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Bolsa de Valores não retoma patamar de janeiro antes de 2021

Bolsa de Valores não retoma patamar de janeiro antes de 2021

Antes do coronavírus a Bolsa brasileira estava girando em torno de 120 mil pontos. Com a crise ela caiu para pouco mais de 60 mil  em apenas duas semanas

Publicado em 31 de março de 2020 às 20:11

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Epidemia do coronavírus está afetando a Bolsa de Valores de todo o mundo
Epidemia do coronavírus está afetando Bolsas de Valores de todo o mundo. (Adobe Stock)

Um cenário positivo, com economia em crescimento, reformas estruturantes no radar político e diversas privatizações sendo programadas. A série de notícias positivas fez com que a Bolsa de Valores de São Paulo (a B3) começasse o ano de 2019 com seguidos recordes de pontuação. Já em 2020, 0 pregão chegou a alcançar 119 mil pontos em 23 de janeiro.

Mas com o coronavírus essa realidade mudou. O preço do barril de petróleo caiu, o dólar disparou e a Bolsa registrou queda em cima de queda. Por diversas vezes o pregão precisou ser suspenso para evitar prejuízos ainda maiores. Até o momento o patamar mais baixo foi registrado em 23 de março, com 62 mil pontos.

Atualmente a Bolsa já se recuperou um pouco – 73 mil pontos, nesta terça-feira (31). Mas especialistas avaliam que o retorno ao patamar em que estava antes da crise deve demorar – ainda mais se o cenário econômico pós-coronavírus apresentar grande retração e desemprego.

“Essa dúvida de quando a Bolsa vai se recuperar é uma dúvida de todo mundo. Se compararmos com a crise de 2008, por exemplo, a Bolsa só recuperou seu valor em 2017. Mas nesse meio tempo houve vários acontecimentos – foi como se uma crise se sobrepusesse a outra”, explica Yamin Melo, especialista do mercado de investimentos e fundadora do Instituto Nacional do Agente Financeiro.

Bolsa de Valores brasileira operava em torno de 120 mil pontos antes do coronavírus
Bolsa de Valores brasileira operava em torno de 120 mil pontos antes do coronavírus. (B3)

“Já na crise dos Tigres Asiáticos, em 1997, a recuperação foi mais rápida, em 1999. Só que hoje ainda não é possível dizer com certeza se essa crise atual será mais parecida com a de 2008 ou com a de 1997”, pondera.

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A minha perspectiva é que, infelizmente, essa crise deve ser seguida de forte desemprego e recessão, o que vai fazer com que o retorno seja mais demorado e não aconteça ainda este ano

Yasmin Melo
especialista do mercado de investimentos e fundadora do Instituto Nacional do Agente Financeiro
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Na mesma direção vão os gestores do banco Itaú. Na última semana a instituição financeira divulgou a expectativa para a pontuação da Bolsa de Valores ao final do ano. A expectativa caiu de 130 mil pontos – imaginada no início de 2020 – para 94 mil pontos, neste cenário de coronavírus e crise econômica.

Charo Alves, assessor de investimentos da Valor, acredita que seja possível chegarmos ao fim do ano com 100 mil pontos na Bolsa de Valores. Mas chegar ao patamar pré-coronavírus deve demorar mais – mas sem ultrapassar 2021.

“Vejo que essa crise tem algo melhor do que a que tivemos em 2008. Dessa vez os governos estão entrando de cabeça para salvar a economia, coisa que não aconteceu em 2008. Naquele ano, na verdade, a queda foi muito mais rápida e não deu tempo de que medidas fossem tomadas”, compara.

DAS ONZE VEZES QUE A BOLSA CAIU MAIS DE 10%, SEIS FORAM EM 2020

As primeiras semanas de março foram duras para quem investe na Bolsa de Valores. Por seis vezes o pregão precisou acionar o circuit braker e suspender a sessão para reduzir as perdas.

Desde 1995, tal interrupção só aconteceu 11 vezes. As outras cinco vezes em que o circuit braker foi acionado aconteceram em 1997 (duas vezes – crise asiática), 1998 (crise na Rússia) e 2008 (duas vezes também – crise financeira internacional).

Para se ter uma ideia da importância do momento vivido, o mestre em economia Marcel Balassiano destaca outras duas importantes datas em que a Bolsa caiu sem atingir os 10% e atingir o circuit braker.

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Em setembro de 2001, após os ataques às Torres Gêmeas em Nova York, o Ibovespa não caiu mais de 10% no fechamento do dia. Naquele dia, a bolsa brasileira recuou 9,2%. Outra data importante, mais recente, conhecida como “Joesley Day”, foi o recuo do Ibovespa em 18 de maio de 2017, de 8,8%. Ou seja, esses recuos recentes foram mais fortes do que as quedas nesses dois outros acontecimentos

Marcel Balassiano
Mestre em Economia
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Yasmin Melo destaca que as crises fazem parte desse processo de investimentos e que é esperado que tais eventos aconteçam. Da mesma forma pensa Charo Alves. “O mundo estava caminhando de forma muito boa, mas crises acontecem. A situação vai voltar ao normal na medida em que as medidas forem tomadas e o controle da doença for evoluindo”, resume.

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“A grande questão a saber é como os efeitos do coranavírus vão afetar essas e outras variáveis nas próximas semanas e meses. Tomara que tudo se resolva, na medida do possível, o mais rapidamente, e os impactos, tanto na vida das pessoas quanto na economia, sejam os menores”, conclui Marcel Balassiano.

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