O ano de 2019 não foi o que se pode chamar de exemplar para a indústria de petróleo e gás no Espírito Santo. Dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), apontam que a produção total no Estado fechou 2019 em 313,7 mil barris de óleo equivalente por dia (boe/d), enquanto no final de 2018 esse número foi de 338,4 mil boe/d. A Shell, uma das petroleiras que operam nos mares capixabas, não fugiu à regra e registrou redução na produção no ano passado.
Mas, pelo menos para a empresa, esse cenário de redução da produção deve ficar no passado, avalia o presidente da Shell no Brasil, André Araújo. Segundo ele, o grupo vai investir na perfuração de um novo poço neste ano e iniciar as operações em outros dois já perfurados em 2019. Com isso, já em 2020, será possível recuperar as perdas que a empresa teve no ano passado.
Dos dois poços perfurados no ano passado, um já está em operação. Esses dois poços são parte da estratégia da companhia, que é maximizar investimentos que já foram feitos. Estamos procurando aquele óleo que está escondido. E essa é uma guerra diária de saber onde no reservatório o óleo está, comentou.
Até por conta disso, segundo o presidente da Shell, não serão necessários grandes projetos e leilões para que a empresa volte a aumentar a produção. No que existe de oportunidade aqui no Espírito Santo a gente consegue tirar leite de pedra e a gente quer ir até o último óleo, afirmou Araújo.
Segundo o presidente na Shell, o aumento da produção vai aumentar os investimentos e os empregos no Estado. Porém, não foram repassados números ou percentuais de crescimento.
A fala do presidente da Shell aconteceu durante um encontro de negócios organizado pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). Na reunião, foram apresentadas oportunidades para fornecedores locais para a indústria do petróleo - um dos setores mais exigentes do mundo. As empresas que compõem o setor de petróleo no Espírito Santo precisam contratar, anualmente, R$ 3 bilhões em produtos e serviços.
Temos hoje cerca de 460 empresas na cadeia de petróleo e gás - que vão do subfornecedor ao fornecedor principal. Num primeiro momento queremos não só ampliar o número de fornecedores, mas ampliar os mercados, tirando essa visão de que só existe Shell e Petrobras, disse o gerente de Petróleo e Gás da Findes, Durval Vieira de Freitas.
A expectativa, segundo o presidente da Findes, Léo de Castro, é que neste ano a participação das empresas capixabas no fornecimento de produtos e serviços para o setor cresça 5%. Nós ainda somos tímidos na operação desse mercado. A produção de petróleo no Brasil deve dobrar nos próximos 10 anos e esse é um mercado de grandes oportunidades, avaliou Léo.
Para explicar a queda da produção de petróleo no Espírito Santo, o governador Renato Casagrande fez a analogia com um navio transatlântico. O investimento em petróleo é como um grande transatlântico. Quando você decide fazer o investimento ele não acontece de um mês para o outro. Ele demora um tempo para se consolidar, refletiu o governador.
O que competia ao Estado fazer, nós já fizemos. Assinamos o novo acordo de exploração e agora a Petrobras pode retomar o ciclo de investimentos. Fizemos nossa parte, agora também precisamos de investimentos da Petrobras, concluiu.
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