Uma ilha que brilha. Quando a noite chega, a iluminação noturna de Vitória evidencia seus encantos. Tamanha beleza trouxe também fama. Foi graças ao reflexo das luzes oscilantes dos casebres nas águas da baía, que a capital passou a ser chamada de Cidade Presépio do Brasil, no século XX. Com o passar dos anos, a ocupação urbana se expandiu, os cenários mudaram, mas o berço dos capixabas ficou ainda mais iluminado.
No ano em que o Natal acontece em meio à pandemia do novo coronavírus, os registros fotográficos feitos pelo fotógrafo Fernando Madeira mostram que as luzes coloridas da cidade parecem verdadeiros enfeites natalinos. “As luzes revelam a beleza do seu crescimento urbano, sem tirar da ilha o charme de cidade pequena”, pondera o jornalista e escritor José Tatagiba, autor de vários livros sobre Vitória.
Ele explica que a denominação Cidade-Presépio surge por volta dos anos de 1930, com a poeta Haydeé Nicolussi, em um poema em que cita que Vitória é “como um presepe (que significa presépio), tão formosa…”. Anos mais tarde, a própria autora batizaria Vitória de Cidade Presépio. Os créditos para a denominação foram publicados na revista Vila Capichaba (grafada com ch), em 1930, e posteriormente em A Gazeta, em 1974.
Tatagiba recorda que, até por volta dos anos de 1950, quando chegou à Vitória, vindo do interior do Espírito Santo, a cidade ainda guardava as características físicas que lembravam um presépio. “Você chegava pela Vila Rubim, olhava para o Morro do Quadro e via as casas de madeira e sapé, com o gado pastando, com carroças pelas ruas, lembrando muito um presépio”, conta.
O que também ajudou na construção desta imagem, acrescenta Tatagiba, é que as lojas que existiam no Centro da Capital tinham por hábito montar presépios em suas vitrines. “Eram frequentes em quase todo o comércio”, recorda.
Mas quando a noite chegava, com a iluminação precária, garantida por lampiões na maioria das casas, é que a beleza deste presépio natural se destacava. “O movimento da luz de lampiões e lamparinas, criava um cenário parecido ao pisca-pisca de árvore de Natal. Quem chegava neste horário ficava encantado”, conta.
O historiador e comentarista da CBN Vitória, Fernando Achiamé, observa que a própria construção do casario de Vitória, que surge nas partes altas da cidade, favoreceu a criação desta imagem. “Vitória era muito voltada para o mar e os pescadores, quando faziam festas na baía, iluminavam seus barcos com archotes, um tipo de lanterna a base de querosene, e faziam um desfile iluminado com estes fogaréus”, relata.
A cidade começou a ser ocupada 34 anos após a chegada dos colonizadores ao Brasil, em 1500. Os portugueses nela se instalaram em busca de um local mais seguro para se guardarem dos ataques dos índios e de outros estrangeiros, principalmente de holandeses e franceses.
Com o passar do tempo a cidade avançou sobre o mar, com o aterro de pequenas enseadas, relata Achiamé. Ao mesmo tempo, a ocupação também se alastrava pelas áreas mais altas, os morros de Vitória. “Mas apesar da expansão, ela se manteve, enquanto cidade, muito pequena. Só em dois estados brasileiros a capital é a cidade com menos população: Florianópolis e Vitória”, destaca o historiador.
Este vídeo pode te interessar
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.