Há exatos 110 anos, o Estado ganhava as primeiras turmas de ensino profissionalizante, em uma rede federal, e a educação capixaba iniciava a caminhada para alcançar um novo patamar. A formação técnica virou referência, mas também a área de pesquisa e de nível superior. Na trajetória secular, mudanças profundas no ensino, quebra de preconceitos, muitas curiosidades e também um olhar para o futuro. Até presidentes já circularam pelos corredores da instituição.
Essa é só uma parte da história que carrega o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), criado em 23 de setembro de 1909 para atender a uma demanda por formação profissional. Na época chamado de Escola de Aprendizes Artífices, era voltado a meninos em situação de vulnerabilidade. Em Vitória, o acesso a cursos técnicos ficou restrito aos homens até o início da década de 1970.
Historiador e um dos pesquisadores dos 100 anos da instituição para o livro do centenário, o professor José Candido Rifan Sueth ressalta que há muitas passagens importantes, entre as quais a visita do presidente Nilo Peçanha, que criou a escola, e de seu sucessor, Hermes da Fonseca. “Estiveram no Espírito Santo e quiseram visitar a escola, dada a importância da formação de mão de obra para a indústria. E o curioso é que, quando criada a escola, o decreto presidencial previa que o curso era voltado à classe popular e era necessário apresentar atestado de pobreza.”
MUDANÇAS
A transformação na educação, segundo José Candido, ia acontecendo à medida que o país se desenvolvia e outras demandas apareciam. As mudanças sociais e políticas também influenciaram a oferta da instituição até chegar à formação superior, em 2008, ano que houve a expansão em todo o país de institutos federais.
“Nos últimos anos, a qualidade no ensino aumentou de tal maneira que já foi considerada a melhor escola pública do país”, frisa José Candido, acrescentando que muitos já saíram da instituição com vaga em universidades americanas, como Harvard e Yale.
Afirmando ser um apaixonado pela escola, o professor conta que, durante a pesquisa, encontrou outros tantos alunos e ex-alunos devotados. Um deles foi o que ganhou um concurso, em 1946, para escrever a letra do hino da instituição - a Marcha Eteviana, entoada até os dias de hoje. Jair Marino deu entrevista para o livro, e morreu meses depois. “Ele via a escola com muita gratidão”, recorda.
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A servidora Maria da Penha Xavier, 65, uma das mais antigas, também se mostra grata por tudo o que viveu por lá. Desde os anos 70 na escola, passou por vários setores e viu parte da história acontecer. “O Ifes é a extensão da minha casa. Já podia ter me aposentado, mas fico porque gosto. Nos últimos anos, algo muito importante aconteceu: passou a se abrir mais para a comunidade”, atesta.
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