O navio-plataforma no Espírito Santo que registrou contaminação de 34 trabalhadores por coronavírus vai parar totalmente a produção para realização de trabalho de desinfecção da unidade. A FPSO Capixaba produz petróleo e gás na porção capixaba da Bacia de Campos, localizada no Sul do Estado, mais precisamente na região petrolífera conhecida como Parque das Baleias.
A informação é da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e do Ministério Público do Trabalho (MPT). Os trabalhos de desinfecção deverão ser contratados pela SBM Offshore, proprietária da plataforma que é arrendada pela Petrobras para produção nos campos de Cachalote e Jubarte.
Segundo a ANP, os trabalhadores que tiveram a Covid-19 diagnosticada foram desembarcados, sendo a produção interrompida para descontaminação da unidade. "Mantém-se a bordo apenas o pessoal essencial para a manutenção segura da unidade na locação", informou a agência.
A procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) Flávia Veiga Bauler, da Coordenadoria Nacional do Trabalho Portuário e Aquaviário (Conatpa), disse que o desembarque precisa ser feito aos poucos, para que seja providenciada a paralisação segura da plataforma. Essa parada total pode ser feita em até quatro dias.
Ela explicou que a desinfecção total da unidade é necessária, já que o vírus pode permanecer por mais tempo no local, inclusive em áreas comuns de convivência dos trabalhadores. O MPT pode investigar se houve alguma irregularidade trabalhista no caso.
A preocupação com relação ao coronavírus é maior para quem trabalha em confinamento. Isso porque os trabalhadores compartilham áreas de refeição, de lazer, camarotes. Até por conta disso, o MPT tem orientado para diminuir o número de empregados a bordo, explicou a procuradora.
A FPSO Capixaba tem capacidade de processar 110 mil barris de petróleo por dia, sendo, em capacidade, a terceira maior do Espírito Santo (atrás apenas das plataformas P-57 e P-58, que também operam no Parque das Baleias). A paralisação deve afetar a produção de petróleo e gás no Estado.
Ao contrário do número de 53 trabalhadores infectados fornecido pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) na quarta-feira (8), tanto a ANP quanto o MPT informaram que o número oficial é de 34 tripulantes da FPSO Capixaba que testaram positivo para a Covid-19 e que, na verdade, 53 é o total de funcionários que estavam atuando na embarcação.
Segundo a ANP, do restante da tripulação, outros 15 testaram negativo e para quatro a testagem foi inconclusiva. "A responsabilidade pelo tratamento de saúde é da empresa com a qual o profissional possui vínculo empregatício", informou a agência.
A informação da Sesa é de que os trabalhadores que deixaram a plataforma estão em isolamento em um hotel de Vitória.
Procurada, a Petrobras não comentou o caso e orientou a reportagem a procurar a SBM. Sem dar mais detalhes, a empresa informou, em nota, que "confirma que um número significativo de tripulantes de um de seus FPSOs no Brasil testou positivo para Covid-19. Eles estão recebendo atenção médica e sendo monitorados de perto".
"Algumas pessoas já desembarcaram e estão recebendo atendimento médico em terra. A bordo, medidas preventivas permanecem em vigor como distanciamento social e reforço das regras para aumentar a higiene dentro do navio", ressaltou a empresa.
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