Classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como emergência de saúde global por conta do rápido avanço, a varíola dos macacos (monkeypox) é motivo de preocupação de autoridades de saúde e da população, que enfrentou a pandemia do coronavírus recentemente.
Para evitar a proliferação da doença, a recomendação principal para quem for infectado é o isolamento.
Enquanto a varíola humana matava 30% dos doentes, a varíola dos macacos tem uma letalidade de 3% a 6% dos casos, segundo a OMS. Isso não significa que o monkeypox não seja perigoso. Crianças, grávidas ou pessoas com alguma deficiência imunológica, por exemplo, podem desenvolver quadros mais graves.
De acordo com o Ministério da Saúde, a doença começa, quase sempre, com uma febre súbita e forte. O paciente também tem dor de cabeça, náusea, exaustão e cansaço. Além disso, fundamentalmente, surgem gânglios (inchaços popularmente conhecidos como "ínguas"), que podem aparecer tanto na região do pescoço, na região axilar, como na região perigenital. Outro sintoma são feridas pelo corpo.
Os casos atuais apresentam ainda algumas particularidades, como lesões mais sutis ou específicas nas regiões genital e anal.
A principal forma de transmissão da varíola dos macacos é por meio do contato pele com pele, por secreções ou através de objetos pessoais do paciente infectado.
Ao aparecerem quaisquer sinais ou sintomas, a orientação é procurar um médico na unidade básica de saúde, porque ele terá a capacidade de examinar e de fazer o diagnóstico e a condução clínica necessária.
“O isolamento da pessoa infectada é uma medida importante na contenção da doença. Ela deve permanecer em um quarto isolado com objetos pessoais e roupas de cama e banho específicas para ele. Também é recomendado uso de banheiro individual ou que exista uma barreira de horário, para que o local possa ser higienizado após o uso da pessoa infectada”, explica a infectologista Ana Carolina D’Ettorres.
O Ministério da Saúde ainda recomenda que os objetos pessoais usados passem por um processo de higienização, de fervura ou de lavagem com água e sabão para, dessa forma, impedir a transmissão.
O tratamento, destaca a médica, é o chamado tratamento de suporte para o paciente, com cuidados e atenção aos sintomas, alívio de dores e febre e cuidados com as feridas. Ela ressalta que é preciso ter essa atenção às lesões, para evitar infecções bacterianas.
“Como a pele está lesionada, muitas vezes a bactéria acaba aproveitando essa lesão para causar outra infecção, o que pode agravar o quadro, então é importante não coçar, não levar a mão suja até a ferida e manter uma higienização local”, ressalta a médica.
Segundo ela, existem remédios antivirais específicos para essa doença, mas não há uma comercialização ampla para que sejam usados de forma rotineira em todos os casos.
Com o resultado positivo, o paciente deve se manter em isolamento até o desaparecimento das lesões. A casca da ferida deve ter caído e a reepitelização (“nascimento de pele nova”), ocorrido.
Outra recomendação é que o paciente não entre em contato com animais domésticos.
“Não significa que todos os animais participem da cadeia de transmissão, mas, como é um vírus que apresenta características diferentes, não sabemos se os animais que não participam dessa cadeia possam porventura agora participar”, disse Ana Carolina.
O Espírito Santo tem dois novos casos de varíola dos macacos, chegando a sete confirmações da doença. Os números são do boletim da Secretaria de Estado da Saúde, atualizado nesta quinta-feira (11). Com as novas confirmações, o Estado tem 82 casos notificados: 23 foram descartados. São 52 os casos considerados suspeitos em investigação.
De acordo com o boletim, pela primeira vez um dos casos foi confirmado em uma mulher; já os outros seis são homens. Eles são moradores de Guarapari (2), Vila Velha (2) e Vitória (3). Todos que tiveram ou ainda estão com a doença têm entre 20 e 69 anos de idade.
Um jovem de 22 anos do Espírito Santo foi confirmado com varíola dos macacos (monkeypox) em Alagoas, no Nordeste do Brasil. De acordo com apuração do G1/AL, o turista foi testado durante uma viagem, mas já retornou ao Estado capixaba.
O Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde (Cievs) de Alagoas já comunicou o caso às autoridades sanitárias do Espírito Santo, segundo o portal de notícias.
Os sintomas mais comuns entre os casos confirmados no Espírito Santo, são, na ordem:
- 8 de junho: o 1º caso de varíola dos macacos é confirmado no Brasil. O diagnóstico foi feito em São Paulo, em um homem de 41 anos que viajou à Espanha
- 15 de junho: o 1º caso suspeito da varíola dos macacos começa a ser investigado no Espírito Santo. O paciente era um estrangeiro de 44 anos
- 14 de julho: o 1º caso de varíola dos macacos no Espírito Santo é confirmado. No mesmo dia, a Secretaria de Estado de Saúde informou que dois casos haviam sido confirmados em moradores da Grande Vitória
- 23 de julho: a Organização Mundial da Saúde decretou a varíola dos macacos como uma emergência de saúde pública de alcance internacional.
- 29 de julho: a 1ª morte pela varíola dos macacos no Brasil foi confirmada pelo Ministério da Saúde. O óbito foi registrado em Uberlândia (MG). A vítima era um homem de 41 anos com comorbidades.
Considerando a principal forma de transmissão, a orientação é evitar contato próximo com pessoas que apresentam as lesões comuns da varíola dos macacos. No caso das relações sexuais, as lesões do paciente podem não estar cobertas pela camisinha, o que representa um risco. Por isso, outra forma de impedir a transmissão é evitar relações sexuais. A recomendação de especialistas é não ter contato com desconhecidos.
Não existem vacinas contra a varíola dos macacos, mas a OMS ressalta que o imunizante para a varíola tradicional, que foi erradicada com a campanha de imunização que durou até a década de 1970, é até 85% eficaz para prevenir casos da versão que se espalha hoje.
Quem nasceu na década de 1980 em diante não recebeu doses da vacina, porque a doença foi considerada erradicada no Brasil em 1973.
O Ministério da Saúde não tem estoques do imunizante contra a varíola, mas o ministro Marcelo Queiroga disse que está trabalhando com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para monitorar a situação.
Em julho, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Daniel Pereira, e o secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Arnaldo Medeiros, afirmaram que as primeiras doses da vacina contra a varíola dos macacos destinadas ao Brasil deverão chegar em setembro.
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