O bebê Luiz Paulo Prates, de 1 ano e 4 meses, morreu afogado na piscina da casa dos avós, em Manguinhos, na Serra, no domingo. No dia 27 de novembro, foi Enzo Henrique Reis, de 1 ano, que morreu após cair de um degrau dentro de casa, no Bairro das Laranjeiras, também na Serra. Somente no Espírito Santo, uma criança morre de acidente a cada quatro dias.
Os dados são da Organização Não Governamental (ONG) Criança Segura e tratam de acidentes que vitimaram crianças de 0 a 14 anos no ano de 2017. No ranking das principais causas dos acidentes que levam à morte de crianças estão trânsito, sufocação e afogamento.
Segundo Eduarda Marsili, responsável pela gestão de projetos e políticas públicas da Criança Segura, por serem seres mais frágeis fisicamente, as crianças requerem mais atenção. Pode acontecer com qualquer criança, sim. Elas não têm discernimento do que é perigoso ou não, nem força para sair de certas situações de perigo. Mas sabemos que cuidados podem colaborar e muito para evitar esses acidentes, pois 90% é a prevenção, observou.
No ano de 2017, 87 crianças com idade entre 0 e 14 anos morreram em decorrência de acidentes no Espírito Santo. Em 30 casos, as vítimas morreram no trânsito, sendo a maioria como ocupantes de veículos. Muitas vezes por descuido dos pais. Toda a responsabilidade é do adulto, pois falta a cadeirinha, coloca a criança no banco da frente, não utiliza o cinto de forma devida, observou o tenente-coronel Carlos Wagner Borges, do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo.
Quando ampliamos os dados para nível nacional, a situação é ainda mais assustadora. Por dia, 10 crianças perdem a vida no Brasil por causa de acidentes. No topo das causas também estão os acidentes de trânsito, provocando pelo menos 30% dessas mortes diárias.
Para transporte de crianças nos carros, os quesitos de segurança estão previstos em lei. De 0 a 1 ano, deve ser usado bebê conforto. De 1 a quatro, cadeirinha. E até aos 7 anos é obrigatório o uso de assento de elevação com cinto de segurança. Porém, se a criança tiver menos de 1,45 m, deve continuar a usar o assento pois o cinto pode estrangular a criança em caso de acidente, observou Eduarda Marsili.
Os acidentes de trânsito estão relacionados não somente quando a criança é ocupante de um veículo, mas também quando é atropelada. A maior parte das vítimas está na faixa etária de 5 a 10 anos. Em 2017, 3.600 crianças morreram pela causa trânsito.
Já as maiores vítimas fatais de sufocamento estão dentro da faixa de 0 a 1 ano. A sufocação é a interrupção de ar nas vias aéreas, como nos casos em que o alimento que entalou na garganta ou até mesmo quando o bebê vira durante à noite e não tem força para sair daquela situação, exemplificou Eduarda Marsili.
A representante da ONG Criança Segurança faz um alerta especial quanto ao local em que o bebê vai dormir. A gente recomenda um berço certificado pelo Inmetro, colchão duro, sem almofadas ou pelúcias por perto, roupas quentinhas e não cobertas. Mas, se cobrir, deixar os braços para fora, orientou.
Outra preocupação é com quem se dorme. O bebê tem que estar sozinho. Nem com outra criança e nem com adulto. Pois o outro indivíduo pode se virar dormindo e sufocar o bebê, aponta o tenente-coronel Carlos Wagner.
O afogamento ocupa o terceiro lugar nas causas de morte e atinge mais crianças da faixa etária de 0 a 4 anos. Consideramos desde os que acontecem em águas abertas, como rios, cachoeiras e mar, como dentro de casa. É uma faixa etária que, com até 2,5 centímetros de água, a criança pode se afogar, em baldes, resto de água que ficou na banheira e até o pote de água do animal de estimação da casa, enfatizou Eduarda Marsili.
Já as quedas são as principais causas de hospitalização das crianças, sendo que 971 foram registradas no Espírito Santo em 2017. As quedas estão mais frequentes na fase de 5 a 10 anos. Os dados são da ONG Criança Segura, que também apontou que 382 crianças foram internadas, no mesmo ano, devido a queimaduras. A cozinha é um local que reúne perigos como água quente e forno quente. Já as quedas ocorrem muitas vezes de móveis, como cama e cadeira, e até de janela e escadas, pontua Eduarda Marsili.
Segundo ela, desde quando a ONG foi criada há 18 anos, tem ocorrido queda de até 40% por ano nos registros de mortes de crianças. Acreditamos que seja por conscientização, multiplicadores do conhecimento desses riscos, políticas públicas e mobilização, avalia.
O Corpo de Bombeiros do Espírito Santo lançou esta semana o canal "Dicas de Prevenção" para repassar orientações para a população sobre como evitar acidentes domésticos com crianças e também sobre como proceder antes da chegada do socorro.
Quem quiser receber no celular as informações, deve salvar o telefone de número 027 99664-9716 e mandar uma mensagem, declarando interesse. O objetivo é que as pessoas tenham um guia rápido do que podem fazer para que não ocorram essas situações e sobre o que fazer, se ocorrer. Só mandar um oi, quero participar que receberá as dicas, explicou o tenente-coronel Carlos Wagner.
O contato, porém, não é para ser usado em caso de emergência. O número de acionamento para emergência é o 193.
crianças sozinhas nem pensar. Devem estar sempre acompanhadas de um adulto para manter a vigilância e cuidados.
use protetores para cobrir a água e também cercas para impedir o acesso das crianças sem a companhia de um responsável.
mantenha a porta do banheiro sempre fechada, dessa forma colabora para evitar que as crianças se afoguem na água do vaso sanitário ou resto de água de banheira.
quinas pontiagudas de móveis como mesa e armários podem ser cobertas com papelão ou pedaços de borracha. Além disso, mantenha móveis distantes de janelas para que não sirvam de degrau.
as toalhas não devem ser cumpridas pois as pontam podem ser puxadas pelos pequenos, fazendo com que todos os objetos em cima da mesa caim sobre eles.
as janelas e varandas devem contar com redes de proteção para evitar quedas, em especial de uma grande altura que podem até a matar.
falou em água, a melhor proteção são os coletes salva-vidas. Além de permitir que as crianças tenham mobilidade para brincar, são a forma mais segura para evitar afogamentos. Nem mesmo as boias são seguras
Para transportar bebês de 0 a 1 ano, deve ser usado bebê conforto no banco traseiro do carro. De 1 a 4 anos, cadeirinha. E até aos 7 anos é obrigatório o uso de assento de elevação com cinto de segurança. Porém, se a criança tiver menos de 1,45 m, deve continuar a usar o assento.
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