Há quem o chame de "pássaro-fantasma" e até acredite que o canto dele é sinal de mau agouro, entre outras crenças. Mesmo que seja mais comum vê-lo à noite, o fotojornalista Fernando Madeira, de A Gazeta, conseguiu flagrar um Urutau na manhã de quinta-feira (25), no Parque da Fonte Grande, em Vitória. As lendas podem até assustar, mas as imagens mostram a beleza da espécie.
O pesquisador e guia de observação de aves Gustavo Magnago explicou que existem 4 espécies de Urutau que podem ser vistas no Espírito Santo. A diferença entre elas pode ser observada na plumagem e no tamanho. A espécie que foi fotografada pelo fotojornalista de A Gazeta é a mais comum delas.
Isso não significa, segundo o pesquisador, que é uma ave comum, apenas que ela é mais abundante que as outras espécies. Tanto que a variação fotografada, a Nyctibius griseus, também recebe o nome de urutau-comum. Além de "pássaro-fantasma", o urutau também é conhecido como "mãe-da-lua".
Além da espécie fotografada, também existem outras 3 espécies de Urutau que podem ser achadas no Espírito Santo: Nyctibius leucopterus, o urutau-de-asa-branca, que é a menor entre elas; Já a Nyctibius aethereus, também chamada de urutau-pardo, é maior do que a espécie fotografada por A Gazeta; e a maior entre elas — como o nome já da a entender — é a Nyctibius grandis, o urutau-grande.
As espécies podem ser diferenciadas pela plumagem e pelo tamanho. Todas elas são encontradas em terras capixabas, sendo a mais abundante o urutau-comum. "Não quer dizer que é comum vê-los por aí". Segundo Gustavo, as espécies urutau-de-asa-branca e urutau-grande estão mais associados às florestas primárias, aquelas intocadas ou cuja ação humana ainda não alterou as características originais. Por isso, é raríssimo vê-las em perímetro urbano.
Já as outras duas espécies podem ser encontradas em parques, como o Parque da Fonte Grande. Outro lugar onde é possível ver o urutau-comum, segundo o pesquisador, é no estacionamento da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Ele também explicou que o urutau-pardo pode ser visto em lugares inusitados, o que indica que seja uma espécie migratória.
Há quem chame o som produzido por essa ave de "canto da morte". "Principalmente no interior, a gente escuta muitas histórias relacionadas ao canto dela (veja vídeo abaixo). A voz dela pode lembrar o grito de uma pessoa. No escuro, então, pode dar medo. Quem não conhece, fica com medo. Aí acabam criando lendas", disse o pesquisador.
Algumas lendas são associadas ao urutau. Geralmente, associam a ave a má sorte e mau agouro. Uma lenda indígena conta que, como forma de proteger a aldeia de uma doença, uma mãe teria abandonado seu filho ainda muito novo na floresta e o canto da ave seria o choro do bebê.
Apesar das lendas colocarem a ave como vilã, na verdade, ela não representa risco nenhum para as pessoas. "Se uma pessoa tentar se aproximar, ela não vai fazer nada, porque acredita que não está sendo vista", explica Gustavo. "O máximo que vai acontecer é ela voar.
Além disso, os hábitos alimentares do urutau fazem dele uma espécie importante. Ele se alimenta de insetos e o pesquisador explicou que ele tem uma "tática" de caça que consiste em capturar as presas no ar, tornando-o um caçador muito eficiente.
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