Desde o último ano, após o início da pandemia da Covid-19, tem-se discutido o impacto da crise sanitária na saúde mental e, entre as pessoas afetadas, estão as que sofrem com o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Especialistas apontam que essa síndrome clínica, em que as pessoas têm pensamentos recorrentes espontâneos que levam a hábitos repetitivos, é mais que uma coleção de comportamentos peculiares.
Esse transtorno pode ser caracterizado como uma condição neuropsicológica crônica altamente angustiante que pode desencadear uma ansiedade séria e dificultar a interação da pessoa na escola, no trabalho ou em casa.
A médica psiquiatra Leticia Mameri Trés, diretora da Associação Psiquiátrica do Espírito Santo (Apes), explicou, em entrevista à CBN Vitória, que a pandemia do novo coronavírus agravou os sintomas nos pacientes já diagnosticados, além de ter aumentado o surgimento de outras doenças psiquiátricas e contribuído para que novos diagnósticos fossem identificados mais cedo.
Segundo a especialista, a ansiedade desencadeada pelas medidas de isolamento social, o medo de contrair o vírus que vitimou milhares de pessoas, a perda de entes queridos e a instabilidade política no país podem ter agravado a situação.
Segundo a psiquiatra, o paciente com TOC tem mais do que a comumente associada "coleção de comportamentos peculiares". Entre alguns sintomas do transtorno, se destacam os medos, desconfortos e pensamentos irracionais, acompanhados de ansiedade e mal-estar, além dos característicos comportamentos que envolvem verificação, repetição, contagem e manias por limpeza.
"Tudo o que passa a ser disfuncional, atrapalha o meu funcionamento, impacta na minha vida pessoal e no meu dia a dia, já indica o momento de procurar ajuda. A pessoa percebe que os hábitos de prevenção estão ao ponto de família reclamar, e acaba perdendo compromissos e sofrendo", explica Leticia.
A médica pontua que pequenas alterações comportamentais também podem ser indícios iniciais da doença. Entretanto, com a correria do dia a dia, as ações acabam passando despercebidas. "Podemos citar a alteração no sono em pessoas que não conseguem dormir bem e acordam cedo sem motivo ou em quem já acorda se sentindo cansado, além da alteração no apetite e irritabilidade sem motivos. São sinais de alerta do corpo", descreve.
Após o diagnóstico do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) realizado pelo médico, o paciente segue para o tratamento da doença, que envolve o uso de medicamentos e acompanhamento psiquiátrico. As medicações, segundo a psiquiatra Leticia Mameri Tré, são de extrema importância na vida do paciente, pois atuam no controle da serotonina — hormônio responsável pela sensação de satisfação e prazer.
A médica também explica que boa alimentação, prática de exercícios físicos regulares, desenvolvimento da espiritualidade, boa noite de sono e psicoterapia também auxiliam e fazem grande diferença, quando administradas em conjunto com a medicação.
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