Desde a semana passada, moradores de Maceió (AL) vivem momentos de tensão, devido ao risco de colapso de minas de sal-gema em uma área do município. Muito utilizado na indústria química, o produto é uma substância encontrada em jazidas subterrâneas formadas há milhares de anos, em áreas costeiras antigas.
Ele traz consigo uma variedade de minerais, além do cloreto de sódio, mas a principal diferença entre esse produto e o sal marinho, utilizado na cozinha, está na maneira como se formam.
O sal usado como tempero geralmente vem do mar e surge a partir da evaporação da água represada pelo homem. Já o sal-gema surgiu a partir da evaporação natural de partes do oceano, em um processo que se iniciou há 120 milhões de anos e deve ter sido concluída há 500 mil anos. Por este motivo, a substância também é conhecida como sal fóssil.
O mineral é empregado, por exemplo, na fabricação de cloro, soda cáustica, ácido clorídrico e bicarbonato de sódio; na composição de produtos farmacêuticos; nas indústrias de papel, celulose e vidro; e em produtos de higiene, tais como sabão, detergente e pasta de dente. Também é utilizado no tratamento da água e nas indústrias têxtil e bélica. Um dos produtos também fabricado a partir desse produto é o PVC.
Essas jazidas de formação natural em geral se encontram a centenas ou até milhares de metros de profundidade. Em Maceió, as minas perfuradas chegam a ultrapassar mil metros. O Espírito Santo também tem grandes reservas, mas até agora sem produção. As rochas achadas no Estado estão em camadas com até 2 mil metros de profundidade e apresentam boa pureza.
Em Maceió, a exploração, iniciada pela Braskem em 1976, envolvia a escavação de poços até a camada de sal; depois, injetava-se água para dissolver o sal-gema e formar uma salmoura, que era trazida até a superfície com um sistema de alta pressão. Para manter a estabilidade do solo, as lacunas eram preenchidas com líquido, que teriam vazado, deixando as camadas superiores sem sustentação. A prefeitura local decretou situação de emergência na Capital alagoana.
O problema em Maceió ocorreu por vazamento dessa solução líquida, deixando buracos na camada de sal. Uma hipótese já levantada por pesquisadores é de que a ocorrência tenha relação com falhas geológicas na região. Consequentemente, a instabilidade no solo levou a um tremor de terra sentido em março de 2018. O evento causou os afundamentos nos cinco bairros: Pinheiro, Mustange, Bebedouro, Bom Parto e Farol.
Com novos tremores e o surgimento de rachaduras em casas e ruas, a Braskem anunciou o fim da exploração das minas em maio de 2019. A petroquímica diz que já foi pago R$ 3,7 bilhões em indenizações e auxílios financeiros para moradores e comerciantes desses bairros. Uma parcela dos atingidos busca reparação através de processos judiciais. O caso também é discutido em ações movidas pelo Ministério Público Federal (MPF).
A exploração de sal-gema, como outros minerais, depende de licenciamento ambiental. A exploração é fiscalizada pela Agência Nacional de Mineração (ANM). No mercado internacional, o Brasil é um ator relevante. Segundo dados da ANM, foram 7 milhões de toneladas em 2002. O ranking do ano passado, no entanto, mostra que os três líderes mundiais têm produção muito mais robusta que todos os demais: China (64 milhões de toneladas), Índia (45 milhões) e Estados Unidos (42 milhões).
Com informações da Agência Brasil
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