> >
Indústria da beleza do ES se reinventou e cresceu mesmo na crise

Indústria da beleza do ES se reinventou e cresceu mesmo na crise

O mercado capixaba de beleza tem se expandido de 5% a 6% ao ano, segundo o Sindiquímicos

Publicado em 26 de dezembro de 2019 às 05:30

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Paula Breder, empresária do ramo da beleza. (Eric Neander/Divulgação)

Em meio às crises que o país vem enfrentando, um setor se destacou por conseguir crescer: o da beleza. No Espírito Santo, novas marcas surgiram e outras se reinventaram se adequando às mudanças dos hábitos de consumo e à redução na renda das famílias. Especializadas em cabelos cacheados, feitas apenas com produtos naturais ou destinadas a profissionais da área, elas viram o potencial em produzir para um público específico.

Zilma Bauer, presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Químicos do Espírito Santo (Sindiquímicos) e da empresa Ervas Naturais, lembra que, antes do desequilíbrio econômico, o mercado de beleza estava crescendo até 40% ao ano. “A crise foi nacional, mas para o mercado de beleza não foi tão séria como para a construção civil, por exemplo. Hoje, o mercado capixaba de beleza já vem crescendo a uma média de 5% a 6% ao ano”, conta.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), em 2014, a indústria geral amargou uma queda de 1,2%. No ano seguinte, caiu mais 8,3%. Já a indústria da beleza cresceu 6,4% em 2014, e teve queda de 8,4% em 2015.

Apesar da retração em 2015, os anos seguintes do mercado da beleza no Brasil foram bem melhores do que para a indústria geral. Esta última caiu 6,6%, em 2016, e depois cresceu em 0,2% e 0,4%, em 2017 e 2018. Já o setor de beleza teve queda de 5,1%, em 2017, e teve aumento de 1% e 1,17%, nos anos seguintes.

Ainda de acordo com a associação, nos últimos cinco anos o mercado de estética teve também um importante crescimento na quantidade de profissionais no país: 567%. O número passou de 72 mil para mais de 480 mil envolvidos. Neste ano, o setor movimentou cerca de R$ 47,5 bilhões.

OPORTUNIDADE EM MEIO À CRISE

Voltadas para um público cada vez mais seletivo, algumas empresas enxergaram um potencial de mercado que a indústria tradicional não tinha explorado até então: o bem-estar e a comodidade nos cuidados com a beleza. Com isso, elas conseguiram nascer e conquistar mercado mesmo em meio à crise.

A empresária e cabeleireira Paula Breder conta que, há quatro anos, quando voltou para o Espírito Santo, abriu um espaço de tratamento capilar naturalista. No começo, ela usava os produtos que desenvolvia artesanalmente e contava com a ajuda apenas do marido, realidade bem diferente da atual.

Aspas de citação

Hoje tenho duas unidades (de salões naturalistas), uma em Vila Velha e outra em Vitória, e 14 funcionários. As pessoas estão assumindo o seu cabelo sem química e buscando produtos mais naturais. Elas querem viver de forma saudável. Esse é o mercado que vem se expandindo nos últimos anos

Paula Breder
Empresária
Aspas de citação

Outra empresa que surgiu nessa esteira foi a Kinich. O projeto da companhia começou há cerca de sete anos, mas só entrou de fato no mercado há três. A ideia era fabricar produtos para o cabelo que fossem usados em casa, mas que tivessem qualidade dos utilizados em salão.

“Assim que começamos, a crise se tornou mais evidente. O mercado de cosmético parou de crescer dois dígitos por ano e cresceu apenas um. Mas a situação virou e, como somos uma empresa jovem e que tem mercado a explorar pela frente, temos conquistado um crescimento de até 100% ao ano”, conta Willian Nóia Gomes, gerente da empresa.

EMPRESA APOSTOU EM NOVOS PRODUTOS PARA CRESCER

A marca da família Bauer tem mais de 20 anos de mercado e teve que se adaptar para sobreviver e crescer. A empresa, que fica em Jardim Colorado, Vila Velha, começou com apenas seis produtos.

“Na época em que começamos, apareceu uma oportunidade de abrir o negócio e juntamos as nossas economias. Investimos tudo o que tínhamos e fomos nos profissionalizando ao longo do tempo. Hoje já são cerca de 150 itens de diferentes linhas de produtos capilares”, comenta Zilma Bauer, presidente da Ervas Naturais.

Zilma Bauer criadora do Ervas Naturais. (Divulgação/Ervas Naturais)

Zilma destaca que para sobreviver à crise foi preciso se adaptar. “O consumo diminuiu muito. As pessoas diminuíram as idas ao salão naquele período. Tivemos que repensar o canal de vendas. Somos uma marca só para profissionais de salão de beleza, mas começamos a colocar nossos produtos para serem vendidos em lojas”, lembra.

Agora, diante de um novo cenário, a expectativa é investir e ampliar a produção. “Tínhamos um projeto de ampliação em Vila Velha que, diante da crise, precisamos colocar na gaveta. Nossa ideia agora é tirar ele do papel em 2021. Será uma fábrica maior e com uma planta sustentável”, revela empolgada.

EXPANSÃO PARA O EXTERIOR

Fábrica da Ybera. (Ybera/Divulgação)

Durante a crise, o consumo de produtos voltados para a beleza caiu no Brasil. Para aumentar as vendas, algumas empresas resolveram exportar sua produção para alcançar outros mercados. Esse foi o caso da Ybera, que fabrica produtos capilares e para o corpo. A companhia está no mercado há 15 anos e tem 260 funcionários divididos entre Marechal Floriano, Guarapari e Serra.

Aspas de citação

Para cobrir os problemas de vendas no Brasil, avançamos no exterior. Chegamos a ter 90% dos nossos produtos enviados para outros países. Hoje estamos em todos os continentes e atendemos a 45 países no total, mas a França é o nosso principal cliente

Johnathan Alves
CEO da Ybera
Aspas de citação

Este vídeo pode te interessar

Johnathan conta que há cerca de três anos, metade da companhia foi vendida para um grupo francês muito influente, e isso possibilitou uma abertura maior de mercado.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais