A pandemia da Covid-19 afetou os mais variados tipos de negócios. Até mesmo alguns que, a princípio, pareceriam imunes, foram fortemente abalados. No ramo de alimentos e bebidas, a Café Caramello, marca pioneira de café em creme do Espírito Santo, quebrou no auge da crise sanitária, chegando a acumular um prejuízo de quase meio milhão de reais.
Hoje, a empresa não apenas se recuperou como já conta com mais de 150 franquias distribuidoras em 22 Estados brasileiros e sete minifábricas espalhadas pelo país. A matriz fica no Espírito Santo, mas, conforme explica a CEO da marca, Cristina Pascoli, houve um momento, durante o auge da pandemia, em que toda a produção chegou a ser feita de dentro do apartamento, com a ajuda do marido e dos filhos, apenas para não ser encerrada de uma vez por todas.
Antes, o café em creme era produzido em uma fábrica e vendido aos franqueados, que contavam com canais de vendas variados: repasse direto ao consumidor final, revenda, venda em lojas como supermercados, cafeterias, padarias, entre outros.
O grande foco, entretanto, eram os eventos, onde era possível degustar o produto e, por meio do qual, grande parte das vendas era realizada. Durante a pandemia, com os eventos cancelados, os franqueados deixaram de comprar e, aqueles que já tinham estoque atrasaram, ou não fizeram os pagamentos.
“Eu quebrei. Porque, por mais que eu tivesse uma reserva financeira, eu ainda era, ainda sou, uma pequena empresa, dentro do Simples. Então eu não tinha reserva suficiente para poder segurar (todos os prejuízos).”
Cristina conta que, nessa época, passou por um treinamento, a partir do qual elaborou um plano de contingência. Os 27 funcionários foram demitidos para que pudessem ter acesso às verbas trabalhistas pagas pela empresa e pelo governo. Mas, ainda que em menor quantidade, os pedidos continuaram chegando, e foi necessário encontrar alternativas.
Cristina Pascoli
CEO do Café Caramello
"Fiquei 45 dias com a empresa fechada, recebi algumas encomendas, mas bati o café da minha casa. Imagina, depois de seis anos, depois de você já ter funcionário, ter todo um processo industrial… Eu levei uma batedeira industrial para minha casa, para minha cozinha do apartamento, e bati de novo o café eu mesma"
Ao mesmo tempo, ela investiu em marketing digital e mudou as estratégias de comunicação, até que, por conta de uma demanda de um franqueado que, devido à pandemia, enfrentava problemas logísticos, uma ideia antiga foi retomada. Ela criou uma massa seca, com receita secreta, que poderia ser batida em minifábricas.
“É uma receita com o segredo todo ali dentro, as pessoas não têm acesso ao que tem. É só envasar, eu mando rótulo daqui e pronto. E foi ótimo (como começou), porque eu errei e acertei com o cliente mais exigente que eu tinha. E fui acertando, acertando, acertando até que falei: 'Estamos prontos, agora eu vou vender minifábricas'".
A unidade-piloto fica em Olinda, Pernambuco. Mas, em outubro do ano passado, o projeto, já validado, foi apresentado aos franqueados em uma convenção, e outras cinco unidades foram surgindo, algumas já inauguradas e outras com previsão de abertura até maio.
“Eles (franqueados) já vieram para o Espírito Santo, foram treinados. E foi um treinamento pesado, não só de know-how de negócios, vendas, estratégias, negociação, mas também de Anvisa, para que estejam todos de acordo com a Vigilância Sanitária.”
E complementa: “Eu quero colocar uma minifábrica em cada Estado, quero vender minifábricas internacionais, e já estamos prontos.”
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