A velocidade de avanço da contaminação pelo novo coronavírus ainda é maior no interior do Espírito Santo, ao ser comparada ao que ocorre nos municípios da Grande Vitória. A avaliação é feita pelo Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), com a ajuda de pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), além do Corpo de Bombeiros e funcionários da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), com base no inquérito sorológico.
Eles analisam a taxa de transmissão ou a velocidade de avanço da doença não só no Estado, mas ainda na Grande Vitória e interior, com destaque para os municípios polos localizados fora da Região Metropolitana, como Linhares, Colatina, Cachoeiro, dentre outros.
O levantamento realizado no período de abril (semana de 3 a 10) e de junho (semanas de 15 de maio a 10 de junho), segundo o diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Pablo Lira, aponta que a queda na taxa de transmissão da doença é menor no interior em relação à Grande Vitória.
Em abril, a taxa de transmissão da doença (RT) na Grande Vitória era de 4,03 (semana de 3 a 10 e abril). O que significa 10 pessoas contaminadas transmitindo para outras 40. Uma velocidade considerada bem alta, relata Lira.
Nas semanas de 15 de maio a 10 de junho a taxa caiu para 1,56, ou seja, 10 pessoas transmitindo para 15,6. Reduziu bem a taxa de contaminação, resultado das ações adotadas pelo Estado e municípios e também pelo uso de máscaras, que a partir do final de abril passou a entrar na rotina da população. Já é comprovada a eficácia do uso de máscara para evitar a contaminação, combinada com o isolamento, destacou Lira.
No mesmo período, nas principais cidades do interior a taxa de transmissão, que era de 2,63 (10 pessoas transmitindo para outras 26), caiu para 2,17 (10 contaminando outras 21,7). Uma redução bem menor do que a apresentada na Grande Vitória.
Dentre os principais fatores para este comportamento, segundo Lira, está o não uso em massa da máscara pelas pessoas em locais públicos. Ele cita como exemplo alguns municípios, como Guarapari, Santa Teresa, Domingos Martins, Marechal Floriano, Colatina. O último chegou a apresentar em maio a mais baixa taxa de isolamento do Estado. Isto repercute na taxa de transmissão da doença. Por isto a importância de se adotar uma cultura de proteção de saúde pública, pontua Lira.
Ele observa que vários municípios, como foi o caso de Guarapari, além do Estado, estão redobrando os cuidados para garantir os níveis de isolamento social. Vila Velha, que teve um isolamento baixo, em 4 de maio decretou umas restrições e proibições, e por mais que ainda tenham pessoas que desrespeitam as medidas, as ações já estão repercutindo na taxa. Pode parecer mínimo o percentual, mas faz a diferença, observa Lira.
Em relação ao Brasil, o Espírito Santo ainda apresenta uma taxa de transmissão da doença maior. Na semana de 3 a 10 de abril era ela de 3,78 (dez pessoas contaminando outras 37), mas nas semanas de 15 de maio a 10 de junho ela passou para 1,62 (dez pessoas contaminando outras 16).
Já a taxa nacional é de 1,3. Mas a taxa nacional foi calculada após a nossa, o que indica que a do Estado pode ser um pouco menor, explica Lira, que acrescenta que a taxa ideal é de 1.
Ele explica ainda que a expectativa é de redução da taxa capixaba de transmissão a partir das medidas que estão sendo adotadas pelo Estado e municípios, mas também pelo próprio ciclo da doença. Hoje temos mais de 57% dos contaminados curados, além das pessoas que são assintomáticas, o que vai ajudar a criar um bloqueio contra a doença e nos faz ter expectativa de que a velocidade de crescimento da doença vai reduzir, ficando até abaixo da taxa Brasil, observa.
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