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Copom corta taxa básica de juros para 4,5% ao ano

Copom corta taxa básica de juros para 4,5% ao ano

Selic atingiu uma nova mínima histórica pela quarta vez seguida. Com isso, Brasil deixa de figurar, pela primeira vez, entre os dez países com as maiores taxas de juros reais

Publicado em 11 de dezembro de 2019 às 19:36

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Fachada do Banco Central do Brasil. (Divulgação)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu reduzir, nesta quarta-feira (11), a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual. Com isso, a Selic chegou a 4,5%,  seu menor patamar desde 1996, quando foi iniciada. Este já é o quarto corte consecutivo depois de um período de um ano e quatro meses estagnada em 6,5%.

A nova rodada de cortes da Selic ocorre em um contexto de fraco de crescimento da economia, apesar da recuperação modesta do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre, inflação abaixo da meta, desemprego elevado e juros baixos (até negativos) em países desenvolvidos e emergentes.

O atual ciclo de redução dos juros começou em julho deste ano. Até aquele momento a taxa básica permaneceu por 16 meses em 6,5%. Com a economia ainda em recuperação e a inflação sob controle, a expectativa da maioria do mercado financeiro era de que a Selic passasse por um novo corte, o que se confirmou. 

O professor de Ciências Econômicas da Universidade Santo Amaro (Unisa), Luís Carlos Gruenfeld, aponta que o novo corte da Selic está alinhado com a atual conjuntura econômica e agenda de reformas em curso. "É razoável supor que, mantidas as condições atuais no cenário político e econômico internacional e, também, dando continuidade ao ritmo das reformas no Brasil, a trajetória de queda possa se manter no próximo ano, ainda que de forma bastante discreta", aponta.

Ainda de acordo com ele, os principais efeitos, que poderão se confirmar, ou não, a depender de diversos outros fatores, são o estímulo à atividade econômica com crédito (possivelmente) mais barato e, também, uma diminuição da rentabilidade de investimentos de renda fixa. "Esse aspecto poderá abrir espaço para outros investimentos menos conservadores, como é o caso da bolsa de valores", afirma.

SELIC DEVE CONTINUAR CAINDO EM 2020

Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) a projeção para o final de 2020 é que chegue a 4,25%. "Olhando para a frente, entretanto, houve alterações importantes na inflação de curto prazo e no movimento da taxa de câmbio desde a última reunião do Copom. Por isso, apesar de prevermos um corte adicional em fevereiro de 2020, o cenário tornou-se mais incerto e o Copom ficará ainda mais dependente dos dados para decidir se estende o corte de juros ou se interrompe a queda em 4,5%", aponta Fernando Honorato, coordenador do Grupo Consultivo Macroeconômico.

George Sales, professor de Finanças da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (Fipecafi), avalia que a taxa básica de juros deve continuar sendo reduzida no próximo ano. De acordo com ele, com o Banco Central projetando que a inflação central fique em 4%, considerada baixa, o Copom deve também manter a Selic nos menores patamares históricos.

"A redução da Selic é uma experiência boa para o Brasil. Para o investidor nacional vai viabilizar projetos porque ele vai ter um custo de captação de recursos menor. Com isso, a possibilidade de investimento cresce",  comenta.

PARA QUÊ É USADA A SELIC?

O Copom se reúne a cada 45 dias para definir a Selic, buscando o cumprimento da meta de inflação. Essa meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão formado pelo Banco Central e pelo Ministério da Economia.

Para 2019, a meta central é de 4,25% e, como o sistema prevê margem de tolerância, será considerada formalmente cumprida se ficar entre 2,75% e 5,75%. Já para 2020, a o objetivo central de inflação é de 4% (tolerância entre 2,5% e 5,5%).

Quando a inflação está alta ou indica que ficará acima da meta, o Copom eleva a Selic. Dessa forma, os juros cobrados pelos bancos tendem a subir, encarecendo o crédito e freando o consumo, assim, reduzindo o dinheiro em circulação na economia. Com isso, a inflação tende a cair.

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