A desativação da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) no Espírito Santo é atribuída à inviabilidade econômica de seu trajeto, que tem um alto custo de operação. Mas existem propostas para a retomada das atividades, entre as quais adotar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), o chamado metrô de superfície, no traçado da estrada de ferro desativado na Grande Vitória.
A ideia surgiu no Conselho Estadual de Ferrovias, que discute iniciativas para recuperar a FCA. O coordenador da entidade, Pedro Bragança, conta que têm sido feitos estudos de viabilidade para usar a linha férrea e, no trecho que interliga os municípios de Vila Velha, Cariacica e Viana, uma alternativa seria o VLT. Após implantação, o modal ainda poderia ser integrado ao Sistema Transcol.
"Essa região, com alto índice populacional, poderia aproveitar a ferrovia, assim como foi feito em Santos (São Paulo). Auxilia no transporte de passageiros, a exemplo das grandes metrópoles", opina.
Engenheiro de Transportes e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Rodrigo de Alvarenga Rosa ressalta que, para qualquer projeto de transporte, é indispensável fazer uma pesquisa de origem e destino, isto é, saber de onde partiriam as viagens e para onde seguiriam.
Para ele, o VLT, que é uma demanda antiga na Região Metropolitana, pode até ser uma alternativa de modal para a Grande Vitória, mas usando apenas o traçado e não recuperando a estrutura atual da ferrovia, cujo investimento seria muito elevado. Segundo o professor, algo em torno de US$ 1,5 milhão por quilômetro, o equivalente R$ 7,5 milhões.
Na opinião de Rodrigo Rosa, uma opção seria aproveitar as áreas da linha férrea que ainda não estão totalmente ocupadas porque a desapropriação é outro obstáculo. Ele também avalia que, para o metrô de superfície, Viana não teria tanta demanda. O ideal, nesse caso, seria incorporar a Serra ao trajeto que, sendo o município mais populoso do Estado, certamente teria mais passageiros para usufruir do transporte.
O professor destaca que, em termos de segurança, velocidade e conforto, o VLT é superior ao BRT (faixas exclusivas para ônibus), por exemplo, e, o que é muito importante na avaliação de Rodrigo Rosa, melhor ambientalmente. "A questão é saber se há ou não interesse de investir."
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) foi questionada se a implantação do VLT é uma alternativa que pode ser considerada. Em nota, a assessoria aponta que, sim, mas que cabe ao Ministério dos Transportes estabelecer a diretriz de política pública para a utilização da linha férrea. O órgão federal foi procurado para falar da possibilidade e explicou que todo o trajeto da FCA está em estudo, tanto as partes ociosas, a exemplo do traçado no Espírito Santo, quanto as partes que estão em funcionamento, e, portanto, não existe ainda uma definição sobre o trecho que corta os municípios capixabas.
O governo do Estado não atendeu a demanda sobre o possível uso da FCA.
A primeira vez que o metrô de superfície apareceu como uma proposta de mobilidade urbana foi em 1982. Desde então, várias ideias foram sendo colocadas pelas autoridades. Porém, nenhuma vingou e o governo do Espírito Santo decidiu adotar em 2012 o Bus Rapid Transit (BRT), um modelo de transporte que usa ônibus, mas especifica faixas exclusivas e garante mais agilidade. Apesar de ser a alternativa aprovada até agora, a implementação desse sistema também não aconteceu.
Atualização
27 de setembro de 2023 às 21:01
Após a publicação da reportagem, o Ministério dos Transportes atualizou as informações que haviam sido passadas, inicialmente, em julho. O texto foi alterado.
Estações ferroviárias no ES
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.