim. Para que haja o efeito esperado, é necessário tomar as duas doses. Se o indivíduo toma a primeira dose da vacina, mas não toma a segunda, ele corre o risco de não desenvolver uma resposta imunológica contra o coronavírus. A primeira dose prepara o sistema imunológico e a segunda aumenta o potencial imunológico para a defesa.
As próximas doses da vacina contra o coronavírus serão aplicadas em um período de 14 a 28 dias, a contar do dia em que a pessoa tomou a primeira dose, no Espírito Santo.
Sim, é possível. Caso seja contaminada durante esse período, a pessoa deve tomar a segunda dose normalmente. É importante que a pessoa continue seguindo os protocolos de segurança, como usar máscara, lavar as mãos e evitar aglomerações.
Segundo o Butantan, as reações mais comuns entre os voluntários após a aplicação da primeira dose foram dor no local da aplicação e dor de cabeça. Não há nenhum relato de reação grave à vacina até o momento.
Mesmo após as duas doses da vacina, nosso organismo não gera uma resposta imune imediata. A proteção se dá um tempo após a aplicação da segunda dose, e esse tempo varia de acordo com cada vacina. Na maioria delas, a imunidade acontece a partir de dez ou vinte dias após a segunda dose.
Sim. As vacinas não garantem que o paciente não terá Covid-19 novamente, apenas diminuem a chance de infecção e também a gravidade da doença em relação às pessoas que não receberam. Por isso, mesmo os vacinados ainda vão poder transmitir o coronavírus. O uso da máscara ainda vai ser fundamental, assim como o distanciamento social e a higienização das mãos.
Ainda não é possível dizer, mas há pesquisadores que, por meio de modelos matemáticos, estimam que pelo menos 60% da população têm que ser vacinados para gerar a chamada imunidade de rebanho.
A aprovação para uso emergencial concedida pela Anvisa em reunião no dia 17 de janeiro autoriza apenas a rede pública a comprar vacinas e a fazer aplicações. Ainda não há uma previsão de quando as clínicas particulares vão poder comprar lotes das vacinas contra a Covid-19 que forem aprovadas no Brasil.
É possível que a população tenha que tomar o reforço, mas é preciso avaliar antes disso por quanto tempo a proteção obtida pela vacina vai se sustentar e também se o vírus vai passar por alguma modificação em que seja necessário ajustar a vacina para fazer uma nova aplicação.
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