A proposta de executar a médica Milena Gottardi, 38 anos, foi aceita por Dionathas Alves Vieira, 25, após a promessa de recompensa de R$ 2 mil. Segundo ele, durante a negociação, ficou combinado que a quantia seria entregue depois do crime. No entanto, o acusado afirma que nunca recebeu o dinheiro.
A afirmação foi feita por ele com exclusividade para a reportagem do Gazeta Online. Milena foi baleada no dia 14 de setembro de 2017, no estacionamento do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), em Vitória. Ela teve a morte declarada no dia seguinte.
O inquérito aponta que o policial civil Hilário Frasson e o pai dele, Esperidião Frasson, foram os mandantes do crime. Eles teriam contratado dois intermediários, Valcir Dias e Hermenegildo Palauro Filho - conhecido como Judinho-, para ajudar na execução e encontrar um atirador. Dionathas é apontado como a pessoa que realizou o disparo. Ele, por sua vez, solicitou ao cunhado, Bruno Broetto, uma moto, que foi usada no dia crime.
Na entrevista, Dionathas disse que conhecia Valcir e Hermenegildo de vista porque todos moravam em Timbuí, em Fundão. “O Judinho perguntou se eu tinha coragem de cometer um delito. Na hora eu estava brincando com os meus amigos e disse que tinha coragem. Depois eu comecei a enrolar”, contou.
Dias antes do crime, ele contou que foi com Valcir encontrar com o ex-marido da médica, Hilário, em um posto de gasolina. “Eu cheguei no carro eu vi um colete, me assustei porque estava escrito DHPP. Eu queria me afastar, ele (Hilário) disse que eu poderia entrar porque estávamos todos juntos", relatou.
UM DIA ANTES DO CRIME
No dia 13 de setembro de 2017, após trabalhar em Maria Ortiz, em Vitória, como ajudante de pedreiro, Dionathas foi para Timbuí. Segundo o assassino confesso, ele conversou com os dois intermediários, que queriam a execução do crime para o dia seguinte.
Por causa disso, ele afirma que pegou a moto com o cunhado, Bruno Broetto, e seguiu novamente para Maria Ortiz. Por volta das 17h30, depois do trabalho, foi para o hospital. Dionathas chegou de blusa, calça e bota pretas. Segundo ele, Hermenegildo e Valcir estavam de carro.
Ainda de acordo com a versão de Dionathas, os dois mostraram para ele quem era Milena. “Eles me entregaram a arma. Quando ela estava vindo, me mandaram sair do carro. Eu disse para terem calma, mas eles alteraram a voz. Eu peguei e saí”, disse.
Depois do crime, Dionathas diz que voltou para Maria Ortiz, trabalhou no dia seguinte e depois foi para Timbuí. No local, ele foi preso dois dias depois.
O atirador diz que nunca cometeu outro assassinato. Entretanto, ele foi condenado por roubo em 2017. O fato ocorreu em outubro de 2016, em Ibiraçu, quando ele e o comparsa abordaram um caminhoneiro e levaram duas baterias do veículo.
PRISÃO
Prestes a completar dois anos de prisão, Dionathas se encontra no Centro de Detenção Provisória de Guarapari (CDPG), onde divide cela com mais cinco detentos. O presídio abriga atualmente 1.029 presos em cinco galerias. O assassino confesso está na Galeria D, onde ficam 48 criminosos de alta periculosidade.
Dionathas afirma que passa a maior parte do tempo lendo a Bíblia. Durante três vezes na semana (quarta-feira, sábado e domingo), ele participa do banho de sol. Na prisão, contou que começou a fazer o uso de remédios para dormir.
“Eu fui batizado com 12 anos na Igreja Batista. Depois eu desviei da igreja, continuei vivendo uma vida normal. Aqui dentro que eu comecei a ler novamente a Bíblia. Quando estou lendo, fico me olhando e pensando qual foi a coragem que eu tive de matar uma pessoa. Fico me xingando”, comenta.
As únicas visitas semanais que recebe são da mãe e de irmãos. O filho de 5 anos foi apenas quatro vezes ao presídio. “A sensação é boa e ao mesmo tempo ruim. Ruim porque eu estou aqui e a outra boa que é que ele veio me ver mesmo estando nesse lugar. Ele veio e me reconheceu, chorou e eu também chorei muito”, contou.
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