Puxado pelo mau desempenho do setor industrial, o Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo caiu 1,8% no terceiro trimestre de 2019 em comparação com o trimestre anterior. Os dados são do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e foram divulgados na tarde desta quarta-feira (18). No trimestre, a soma das riquezas produzidas no Estado totalizou R$ 31,1 bilhões.
A indústria segue sendo a maior responsável pela retração da atividade econômica capixaba, com uma queda acumulada no ano de 13%. O segmento de transformação, por exemplo, apresenta redução de 8,7% até o terceiro trimestre.
Mas os piores números vêm do segmento extrativista. Paradas programadas de usinas de pelotização da Vale no Complexo de Tubarão, a redução da exportações de minério de ferro e celulose, e o preço baixo de commodities como petróleo e minério no mercado internacional foram os principais componentes que levaram a indústria extrativa a apresentar queda de 17,2% no acumulado do ano até setembro.
Com o resultado do terceiro trimestre, a economia capixaba está no zero a zero em 2019, segundo os dados do IJSN. Ou seja, o PIB acumula uma variação de 0%: nem cresceu, nem diminuiu. Para se ter uma ideia, a economia nacional até setembro aprensenta crescimento de 1%.
Para o diretor-presidente do Instituto Jones, Luiz Paulo Vellozo Lucas, ainda não dá para se falar em frustração das expectativas para o PIB deste ano, e sim em um prolongamento dos impactos negativos de acontecimentos do setor industrial. Mesmo sem fazer uma estimativa, o IJSN avalia que o resultado da economia capixaba deve fechar 2019 no positivo.
Se por um lado a indústria mantém o ano ruim, com sucessivas quedas de produção, os setores de comércio e serviços vêm apresentando recuperação do meio do ano para cá no Espírito Santo. Até setembro, o comércio varejista ampliado (que inclui a venda de veículos e peças) acumula alta no ano de 4,7%. Já o setor de serviços variou positivamente em 0,1%, puxado sobretudo pela alta de 5,8% nos serviços prestados às famílias.
"Esse é um bom sinalizador de retomada futura da economia, pois mostra que as famílias estão demandando e consumindo cada vez mais produtos e serviços", projetou Antônio Ricardo Freislebem da Rocha, coordenador de Estudos Econômicos do Instituto Jones.
O setor de serviços, aliás, tem sido o que mais tem criado empregos neste ano. Até setembro, dos 18,3 mil postos de trabalho abertos no Espírito Santo, 10 mil são apenas em estabelecimentos de serviços. Na sequência aparece a indústria de transformação (3,2 mil novas vagas) e a construção civil (3 mil).
Outro resultado positivo que o Estado tem colhido em 2019 vem do comércio exterior. Entre janeiro e setembro, as exportações capixabas cresceram 14,8%, somando US$ 7,1 bilhões.
No terceiro trimestre, a maior exportação feita do Estado que ajudou a conter a queda dos números do PIB foi a da plataforma P-68, produzida pelo Estaleiro Jurong Aracruz e entregue em setembro. Só a venda da FPSO (sigla em inglês para unidade que produz, armazena e transfere óleo) somou US$ 1,5 bilhão ao total de exportações capixabas.
As importações também estão em alta. Entre janeiro e setembro deste ano, o Espírito Santo importou 19,8% a mais do que no mesmo período do ano passado, somando US$ 4,5 bilhões. Nesse mesmo período, as importações do Brasil retraíram 1,3%.
O presidente do Sindicato do Comércio de Exportações e Importações do ES (Sindiex), Marcílio Machado, pontuou que o resultado positivo do segmento tem se dado mesmo com o desempenho ruim da indústria. As vendas de minério de ferro para o exterior caíram 18% até setembro. As de celulose acumulam queda de 36%. Já a de produtos semifaturados de ferro e aço retraiu 25%.
"Estamos sendo surpreendidos com os resultados das importações no Espírito Santo que voltaram a ser maiores que as nacionais. É uma retomada importante, sobretudo porque estamos importando desde carvão, por exemplo, à produtos de maior valor agregado, como aviões e helicópteros", comentou Marcílio, que disse ainda que a expectativa do segmento é dobrar os resultados em 2020. "Estamos bastante otimistas", frisou.
O presidente do Sindiex, no entanto, fez uma ressalva para a matriz econômica capixaba, voltada para as commodities, o que segundo ele tem sido o principal motivo para o resultado ruim do PIB.
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