A pouco mais de 100 quilômetros de distância da Capital capixaba, São Roque do Canaã, na Região Serrana do Espírito Santo, registra um dos salários médios mais baixos do país. No município, que tem uma população estimada em 12,6 mil habitantes, os trabalhadores recebem, em média, R$ 1.710.
É a mesma média salarial registrada por Ponto Belo, no extremo norte do Estado. As informações foram extraídas da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), que aponta que esses municípios ocupam, respectivamente, a 5.114ª e a 5.111ª posições no ranking nacional, que engloba as 5.570 cidades brasileiras, incluindo Brasília (Distrito Federal) e o Distrito Estadual de Fernando de Noronha (PE).
Em Mucurici, vizinho a Ponto Belo, a média de R$ 1.737 garantiu ao município a 5.032ª posição no ranking. Confira os 10 municípios capixabas com pior média salarial:
Economista na Todos: Analistas de Negócios e Projetos, Danielle Nascimento avalia que o simples fato de os municípios não estarem inseridos na Região Metropolitana não deveria justificar os salários serem tão menores.
“A renda do trabalho é uma variável de resultado: uma série de fatos precisam ocorrer para que isso seja refletido na renda das pessoas. A diversidade econômica, a infraestrutura básica, a atração de negócios estratégicos condizentes com o potencial do território, a logística, a escolaridade... Todos esses fatores precisam estar bem, serem atrativos, para que isso seja refletido em salários.”
O economista Ricardo Paixão observa, porém, que, em alguns casos, a desigualdade de renda entre os municípios também se deve ao fenômeno de emancipação territorial registrado no século passado.
Ricardo Paixão
Economista
"Várias localidades faziam parte de municípios maiores e decidiram se emancipar, mas sem verificar a viabilidade econômica disso. Muitos são atrelados ao setor primário, setor agrícola e, mesmo assim, não conseguem se bancar, sobrevivem de transferência de recursos. Isso tem um peso muito grande"
Ele frisa que, no cenário ideal, os municípios devem ter arranjos produtivos locais que gerem riquezas suficientes para que consigam se sustentar e fornecer meios de subsistência à população. Quando o planejamento não é feito, as oportunidades são escassas e os salários, baixos.
A média salarial nacional equivale a R$ 2.321,08. E, das 78 cidades do Espírito Santo, em 50 os trabalhadores recebem, em tese, valores inferiores, inclusive em Vila Velha (R$ 2.319) e Cariacica (R$ 2.233), na Grande Vitória.
Vitória, por outro lado, não apenas tem os pagamentos mais altos de todo o Estado, como ocupa a 62ª posição no ranking nacional, com um salário médio de R$ 4.404.
A economista Danielle Nascimento frisa que, no Brasil, em geral, as capitais possuem rendas médias mais elevadas, mas não simplesmente por serem capitais.
“Elas (assim como as regiões metropolitanas), concentram grande parte dos setores de serviços, possuem maior infraestrutura, centralizam sedes de empresas... Com isso, os salários mais elevados também acabam se concentrando nessas áreas. Há todo um contexto social e econômico que acontece no entorno das capitais que faz com que elas acabem também tendo as maiores rendas.”
No caso de Vitória, ela observa ainda que a cidade conta com outros pontos a seu favor, como, por exemplo, ser um dos locais com maior qualidade de vida do país. “Por outro lado, é também um dos lugares mais caros de se viver. Ambos os pontos também se correlacionam com as rendas mais elevadas.”
Na segunda posição estadual, vem não a Serra — que tem a maior população —, mas Iconha, no Sul capixaba, cuja média salarial é R$ 3.107, de acordo com o balanço mais recente da Rais. Aracruz (R$ 3.054), que reúne algumas empresas de peso, ocupa a terceira colocação.
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