Os efeitos da pandemia sobre a economia do Estado são gritantes. Empresas fecharam as portas, 139 mil trabalhadores ficaram sem emprego. Os últimos indicadores apontaram para queda de 5,9% no PIB (Produto Interno Bruto) capixaba no segundo trimestre, na comparação com o trimestre anterior, e recuo de 12,2% das atividades econômicas.
Entretanto, na medida em que os níveis de contágio pela Covid-19 vão reduzindo, as atividades são flexibilizadas e o mercado internacional normaliza, a previsão é que a economia do Espírito Santo se recupere em forma de "V".
Na recuperação em "V", a retomada é quase tão veloz quanto a queda. Assim, embora a atividade econômica tenha desacelerado acentuadamente durante o primeiro semestre de 2020, espera-se uma recuperação rápida, criando um formato em "V" em que a economia volta ao nível de produção habitual em alguns trimestres.
É esse o cenário previsto para o Espírito Santo, segundo o diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Daniel Cerqueira, que destacou que, apesar de inegáveis prejuízos, o Estado está saindo da crise de forma organizada.
Um exemplo disso é que, mesmo em meio à pandemia, os investimentos praticamente foram mantidos. Estamos bastante otimistas com a recuperação. A retomada vai ser em 'V'. Tivemos uma queda forte, mas acredito também na recuperação forte, apesar de alguns efeitos ainda perdurarem, explicou, durante evento de divulgação do panorama econômico capixaba, realizado na manhã desta quinta-feira (17).
O especialista destaca que, na comparação com a situação enfrentada por outros Estados, em que houve falências em massa, os resultados registrados até aqui, apesar de ruins, permitem certo otimismo.
Não tenho dúvidas de que o efeito da pandemia por aqui foi traumático. Uma crise em que as pessoas mal conseguiam sair na rua. Mas, olhando os indicadores do Espírito Santo, comparando com o Brasil e com o que aconteceu no mundo, não tenho dúvida de que poderia ter sido muito pior."
No período mais agudo da crise, isto é, o segundo trimestre deste ano, o PIB capixaba apresentou o pior resultado do período desde o ano de 2009. Ou seja, a magnitude da queda se assemelha àquelas verificadas no período em que a economia capixaba sofreu as consequências da crise financeira mundial (crise do subprime norte-americano).
Os resultados refletem as medidas tomadas em âmbito estadual para contenção do contágio do novo coronavírus. A suspensão do funcionamento de diversos estabelecimentos, não essenciais, acentuou as quedas nas atividades de indústria e serviços e reverteu o desempenho positivo que o comércio vinha registrando.
Os desdobramentos da pandemia no cenário internacional também afetaram o Estado, que tem forte ligação com o comércio exterior. Alguns países chegaram a isolar cidades inteiras a fim de tentar conter o novo coronavírus período durante o qual o Estado viu a demanda por commodities como minério de ferro, entre outras, decair rapidamente.
Em tempo, as exportações recuaram 27,9% no segundo trimestre. Ao passo que esse países retomam seus mercados, entretanto, a tendência é de recuperação.
A expectativa já para o terceiro trimestre, principalmente da indústria extrativa, que teve uma queda acentuada, é de recuperação. Não acredito que teremos números positivos neste ano, pois o setor já vinha sofrendo com a queda das commodities desde antes. Mas há uma tendência de crescimento, frisou o diretor de Integração e Projetos Especiais do IJSN, Pablo Lira.
Lira destacou que a demanda por commodities já está crescendo novamente, e que, na medida em que as taxas de contágio pela Covid-19 vão reduzindo, outros setores devem apresentar crescimento mais consistente.
Uma nova onda da doença, que poderia abalar novamente a economia no momento de retomada, foi descartada, a princípio. Não prevemos uma segunda onda. Acredito que o ES tem todas as chances de se recuperar em 'V', reforçou o diretor-presidente do IJSN, Daniel Cerqueira.
O ponto foi reforçado pelo economista Marcelo Loyola Fraga, segundo o qual a pandemia foi uma situação excepcional, cujos motivos nada tinham a ver com fatores econômicos.
"Vínhamos caminhando bem, com inflação baixa, juros baixos, índice de confiança elevado. A tendência é que o que foi perdido no primeiro semestre, principalmente no segundo trimestre, recupere-se rapidamente. É claro que, no 'V', você volta para o mesmo patamar. Ir além disso será um desafio."
Já o economista Eduardo Araújo acredita na retomada em forma de 'U', de forma mais gradativa. "Foi uma queda muito alta, e, pelo ritmo que a economia vem recuperando a cada mês, é de se esperar que a gente ainda esteja rodando com a atividade econômica 4%, 5% abaixo do que no ano de 2019. Essas projeções podem mudar, mas, com base nos indicadores que a gente tem agora, não acredito que seja uma recuperação tão rápida. A gente não tem ainda nenhum fator estrutural que indique tanto crescimento. A retomada das atividades de mineração pela Samarco pode contribuir, mas ainda carecemos de mais boas notícias."
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