A volta ao trabalho presencial deverá ser gradual e cercada de rígidos protocolos de distanciamento, proteção e higienização. Medição de temperatura, distanciamento e testagem devem entrar nas rotinas profissionais tanto como bater o cartão de ponto. Já o uso máscaras será tão fundamental como o de capacetes em obras: uma cultura que deve ser absorvida.
Essas são algumas das normas a que empregadores e funcionários terão que se adaptar para o retorno das atividades. O uso de máscara, para especialistas, deve se tornar intensivo até que se tenha uma vacina para a Covid-19. Até lá, não poderemos trabalhar sem esse item no dia a dia. Ou seja, essa deve se tornar uma regra por um bom tempo no meio corporativo.
Ainda assim, o fim do home office, que já começa a ser estudado pelas empresas, precisará ser cauteloso e adotado, preferencialmente, em um cenário de queda sustentada dos casos do novo coronavírus.
Essa é a avaliação do secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, que avalia que o momento atual ainda não é o adequado para fazer essa transição nas empresas. Para ele, esse cuidado é necessário porque sempre há o risco de novos surtos, uma vez que ainda não há uma vacina ou sequer garantia de imunidade em quem já contraiu o vírus.
"Com os atuais números, as atividades que quiserem retomar seu padrão pré-pandemia de uma vez vão se submeter ao risco grande de ter seus trabalhadores contaminados e, por isso, não vão ter nosso aval para essa volta enquanto não houver uma queda sustentada. É arriscado demais fazer antes disso", disse.
Segundo Nésio, quando houver o retorno amplo será fundamental o cumprimento efetivo dos protocolos no ambiente de trabalho. Mas, ainda assim, há riscos. Ele lembra que, desde o começo, as previsões do Estado eram de que a pandemia durasse de 12 a 18 meses, e que esse período vai continuar exigindo muitos cuidados e restrições comportamentais.
"Sempre vamos ter riscos de novos surtos enquanto não houver uma vacina ou tratamento específico. Isso é um consenso. Essa é uma doença que vai se tornar endêmica no mundo inteiro, uma doença do cotidiano", ressalta.
Um dos motivos desse desafio é o fato da imunidade de quem já contraiu a Covid-19 ainda ser uma dúvida. "Já temos casos de reinfecção no Brasil. Há um estudo global que mostra que, após 40 dias, o paciente que teve a doença assintomática perde boa parte dos anticorpos. Em quem teve sintomas, em 90 dias. Além disso, temos três grandes grupos de mutações do vírus já, e outras ainda podem acontecer".
Por isso, as dúvidas ainda são grandes e impedem a realização de previsões precisas. O secretário da Saúde não afasta a possibilidade de novas ondas da doença se o risco for subestimado.
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