Trabalhar por conta própria é o sonho de muita gente. Afinal de contas, esse pode ser um caminho para a realização profissional e o sucesso financeiro de quem aposta no empreendedorismo. Segundo um levantamento do Global Entrepreneurship (2020), abrir o próprio negócio é o segundo maior desejo dos brasileiros, atrás apenas de viajar.
Alimentação, beleza e artesanato são as três principais áreas em que mais vale a pena empreender no Estado, conforme levantamento da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes). Segundo o diretor técnico da autarquia, Hugo Tofoli, essas são áreas que têm como diferencial a possibilidade de o profissional poder trabalhar em casa e até se qualificar de graça.
“Essa é uma alternativa para quem quer empreender e não tem muito capital para investir. O empreendedorismo é uma virtude do brasileiro, que mesmo com dificuldade consegue criar boas oportunidades. Prova disso foi a pandemia, em que muitas pessoas transformaram o hobby na principal fonte de renda da família”, ressalta.
- Principais áreas para empreender (conforme levantamento da Aderes)
- Alimentação
- Beleza
- Artesanato
- Conteúdo digital
- Serviços
A vida de empreendedora da artesã Renata Cristiny começou por acaso. Ela, que sempre gostou de usar peças coloridas no dia a dia, começou a produzir os próprios acessórios quando ainda trabalhava como gerente de um restaurante. Os adornos chamaram tanta atenção que as colegas passaram a pedir para que Renata confeccionasse unidades para elas também.
“Com a pandemia, o salário foi reduzido e aproveitei para ter uma renda a mais. Comecei vendendo pelas redes sociais e ainda produzi adereços para as mulheres do samba no Centro de Vitória. Percebi que as coisas estavam dando certo e pedi demissão do restaurante. Fazia as peças em cima da cama”, lembra Renata.
A artesã comenta que fez diversos cursos on-line para aperfeiçoar as técnicas, de marketing digital, entre outros. Há pouco mais de um ano, ela decidiu vender a produção na Praia da Guarderia, em Vitória. Para dar conta do material, a moça tem a ajuda do marido, Pedro Henrique Machado.
“Os acessórios têm tudo a ver com a praia. Começamos as vendas em uma mesinha de plástico e, este ano, investimos em um carrinho estilizado. Nossos planos agora incluem ter uma loja física”, ressalta.
Da decoração para a loja de donuts
Assim como Renata, Jhenyffer Dias Monteiro começou seu negócio durante a pandemia, com a produção e entrega via delivery de donuts. Em novembro do ano passado, ela abriu a loja Jheny Donuts, em Laranjeiras, na Serra. Antes disso, trabalhava com decoração de festas.
“Sempre fui boa de cozinha, mas não gostava de produzir as coisas para vender. Fiz várias pesquisas porque tinha muita vontade de ter uma renda, além de me sentir mais útil, mesmo com a rotina doméstica e os cuidados do bebê pequeno”, relata.
Jhenyffer costuma participar das feiras promovidas pela Aderes, algo que, para ela, funciona muito bem como vitrine de trabalho. Com indicação da autarquia, conseguiu ter acesso ao microcrédito para abrir a loja.
“Procurei ainda uma mentoria do Sebrae para elaborar um plano de negócios e planejar o crescimento dos próximos cinco anos. Também usei uma ferramenta que ajudou a identificar o melhor local para investir. Com tudo isso, consegui dobrar o faturamento, sem contar a experiência maravilhosa. A abertura de novas lojas faz parte da estratégia”, comenta Jhenyffer.
Aposta nos bolos e nos gelatos
A confeiteira Larissa Rigo começou a trabalhar fazendo docinhos de festa há oito anos e logo partiu para os bolos. As vendas começaram na escola e, aos poucos, ela foi se especializando até chegar na técnica de bolos esculpidos, vendidos por encomenda.
A jovem também observou outra oportunidade no mercado e passou a trabalhar com os gelatos, que são sorvetes italianos feitos em formatos de tortas e picolés. Ela resolveu ousar e, no cardápio, é possível encontrar sabores como maçã verde com canela, iogurte com damasco, tiramisù, cheesecake, além de opções veganas, como a de pitaya e graviola, entre outras delícias.
“Comecei a trabalhar muito nova, com 17 anos, e conquistei minha independência financeira para ter as coisas que queria. Hoje, estou na terceira faculdade, que faço por hobby porque já tenho uma profissão. Costumo vender pelas redes sociais e nos eventos do governo, que funcionam como vitrine”, relata.
Hugo Tofoli, da Aderes, alerta que, para se destacar no seu ramo de atuação, é necessário usar a criatividade e ser inovador, buscar um diferencial, transformando o seu produto em algo único.
“Também é necessário ter capacitação e planejamento para que tudo dê certo. O empreendedor não pode esquecer que o retorno financeiro não é tão rápido quanto ele gostaria”, ressalta.
Novos negócios
Já o Sebrae elaborou o e-book “Tendências de Negócios: tendências e oportunidades para o futuro dos negócios”, no qual aponta as possibilidades de crescimento que servem para inspirar os empreendedores, atuais e futuros. Entre elas estão a conexão com a natureza, o poder dos nichos e a longevidade. O estudo foi realizado em 2022.
Segundo a gerente de Relacionamento do Sebrae-ES, Adriana Rocha, a ideia era entender quais serão as oportunidades do futuro, sem focar na tecnologia.
“Uma tendência nasce a partir da observação de um processo de mudança que afeta o comportamento das pessoas. É por meio da observação dos comportamentos emergentes que nascem ideias sobre uma nova forma de ver, pensar, produzir e ou fazer negócios. Considerando, ainda, que o mundo vem passando por um processo de mudança oportuna, com tecnologia e globalização sendo os grandes pilares dessa mudança, pudemos observar novos hábitos de consumo, novas tendências, novos nichos a serem explorados, além da popularização de canais de distribuição e comunicação, incluindo novos comportamentos, desejos e demandas populacionais ansiosas para serem atendidas”, observa.
Entre os negócios levantados, há opções para o varejo, a exemplo de pet shop, barbearia, estética e panificação; e também no turismo, incluindo hotéis e pousadas, bares e restaurantes, além de operadores turísticos. O material do Sebrae ainda elenca opções para economia criativa, incluindo moda e confecção, além do artesanato. E também sugere opções para o agronegócio, apontando o café, a hortifruticultura e o laticínio como possibilidades principais para os empreendedores.
Dicas para empreender
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01
Conhecimento no ramo
É um erro querer investir em um determinado negócio apenas porque está em alta naquele momento. Por isso, não aja por impulso e conheça a área em que deseja atuar.
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02
Estude o mercado
Estudar o mercado abrange a análise da concorrência, a pesquisa sobre o público-alvo e a localização. Com isso, a chance de acertar fica maior.
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03
Planejamento financeiro
Do investimento inicial ao valor que será necessário ter em caixa para sustentar a operação em períodos de crise, a organização das finanças é fundamental. Um dos valores mais importantes é o capital de giro, que fica guardado para sustentar a operação da empresa enquanto as contas a receber não entram no caixa. Esse planejamento vai impedir que você fique no vermelho nos primeiros meses de empresa.
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04
Registro da marca
O processo de registro da marca vai proteger você legalmente e garantir o direito de uso.
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05
Plano de negócios
Você deve organizar as informações num plano de negócios. O documento vai guiar todas as atividades da empresa, como custos estimados, desenvolvimento e organização.
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06
Busque especializações
Assim como para ser empregado, estudar e se dedicar ajudam o empresário a ter uma boa noção de gestão empresarial. Contabilidade, marketing, gestão de pessoas e gestão financeira são apenas alguns pontos.
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