Menina do sorriso tímido em fotos, Isabela Negri Cassani era uma estudante dedicada, cursando o primeiro ano do Ensino Médio do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), que nos anos 90 ainda chamava-se Escola Técnica Federal (Cetefes), em Jucutuquara, Vitória. Filha única de pais separados, mas que eram presentes na vida dela, a adolescente de 15 anos era tranquila, gostava de ler e era preocupada com a vida escolar.
Foi exatamente por causa da escola nova que Isabela começou a andar de ônibus sozinha para fazer o percurso de ida e volta para casa. Em 24 de outubro de 1999, ela deixou no quarto a mochila e o tênis da escola, e saiu vestindo calça moletom e uma camisa azul larga. A adolescente embarcou em um coletivo para ir até o Centro de Vitória, onde morava uma amiga. No entanto, só apareceu no dia seguinte, morta na Baía de Vitória.
A estudante morava em um apartamento em Jardim da Penha, Vitória, junto com a mãe, Risa Márcia Lopes Negri, o padrasto Nelson Hespanha Borges Filho, e dois filhos dele. A mãe contou, na época, que conversava muito com a filha e a orientava em relação aos perigos, inclusive a ensinou a pedir informações em estabelecimentos comerciais caso se perdesse. Fato que a emocionou, dias depois, quando a Polícia Civil divulgou as imagens de Isabela perdida, com cabelos lisos amarrados e óculos de grau, pedindo informações em uma loja de conveniências, na Beira-Mar, em Ilha de Santa Maria.
Era o último registro da estudante viva. Nas imagens, Isabela aparece ainda carregando uma bolsa a tiracolo, usava um relógio de pulso pequeno, óculos de grau e um piercing mínimo no nariz.
No relacionamento com a mãe, a amizade e a confiança eram elos fortes, segundo disse a própria Risa para a polícia, no começo das apurações do crime. Ela relata que a filha gostava de locais calmos, não era de participar de muitas festividades e que tinha alguns hobbies: andar a cavalo, tomar banho de cachoeira, ouvir música e ler.
Num mundo de 20 anos atrás, a adolescente de 15 anos era extremamente caseira. Não tinha namorados, segundo a família, e nas poucas vezes que saía de casa, não o fazia desacompanhada. Ou era na companhia dos familiares, dos colegas da escola ou dos amigos da igreja.
O ambiente da igreja, aliás, era muito frequentado pela menina, atuante na Igreja de Cristo. Às quartas-feiras, Isabela saía do colégio direito para o local, onde encontrava a mãe participando do culto do dia. Elas retornavam juntas às 20h30.
Muitos laços de amizade da menina eram com integrantes da igreja. Encantada com a língua inglesa, a estudante se tornou grande amiga da missionária norte-americana Leann Colleen Gridley, que tinha 25 anos na época. As duas estudavam a Bíblia juntas e tinham uma relação próxima. Leann chegou a comparecer ao aniversário de 15 anos de Isabela. A adolescente já havia dormido na casa da missionária outras cinco vezes.
Na noite do domingo, 24 de outubro, Isabela estava em casa acompanhada da empregada da família. A mãe e o padrasto tinham ido para um sítio em Pedro Canário, no Norte do Estado. A adolescente teria tentado falar com a mãe várias vezes para pedir permissão para ir dormir na casa de Leann. A mãe dela também havia tentado entrar em contato com a filha durante o dia, mas das vezes que conseguia falar com a casa - na época não se tinha telefone celular - Isabela estava no culto ou em um churrasco com colegas da igreja. Com o conhecimento da empregada, a garota saiu de casa à noite e nunca mais retornou.
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