Diante da crise hídrica que tem afetado a geração de energia elétrica no país, o governo federal criou um programa que beneficiará consumidores que conseguirem reduzir, entre 10% e 20%, o consumo de eletricidade entre os meses de setembro a dezembro de 2021, em comparação com o mesmo período do ano passado.
A ideia é que clientes residenciais e pequenos comércios (atendidos por distribuidoras de energia) e rurais tenham direito a um bônus de R$ 50 para cada 100 kWh, caso haja a economia proposta. O bônus é limitado à redução de 20%. Para ter acesso ao desconto, uma família que consumiu, em média, 100 kWh de energia durante os quatro últimos meses de 2020, por exemplo, deverá reduzir esse consumo para uma faixa média entre 90 e 80 kWh. Se consumia 200 kWh, o consumo deverá passar a uma faixa entre 180 kWh e 160 kWh para ter um desconto no final.
Em meio a este cenário, A Gazeta ouviu especialistas e reuniu dicas sobre o que pode ser feito para diminuir o consumo de eletricidade em casa, não apenas durante o período de crise, mas de modo geral.
O coordenador do curso de Engenharia Elétrica da Faculdade Multivix, Adan Lucio Pereira, pontua que a primeira mudança deve ser na mentalidade do consumidor, que deve repensar o porquê dos seus gastos. Ele avalia que todos podem verificar, dentro da sua realidade, formas de reduzir o consumo.
Algumas regras, entretanto, são básicas. Ao tomar banho, por exemplo, não se demore no chuveiro e desligue a torneira enquanto se ensaboa, de modo a poupar energia e água. Além disso, prefira a luz natural durante o dia e evite deixar lâmpadas acesas em cômodos vazios.
"Não deixe os equipamentos em stand-by. A gente sai de casa e deixa a TV na tomada, o modem da internet conectado, mesmo sem ter ninguém para utilizar. E por quê? Não tem necessidade, e representa um gasto a mais. Qualquer mudança que possa ser feita é benéfica, mas é preciso que haja essa mudança de pensamento."
Ele observa, por exemplo, que, no home office, o aumento do gasto com energia é inevitável, uma vez que o trabalhador passa várias horas em casa com o computador e outros aparelhos conectados. Entretanto, mesmo neste caso, é possível diminuir o consumo, ao reduzir as pausas desnecessárias.
"Quando a pessoa está trabalhando em casa, é comum que suas atividades sejam interrompidas com certeza frequência, mas isso acaba aumentando o gasto com energia porque, geralmente, os equipamentos não são desligados nesse período. Então, a orientação é para que haja concentração no momento das tarefas, de modo a encaixá-las no menor espaço de tempo possível."
O professor do curso de Engenheira Elétrica da Faesa, Leonardo Ribas pontua que outra boa forma de economizar energia é fazendo uma revisão da iluminação da casa. O ideal é que se dê preferência às lâmpadas de LED, que consomem menos e duram mais.
"A parte de iluminação é algo rápido e simples de resolver, fazendo essa substituição. Mas também há casos em que o consumo aumenta sem que se perceba. A geladeira, por exemplo, quando não tem a vedação adequada vai precisar trabalhar mais para refrigerar os alimentos. Máquina de lavar que já está antiga e tem um motor ou correia ruim, força mais para rodar o processo de lavagem, e consome mais energia. Então, vale olhar para os eletrodomésticos e ver se não há nenhuma manutenção precisando ser feita."
Além de ajudar a obter um desconto na conta de luz, reduzir o consumo de eletricidade também ajudará a minimizar o impacto diante das demais estratégias adotadas pelo governo para evitar racionamento e apagões. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou, nesta terça-feira (31), a cobrança da chamada “Bandeira Escassez Hídrica”, uma taxa extra que irá incidir sobre o consumo de eletricidade entre os meses de setembro de 2021 e abril de 2022, diante das dificuldades de geração de energia no país. A mudança vai deixar a conta de luz até 6,78% mais cara.
Com a geração hidrelétrica comprometida por causa do período de seca histórico, o país tem precisado recorrer, por exemplo, às usinas termelétricas, cuja energia é muito mais cara, em função da utilização de combustíveis. E parte desse custo extra é repassado ao consumidor, por meio da conta de energia.
Não deixe lâmpadas acesas quando não estiver no cômodo. Além disso, faça uma revisão da iluminação da casa, e, caso ainda as utilize, substitua as lâmpadas tradicionais, fluorescentes ou incandescentes por lâmpadas de LED, que além de consumir menos energia, duram por mais tempo.
Enquanto trocar o aparelho pode ser uma alternativa para ganho de eficiência energética, fazê-lo acaba tendo um custo elevado. Assim, o ideal é que o uso do aparelho seja feito de forma controlada.
Evite deixar programas em exibição como plano de fundo, sem que esteja realmente assistindo. Além disso, certifique-se de tirar a TV da tomada quando não estiver acompanhando nenhuma programação. O uso em "stand-by" também consome energia. O mesmo vale para aparelhos de televisão a cabo, por exemplo.
Desligar a geladeira durante a noite, por exemplo, não é uma opção, uma vez que a conservação dos alimentos depende da temperatura em que estão armazenados. Entretanto, é possível reduzir o gasto de energia do eletrodoméstico ao evitar abri-lo a todo momento. Também é importante verificar, de tempos em tempos, se a borracha de vedação da porta está em boas condições, pois se não houver o fechamento adequado, há um aumento no gasto de energia para manter os produtos refrigerados. Além disso, não forre as prateleiras da geladeira e não coloque roupas para secar atrás do equipamento. Essas ações fazem o aparelho consumir mais energia elétrica;
Evite deixar o eletrodoméstico ligado à tomada quando não está sendo utilizado. Além disso, reúna maior quantidade de roupas para lavar, em vez de fazer a limpeza de poucas peças por vez. Também é importante verificar se a manutenção do equipamento está em dia, uma vez que quanto maior o esforço que o equipamento precisa fazer para "bater" as roupas, maior o consumo de energia.
Em dias mais frios, opte por um banho morno em vez de quente. Já nos dias de temperaturas mais altas, dê preferência ao banho frio, sempre que possível. Além disso, busque reduzir o tempo de banho, apenas ligando o chuveiro quando for se enxaguar. Assim, é possível economizar não apenas energia, como água.
Elevar os gastos com energia durante o período de trabalho em casa é inevitável. Entretanto, o consumo não precisa ser tão alto quanto geralmente ocorre. Uma dica é evitar pausas frequentes, durante as quais os equipamentos ficam ligados desnecessariamente, apenas esperando que as atividades sejam retomadas.
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