Dono na maior jazida de sal-gema em toda a América Latina, o Espírito Santo ainda não extrai o mineral, mas já conta com 48 autorizações de pesquisa em 11 municípios. A maior parte dessas permissões refere-se a Conceição da Barra, no Norte do Estado, mas também há registros em outras cidades capixabas.
Os dados são da Agência Nacional de Mineração (ANM), segundo a qual apenas um processo pode envolver mais de um município. Confira:
Em nenhuma dessas áreas há extração. No Espírito Santo, a extração ainda não tem casos com licenciamento ambiental.
Além das autorizações já liberadas, há outros seis requerimentos de pesquisa, em Itapemirim (3), Conceição da Barra (1), Serra (1) e Piúma (1), com análise pendente.
O sal-gema capixaba foi descoberto na década de 1970, enquanto a Petrobras perfurava os entornos de Conceição da Barra em busca de petróleo e, em vez de óleo, encontrou sais solúveis na região.
Diante das potencialidades no subsolo do Estado, a Petromisa — já extinta, mas que, na época, era a subsidiária da estatal voltada para a mineração — assumiu os trabalhos para pesquisar as localidades, que somam 110 mil hectares. Ao longo do tempo, a empresa constatou que mais de metade das reservas de sal-gema estimadas no país estava na região.
Em 2021, 11 áreas de sal-gema no Espírito Santo foram arrematadas por quatro empresas em um leilão da Agência Nacional de Mineração (ANM), por aproximadamente R$ 170 milhões. Posteriormente, três dessas áreas foram alvo de ação do Ministério Público Federal (MPF), que solicitou a exclusão do leilão por interferência em territórios quilombolas.
Em relação a essas áreas, especificamente, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Seama) pontuou que a etapa de pesquisa só se encerra no final de 2024. Até lá, nenhuma exploração pode acontecer. "Na fase de pesquisas será apresentada a viabilidade ou não do pleito."
Muito utilizado na indústria química, o sal-gema é uma substância encontrada em jazidas subterrâneas formadas há milhares de anos, em áreas costeiras antigas. Ele traz consigo uma variedade de minerais, além do cloreto de sódio, mas a principal diferença entre esse produto e o sal marinho, utilizado na cozinha, está na maneira como se formam.
O sal usado como tempero geralmente vem do mar e surge a partir da evaporação da água represada pelo homem. Já o sal-gema surgiu a partir da evaporação natural de partes do oceano, em um processo que se iniciou há 120 milhões de anos e deve ter sido concluído há 500 mil anos. Por esse motivo, a substância também é conhecida como sal fóssil.
No Espírito Santo, o sal-gema fica a cerca de 2 mil metros sob a terra. Em casos como esse, devido à profundidade, a extração da substância costuma ser feita por meio da lavra por dissolução.
É feito um poço no qual se injeta água até que o sal seja dissolvido e crie-se a salmoura, que passa a ocupar o espaço do sal. A água inserida força o excesso de salmoura a subir à superfície, onde o sal-gema é extraído.
O sal-gema é empregado, por exemplo, na fabricação de cloro, soda cáustica, ácido clorídrico e bicarbonato de sódio; na composição de produtos farmacêuticos; nas indústrias de papel, celulose e vidro; e em produtos de higiene, tais como sabão, detergente e pasta de dente. Também é utilizado no tratamento da água e nas indústrias têxtil e bélica. Um dos produtos também fabricado a partir desse produto é o PVC.
Apesar dos problemas registrados na exploração do mineral em Maceió (AL), onde bairros estão afundando em decorrência da mineração, a substância é extraída com segurança em diversos países. No Espírito Santo, a extração ainda não tem casos com licenciamento ambiental.
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