Os empregos perdidos durante a pandemia não serão recuperados em um futuro próximo. E o resultado disso vai se refletir na carreira e na remuneração de quem ainda não entrou no mercado de trabalho. O problema deve durar por algumas décadas.
Pesquisa recente do Insper, de São Paulo, apontou que o jovem terá renda 31% menor que a de seus pais se a taxa de desemprego for o dobro daquela que os próprios pais enfrentaram quando começaram a trabalhar.
A professora do Insper Juliana Inhasz explica que, com menos postos de trabalho, a concorrência deverá ser ainda maior e isso deve ocorrer nos próximos 20 anos. Ela lembra que o Brasil passou por períodos de bonança desde 1994, quando entrou em vigor o Plano Real.
Foram épocas de crescimento econômico, com salto na renda e com a economia em um patamar muito diferente onde até então se conhecia. No entanto, desde 2014, o Brasil atravessa uma crise econômica, com baixo índice de crescimento.
O professor de estratégia e liderança da Fucape, Bruno Felix, explica que a redução salarial ocorre quando há menos postos de trabalho e há mais pessoas qualificadas desempregadas.
"A crise que estamos passando será paga pelas gerações futuras. O Brasil já vinha de outras recessões e, quando parecia que iria se recuperar, veio o coronavírus e voltou a se agravar. Um outro fator preocupante é a desvalorização do dólar, provocando ainda mais instabilidade. É preciso que o governo faça um plano econômico muito bem estruturado para haver um horizonte mais certo, associado à políticas de saúde", frisa.
O economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), Sebastião Demuner, acredita que a crise de desemprego será sem precedentes, exigindo mais iniciativa do profissional, que vai precisar ir atrás das próprias oportunidades por meio do empreendedorismo e da economia criativa.
Não sabemos onde estamos e quanto tempo isso ainda vai durar. Vamos precisar aprender a viver com essa nuvem de incertezas. Com relação aos postos de trabalho, haverá uma mudança radical, pois vai acabar com aquele emprego onde era necessário um trabalho repetitivo e que estava agonizando no mercado. A pandemia só antecipou o extermínio desse profissional, afirma.
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